Mulher de 49 anos está grávida de gêmeos

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Mulher de 49 anos está grávida de gêmeos

Pacientes com essa idade têm 3% de chance de engravidar pela fertilização in vitro

A dez dias de completar 50 anos, Maria Ângela Rodrigues Lima tem um motivo a mais para comemorar. Ela desafiou as estatísticas e, por meio da fertilização in vitro, está grávida de gêmeos há 12 semanas.

gPara ter sucesso na gestação, a moradora do município, natural de Rosário do Sul, procurou uma clínica especializada em Porto Alegre. Casos como o de Maria são raros na Medicina. Ela é a segunda paciente com essa idade a ser atendida pela instituição. Conforme o especialista em reprodução humana, Marcos Höher, pessoas com idade próxima de 50 anos têm 3% de chance de engravidar por meio da fertilização in vitro.

Höher esclarece que a gravidez de Maria foi uma exceção, pois a partir dos 35 anos as mulheres perdem, gradativamente, a capacidade reprodutiva. Segundo ele, a medicina pode ajudar, mas não ao ponto de incentivar que as mulheres engravidem tão tarde.

Maria teve dois embriões implantados em seu útero que reagiram ao tratamento e geraram gêmeos bivitelinos (não idênticos). Apenas uma em quatro mulheres tem essa chance. Os hábitos saudáveis da paciente, a ausência de bebida alcoólica na sua rotina e a prevenção sexual contribuíram para o êxito do tratamento.

O fato de ela estar grávida de gêmeos aos 49 anos exige cuidados redobrados. O especialista orienta que, nesse caso, as pacientes devem aumentar a frequência de consultas a obstetras e pediatras. A verificação de pressão arterial, glicose, exame de toque, verificação do crescimento do útero, ecografias e acompanhamento nutricional precisam ser intensificados. Höher aconselha a prática de exercícios específicos para gestantes com orientação médica.

Presente ao marido

A ideia de engravidar surgiu há 12 anos, no segundo casamento. Maria queria “presentear” o marido Evandro Limberger, 42, que tem vontade de se tornar pai. Foram muitas tentativas e, no início do ano, ao se aproximar da menopausa, Maria resolveu pedir auxílio médico na clínica de inseminação artificial. A fertilização ocorreu com espermatozoides e óvulo do casal.

Com o apoio dos filhos, ela pesquisou sobre o assunto na internet e decidiu arriscar. Depois de dois meses de tratamento e uma série de exames, a confirmação da gravidez veio na primeira tentativa. “Essa foi a maior prova de amor que ela pôde me dar”, diz o marido.

Uma trajetória marcada por superações

Por trás de tantos sorrisos, ela guarda lembranças de um tempo difícil desde a infância. Quando tinha 1 ano, ela e os três irmãos foram abandonados pelo pai. Dezesseis anos depois, Maria dava à luz seu primeiro filho.

Foram quatro filhos no primeiro casamento, que durou 16 anos. Maria nunca pôde trabalhar fora. Precisou cuidar dos filhos, em especial da menina do meio, que teve meningite aos 3 meses e ficou em estado vegetativo até os 13 anos, quando morreu.

Depois disso, Maria pensou em fazer laqueadura tubária para evitar uma gravidez não planejada. Porém, desistiu. “A médica disse que eu era muito nova e poderia encontrar outro marido que talvez quisesse ter filhos”, relembra. E foi o que ocorreu. Há 12 anos, Maria se casou pela segunda vez.

Dicas para uma gravidez saudável

– independentemente da idade, não procure tarde demais ajuda médica na dificuldade de engravidar; pessoas de até 30 anos, depois de um ano de tentativas falhas, devem procurar por um médico especializado para analisar o funcionamento do sistema reprodutor;

– não postergue demais a maternidade. A idade feminina recomendável para pedir auxílio clínico é de 30 a 35 anos;

– não fumar, não ingerir bebidas alcoólicas e manter hábitos saudáveis favorece a fertilização.

Saiba mais

A técnica de fertilização in vitro consiste na implantação de embriões no útero da paciente que podem ser dos pais verdadeiros ou de doadores. No caso de Maria, o óvulo e espermatozoides coletados foram acoplados e passaram por uma fase de maturação, em média três dias, antes da inseminação.

O valor do tratamento varia de acordo com o paciente, dependendo do número de tentativas e método utilizado. Clínicas privadas trabalham com programas assistenciais, oferecendo um tratamento mais acessível a pessoas de menor renda familiar.

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