A falta de locais para despejar os entulhos resultantes da construção civil revela uma realidade preocupante na região. Empresas responsáveis pelo recolhimento do material utilizam áreas verdes e até beiras de rodovias para depositar as cargas de forma criminosa.
A administração municipal descarta a construção de um local apropriado para as descargas. A implantação de um plano de saneamento surge como alternativa.
Conforme estudo realizado pela arquiteta Adriana Machado Nunes, em 2010 cada pessoa produziu cerca de 3,46 vezes mais resíduos de construção e demolição do que sólidos urbanos. Segundo ela, considerou-se o quantitativo de entulho gerado por novas edificações e por reformas, ampliações e demolições recolhido por tele-entulhos.
Ela comenta que o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) estabelece critérios para gestão desses resíduos. Diz que uma das resoluções propõe um sistema que visa reduzir e reutilizar o material descartado. “Em Lajeado, o assunto será considerado no plano de saneamento.”
Responsável pela Secretaria do Meio Ambiente, Simone Schneider critica empresas pela falta de planejamento no descarte dos materiais. “Nosso trabalho é fiscalizar. Mas as empresas precisam entender que o desperdício é grande, e poderia gerar economia.”
Ela confirma que no plano de saneamento haverá exigências para novas construções. Entre elas, um projeto de manejo dos entulhos gerados pela obra.
Exemplo positivo
O Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Pró-Sinos) inaugurou, em maio, sua Usina de Reciclagem de Resíduos da Construção Civil. Segundo o assessor técnico Maurício Prass, o projeto orçado em R$ 2 milhões beneficia os 26 municípios consorciados ao Pró-Sinos, transformando seus resíduos em matéria-prima e gerando economia de recursos naturais e financeiros.
A usina de reciclagem foi construída com recursos fornecidos pela Fundação Banco do Brasil, BNDES, Pró-Sinos e administração municipal de São Leopoldo. Ela terá um britador móvel que poderá ser transportado para outros municípios e suportará de 25 a 30 toneladas de resíduos por hora. Também haverá um britador fixo no local, capaz de reciclar cerca de 60 toneladas a cada 60 minutos.
Serão reciclados materiais como pedra, tijolo e cimento. As cidades que participam do consórcio poderão comprar os produtos, como brita e areia, com 50% de desconto. Empresas de recolhimento de entulho também poderão depositar o material na usina, mediante pagamento.
Saiba mais
O descarte desses materiais em locais inapropriados degrada o ambiente, causa assoreamento de rios e agrava problemas como de drenagem e inundações. Segundo relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o fato do material não ser reciclado gera uma perda próxima de R$ 8 bilhões.
Este mesmo estudo mostra que a construção civil e a demolição representam 61% dos resíduos sólidos gerados no país, correspondendo a 90 milhões de toneladas de lixo por ano.