Os três dias seguidos de geada trouxeram prejuízos aos agricultores. Conforme o engenheiro agrônomo da Emater de Porto Alegre, Odilon Soares da Costa, até esta sexta-feira será divulgado um levantamento sobre as perdas causadas pelo frio. Adianta que a cultura mais afetada é a de hortigranjeiros.
Cita que as maiores preocupações são com a oferta de pasto e o aumento do custo de produção, principalmente na pecuária de leite. “Com a estiagem os produtores tiverem dificuldade em semear as forrageiras. A quebra de produção será inevitável.”
Da Costa observa que muitos agricultores recorrem à compra de ração para complementar a alimentação do gado. Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arroio do Meio, Áureo Scherer, alguns municípios estudam a possibilidade de incluir as perdas provocadas pela geada no decreto de emergência emitido há alguns meses devido à estiagem.
O agricultor Heitor Schmökel contabiliza R$ 3 mil em perdas com a geada que queimou a plantação de sorgo e a cana de açúcar que seria cortada para alimentar os 21 animais.
Ainda prevê uma redução de até 25% na produção de leite. Observa que os custos com ração aumentarão com a falta de pasto. “Não posso deixar o gado morrer.”
Situação semelhante vive o produtor Breno Wernerer, que perdeu 80% da lavoura de 2 hectares de milho safrinha que seria destinada para a realização de silagem. “Sobrou quase nada de pasto verde.”
Preços sobem
A Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa) informa que o preço dos hortigranjeiros deve aumentar na próxima semana em função da forte geada.
Com a ocorrência do fenômeno, parte das plantas foi queimada, comprometendo a oferta de algumas variedades como: rúcula e alface. O frio também prejudica o desenvolvimento das plantas. No estado, apenas 5% dos 4,5 mil hectares de hortigranjeiros são protegidos por estufas, tornando os aumentos rotineiros a cada inverno.
Para tentar escapar dos efeitos das intempéries, o produtor pode trocar as variedades de verão pelas de inverno, sendo esta a principal medida.
Falta de chuva persiste
Conforme o Informativo Conjuntural divulgado pela Emater/RS-Ascar na última quarta-feira, o plantio das culturas de inverno, como trigo, cevada, canola e pastagens, tem sido prejudicado pela falta de umidade.
Apenas 12% da área de trigo está semeada. Em 2011, 25% já foi plantada. O plantio das lavouras de canola está chegando ao fim. As áreas que estão em fase de germinação, são prejudicadas pela falta de chuva.
A produção de leite apresenta redução de até 50% em algumas regiões devido à estiagem, que afetou a produção das pastagens anuais e perenes e atrasou a implantação e o desenvolvimento das pastagens de inverno.
O preço do leite tem se mantido estável, enquanto os insumos comprados para complementar a alimentação continuam elevados. Quase todos os produtores usam silagem, grãos, farelos e rações para complementar a alimentação dos rebanhos. Os preços do litro variaram entre R$ 0,47 a R$ 1.
Em todas as regiões, a disponibilidade de água é escassa, sendo que em muitos municípios as administrações municipais continuam transportando água para as propriedades.