“Se não vendermos cerveja, não tem festa”

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“Se não vendermos cerveja, não tem festa”

Conselheiro de Grêmio Estudantil admite desrespeito à norma da 3ª CRE

aO registro de uma bri­ga e pelo menos dois adolescentes embria­gados durante uma festa arranharam a imagem da Escola Estadual de Ensino Médi Reynaldo Affonso Augustin. Pro­movida pelo Grêmio Estudantil, a festa teve a venda de bebida alcoólica, desrespeitando uma regra da 3ª Coordenadoria Re­gional de Educação (CRE).

A norma, estipulada em 2011 pela coordenadora Marisa Bas­tos, proíbe essa ação em qualquer evento destinado aos alunos. Foi a maneira encontrada para evi­tar que menores de 18 anos fi­cassem alcoolizados durante as festas de escolas.

Moacir Petters, professor de História e conselheiro do Grêmio Estudantil, admite o desrespeito. Atribui a negligência à ingenui­dade, pois não teve ocorrências nos últimos dois eventos coorde­nados pela entidade de alunos.

Para ele, a polêmica só ocorreu porque a Brigada Militar (BM) fez um registro. Acrescenta que, em edições anteriores, ocorreu a ven­da de bebida alcoólica dentro da festa. “Se não vendermos cerveja, não tem festa porque o pessoal não vai (sic)”, desabafa Petters.

Quanto à embriaguez de alguns adolescentes, diz que a responsabi­lidade é dos adultos que estavam no local. Todos estavam acompa­nhados de um responsável com mais de 18 anos. “Eram 1,2 mil pessoas, não tem como controlar todo mundo.” A copa foi gerencia­da pelo proprietário do salão, alu­gado pelo Grêmio Estudantil.

Petters afirma que viu apenas dois adolescentes alcoolizados na festa. Um deles, de 14 anos, teve de ser buscado pela mãe por vol­ta da 1h40min de domingo.

Briga e barulho

Outros dois motivos geraram incômodos para a organização. O caso mais grave foi a de Eziel Fontoura de Oliveira, 21. Envol­vido em uma briga dentro do local da festa, teve um corte na sombrancelha. Foi encami­nhado ao Hospital Ouro Branco (HOB) por volta das 2h15min e em menos de 20 minutos esta­va liberado.

Petters ressalta que as brigas não tiveram alunos da Reynaldo Affonso Augustin. Estima serem convidados de algum estudan­te, visto que os ingressos foram vendidos à comunidade – com um mês de antecedência, 800 fo­ram comprados. Ele desconhece o motivo do tumulto.

A BM foi ao local depois de ser avisada pelos seguranças, por volta das 2h10min. Conforme o tenente Marco Antônio Frank, a briga poderia ter sido evitada. A corporação faria uma ronda mais intensa no local, mas não foi avisada pela organização da festa. Petter concorda. Admite que o ofício não foi encaminha­do, pois acreditava que o dono do salão o fizesse – como nos anos anteriores.

Moradores próximos do local da festa reclamam da poluição sonora. O aposentado Harry Trentini, 78, afirma que este problema é comum quando há evento. “As nossas janelas tre­mem com tanto barulho.” Tren­tini pede providências do Minis­tério Público (MP) para evitar os transtornos.

Para o professor, a reclamação é infundada. Cita como exemplo a associação da Mimi, onde as festas também têm som elevado, mas que não sente incomodado com o barulho.

Lucro revertido para a escola

A festa foi lucrativa para o Grêmio Estudantil, que arrecadou cerca de R$ 7 mil. A entidade só recebe o dinheiro referente à venda de ingressos – as bebidas ficam na conta do proprie­tário do salão.

Petters afirma que essa é a única maneira dos alu­nos ganharem dinheiro. O montante é revertido para os estudantes. Parte da arrecadação tem destino certo: será usado para a inscrição no Fórum Social Mundial (FSM), que ocorre em Porto Alegre.

O professor cita outros investimentos feitos pelo Grêmio Estudantil: a aber­tura de uma sala de infor­mática com cinco compu­tadores e o investimento de R$ 900 para a compra de livros para a biblioteca. Nas três edições da festa, foram arrecadados em tor­no de R$ 18 mil.

Cobrança

Uma reunião entre a diretoria da Reynaldo Affonso Augustin e a coordenadora de educa­ção, Marisa Bastos, ocorreu na manhã de ontem. Marisa soli­citou mais informações sobre a festa como: quem promoveu e se tinham autorização.

De acordo com a coor­denadora, todas as festas escolares precisam ser in­formadas para a 3ª CRE. A diretoria tem até hoje para encaminhar os documentos solicitados para a apuração.

Petters se surpreendeu com a repercussão. Considera o ocorrido pequeno, pois fo­ram casos isolados. Reclama que é comum os eventos da escola serem criticados pela comunidade. Mas, reconhece que a festa pode ser proibida no próximo ano.

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