O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e a administração municipal entraram em consenso sobre a restauração da ponte sobre o Arroio Boa Vista. Em audiência que ocorreu ontem no Ministério Público (MP), resolveram formar uma parceria para custear a obra.
Conforme o promotor de Justiça, Daniel Cozza Bruno, o acerto evita a abertura de um processo judicial. Explica que a formalização ocorre no dia 2 de julho, quando será assinado o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
Segundo o promotor, o Daer será responsável por 90% dos serviços, que incluiu a reforma da base, troca das madeiras e mão de obra, enquanto o município repassa materiais de construção, como cimento, cargas de areia e de brita.
A decisão põe fim a um impasse que durava três meses. Em março, a autarquia solicitou a interrupção da passagem devido ao risco de acidentes. No documento, o Daer alegava que a ponte era responsabilidade do município.
Esse comunicado irritou o prefeito Celso Brönstrup, que procurou o MP para exigir o comprometimento do estado na reforma. Na ocasião, ele questionava a formalização do repasse da estrutura para o patrimônio do município.
Obra começa em 20 dias
Conforme Brönstrup, a Secretaria Municipal de Obras começou o levantamento para a compra dos materiais. “Em 20 dias esperamos começar a recuperação.”
Depois de finalizado o conserto, tanto a ponte quanto a estrada de acesso serão de responsabilidade do governo municipal.
População comemora acordo
Comerciantes do Boa União amargam redução nas vendas desde o fechamento da ponte. Na farmácia de Helciane Antoniolli, o movimento caiu cerca de 30%. Com a decisão, ela espera que os clientes dos municípios de Colinas e Imigrante retornem.
Para o proprietário de um açougue, Edemar Gomes Mai, a decisão deveria ter sido tomada antes. “Por que esperaram tanto. Era só ver o estado da ponte.”
A entregadora Jaqueline de Vargas conta que antes percorria o trecho entre o bairro Boa União e o Boa Vista em 15 minutos. Agora,
o tempo para entrar na BR-386, fazer a volta por Lajeado, ultrapassa meia hora.
A interrupção do trânsito obriga os motoristas que vem de localidades do interior e dos municípios vizinhos a passar pela rua Ministro Adauto Lúcio de Carvalho, no bairro Boa Vista. Isso intensificou o fluxo de veículos no trecho e gerou inconformidade dos moradores.
O mecânico Fábio Huppes não acreditava no acerto entre Daer e município. “Achei que nunca mais iam abrir a ponte.” Ele mora próximo da estrutura e conta que passava no local quase todos os dias. Para ele, as dificuldades geradas pelo excesso de veículos pela rua acabará.
Outro aspecto relacionado são os riscos de acidentes. A rua tem uma via estreita, com curvas fechadas. Muitos motoristas ultrapassam o limite de velocidade que é de 50 quilômetros por hora.