Dirigir nos horários de maior movimento virou um problema aos motoristas que necessitam cruzar a ERS-130, nas imediações da rótula em frente à empresa BR Foods.
Engarrafamentos ultrapassam 500 metros e envolvem mais de 50 veículos. Em alguns casos, os motoristas chegam a ficar parados mais de 15 minutos. Tempo médio para se deslocar da rótula até o centro de Santa Clara do Sul, a 13 quilômetros.
O problema prejudica tanto quem acessa a rodovia pela Rua Carlos Spohr Filho, saindo de Lajeado, como os motoristas que se deslocam da ERS-413, estrada que leva a Santa Clara do Sul.
O movimento intenso de veículos, em especial às 7h30min e às 18h, e a falta de opções para desafogar o tráfego irritam os motoristas que utilizam o trecho para ir ao trabalho.
A cozinheira Lurdes Eckerdt, 53, que reside no bairro São Bento, ficou mais de 20 minutos “presa” no trânsito na semana passada. Saiu de casa por volta das 7h30min e enfrentou congestionamento a cerca de 500 metros da rodovia, em frente ao Jardim Botânico de Lajeado.
Ela solicita uma solução emergencial antes que aconteçam mortes no trajeto. Uma das medidas citadas por Lurdes é a instalação de pelo menos uma sinaleira para amenizar os transtornos até ser encontrada uma alternativa definitiva, como a construção de um viaduto.
Todos os dias, sua filha sai de casa para trabalhar. “Temo pela segurança dela. Uma das minhas filhas morreu em um acidente de trânsito há alguns anos. Não quero que o mesmo aconteça com a outra.”
O proprietário de um mercado em frente à rótula que dá acesso ao bairro Moinhos da Água, Adriano Zanotelli “perdeu as contas” do número de acidentes que presenciou durante os três anos que tem o estabelecimento. “Algumas vezes é por imprudência, outras pelo engarrafamento e por falta de um local propício para os pedestres.”
Zanotelli ressalta que no local há uma faixa de pedestres, mas que ninguém dá a preferência para que as pessoas possam atravessar a rodovia. Reforça a importância de uma passarela.
A Polícia Rodoviária Estadual (PRE) não soube precisar o número de acidentes. Informou apenas que a maioria envolve danos materiais.
Daer responsabiliza município
O superintendente regional do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), Hildo Mourão informa estar autorizado apenas a realizar a manutenção das rodovias. A construção de passarelas, viadutos e quebra-molas, por exemplo, são de responsabilidade do Executivo. “Afinal, são eles que recebem o IPTU dos moradores e das empresas locais. A nossa parte estamos fazendo.”
Mourão observa que se a administração municipal deseja construir uma passarela no local ou um viaduto é necessário contatar o departamento para analisar a possibilidade legal. Segundo ele, a proposta será avaliada, pois querem a segurança de todos.
Executivo rebate
O secretário de Governo de Lajeado, Isidoro Fornari contesta a posição do Daer. Ressalta que a via é utilizada por motoristas de diversos municípios e que o departamento arrecada impostos para fazer tais obras.
Fornari enfatiza que o município busca soluções para o caso. Há cerca de um mês, ocorreu uma audiência com o secretário estadual de Obras, Beto Albuquerque, envolvendo diversas líderes regionais para pleitear um estudo sobre a duplicação da rodovia de Muçum até Venâncio Aires.
Cita que o estado fará uma avaliação técnica para verificar quais as reais necessidades de melhorias.
No Boa União, túnel fica na promessa
Enquanto a administração municipal aguarda recursos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para a construir um túnel ligando os bairros Boa União e Estados, a tranqueira persiste.
Depois das 17h30min, os motoristas enfrentam problemas para se deslocar entre a rodoviária e o bairro Boa União. O intenso fluxo de veículos provoca engarrafamentos. Motoristas chegam a ficar 15 minutos parados à espera de uma oportunidade para prosseguir a viagem e entrar no bairro.
O vendedor Nestor Wünsch, 40, transita todos os dias pelo local. Afirma que os congestionamentos são frequentes. “Algo precisa ser feito. É inviável termos diariamente essa tranqueira.”
A moradora de Novo Paraíso, Maqueli Quadra trabalha no bairro Imigrantes e passa todos os dias pelo trecho. Conta que o movimento intenso também ocorre ao meio-dia, quando volta para almoçar em casa.
Em 2010, diversas adequações foram feitas no projeto que previa a construção do túnel no local. No entanto, o órgão federal não fez nenhuma nova licitação desde outubro de 2011. O Dnit foi procurado, mas não respondeu à reportagem.
Viaduto ameniza, mas não resolve
Os congestionamentos nas imediações do Posto do Arco, ligação de Lajeado com Arroio do Meio, são diários. Nos horários de pico, sobretudo no fim da tarde, a fila de veículos se aproxima a um quilômetro. Moradores apontam que o viaduto construído no local é insuficiente para resolver o problema.
Um dos principais problemas ressaltados por moradores e motoristas se refere às sinaleiras que, segundo eles, deveriam ser programadas de acordo com cada horário do dia. “É pouco tempo para cruzar a pista, daí o sinal fecha e todo mundo fica trancado”, observa o borracheiro Lóris Dionísio, 39, que trabalha em frente ao local há mais de 17 anos.
Ele perdeu as contas de quantos acidentes aconteceram naquele trecho da ERS-130 nos últimos meses. Acredita que a única solução seria construir uma pista elevada no local. “Fizeram o viaduto para quem vai a Univates, mas só resolve o problema lá. Aqui na frente tá (sic) uma bagunça.”
Dionísio informa que os piores horários são das 6h40min às 8h e das 17h15min às 19h30min. Segundo ele, a maior dificuldade é no fim da tarde, quando junta o movimento da Univates com os trabalhadores que voltam aos bairros ou se deslocam a Arroio do Meio. “Tem horas em que os carros ficam parados e o percurso, que pode ser feito em um minuto, leva mais de 20.”
O secretário de Governo de Lajeado, Isidoro Fornari observa que nos últimos anos a frota cresceu e não se obteve o mesmo desenvolvimento em infraestrutura na ERS-130. Hoje trafegam pelas ruas 49,6 mil veículos, sendo 1,4 habitante por veículo.
Fornari enfatiza que resta concluir a parte inferior do viaduto, o que deve ocorrer em menos de 15 dias. Com isto, a projeção é que o problema seja eliminado. Quanto às sinaleiras, ressalta que foram construídas pela Concessionária Sulvias em parceria com o Daer. “Como isto vai ser resolvido eu não sei, mas a responsabilidade desta obra é do estado. A nossa parte, que é o viaduto, nós fizemos (sic).” O Daer não se manifestou sobre o assunto.