Seco é condenado a mais 21 anos de prisão

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Seco é condenado a mais 21 anos de prisão

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

José Carlos dos Santos, o “Seco”, 33, teve ampliada sua pena em mais 21 anos e dois meses nessa quinta-feira. Um total de 207 anos de prisão. Como a lei penal bra­sileira determina que o preso fique no máximo 30 anos em reclusão, ele tem data marcada para sair da penitenciária: 24 de fevereiro de 2037.

Seco está preso desde o dia 13 de abril de 2006 e enfrentou três julgamentos: um em Santa Cruz do Sul e dois em Teutônia. Suas condenações são por pelo menos 18 crimes cometidos desde 2002, todos relacionados a roubo de carro-forte.

Entre as acusações estão pelo menos oito tentativas de ho­micídio; roubos de veículos, a pedestres e bancos; porte ilegal de arma de fogo e receptação de veículo clonado.

Quando foi preso em 2006, Seco estava com um arsenal de guerra: um fuzil automático AK47 de fabricação chinesa, um fuzil automático FAL argentino, duas pistolas nove milímetros, uma pistola ponto 40 e uma granada sem detonador.

Estes crimes foram relacio­nados na quinta-feira. O júri popular durou 14 horas, co­meçou às 9h30min e terminou às 23h30min. No início foram escolhidas as sete pessoas que compuseram a mesa dos ju­rados. Depois de quase uma hora, às 10h30min, começou o julgamento.

As cadeiras destinadas para assistir o júri foram ocupadas por representantes do Tribu­nal de Justiça e por quatro familiares dos réus, conforme determinação judicial. A im­prensa foi proibida de acom­panhar o processo.

Durante a manhã, os jura­dos ouviram o depoimento das três testemunhas de defesa, entre elas a mulher de Seco, e das cinco testemunhas de acu­sação. À tarde, o promotor de acusação Jair João Franz ex­planou seus quatro volumes com 800 páginas de processo contra Seco. A defesa foi feita pelo defensor público Rafael Silveira Dourado.

Junto com Seco foi julgado o comparsa Carlos Eduardo Fer­nandes Moreira, o “Gordo”, pre­so com ele no posto do Rosinha, em Paverama.

Acidente na volta para penitenciária

Na volta para a penitenciária, a viatura que fazia a escolta de Seco se envolveu numa colisão em Fazenda Vilanova, tendo três feridos. O acidente foi no km 366 da rodovia, no trevo de acesso à Via Láctea. Um Chevrolet Prisma da Susepe foi atingido por um ca­minhão-baú quando atravessava a BR-386. Mas, a polícia descarta qualquer possibilidade de tentati­va de resgate dos criminosos.

Ficaram feridos o motorista do veículo, Alexandre Guima­rães de Fraga, 36, de Cachoeiri­nha; Fábio Cidade Miranda, 34, de Porto Alegre e Nilton Carlos Pereira, 35, de Gravataí.

Um batalhão para guardar um homem

A mobilização da Superin­tendência de Serviços Peniten­ciários (Susepe) para evitar o resgate do ladrão de carro-forte foi maior que em 2009, primeiro júri na cidade.

Conforme o comandante do Núcleo de Segurança e Discipli­na – Divisão de Segurança e Es­colta (NSD-DSE) da Susepe, Feli­pe Molina, neste ano houve mais fatores que fizeram o órgão reu­nir mais policiais e agentes.

Ele diz que o criminoso é co­nhecido, perigoso, foi a última vez que saiu da penitenciária para um júri e durante a semana o serviço de inteligência recebeu informações de que um grupo do Paraná tentaria resgatá-lo.

Além de 25 homens da NSD-DSE, estiveram presentes mais de 15 policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) com ati­radores de elite; 30 policiais mi­litares, cinco seguranças do Tri­bunal de Justiça, mais homens do canil e policiais civis.

A escolta de Seco até a cidade foi feita por mais de oito viatu­ras. A equipe saiu de Charque­adas às 7h com uma rota pro­gramada, depois de 15 minutos na rodovia tiveram que mudar o caminho devido a um aciden­te na BR-386. Com mais de uma hora de atraso do estipulado, o comboio chegou com o crimino­so às 9h12min.

Um forte aparato policial cer­cou todo o prédio. Para entrar nele as pessoas tiveram que se submeter a revistas e detectores de metais. Do lado de fora, agen­tes discretos filmaram as pesso­as que rodeavam o local.

Crimes cometidos no dia da prisão, em 2006, em Paverama:

– Quatro tentativas de homicídio contra policiais do De­partamento Estadual de Investigações Criminais (Deic);

– Receptação de um Audi roubado;

– Porte ilegal de armas: fuzil automático AK47, um fuzil automático FAL argentino, duas pistolas nove milíme­tros, uma pistola ponto 40 e uma granada;

– Uso de documentos falsos.

Familiares participaram aflitos

Neste julgamento, a juíza Ângela Lucian autorizou a participação de apenas qua­tro familiares. Da família de Seco participaram a mulher Michele Oliveira de Morais, que também foi testemunha de defesa; e a mãe Sônia Maria da Silva. Por parte de Gordo participou a mulher Sabrina Pereira.

Sabrina e Sônia acompa­nharam todo o julgamento e entraram na sala do júri de­pois da escola dos jurados, às 10h30min. Ambas passaram por uma revista minuciosa em uma sala reservada. A mulher de Seco ficou ao lado das testemunhas e pôde acompa­nhar o processo só depois de encerrar sua participação.

Os familiares sabiam que a condenação era certa, mas ainda tinham esperanças de absolvição. “Sempre acredita­mos no melhor”, diz a mulher de Gordo, Sabrina. Segundo ela, a filha de 3 anos pergun­ta pelo pai. Acredita que se o marido fosse absolvido pode­ria entrar no regime semiaber­to daqui a dois anos e voltar a vender carros. Gordo soma agora 69 anos de reclusão.

A mãe de Seco acompa­nhou o julgamento doente. De cabeça baixa, sentindo uma forte dor de ouvido, ela disse que sempre torce pelo melhor para o filho e que não tem pa­lavras para descrever o sofri­mento de ver ele na cadeia.

Em depoimento a mulher de Seco reafirmou que ele é inocente, que tudo o que dizem sobre ele é mentira. Desde a prisão de Seco, ela foi ameaçada diversas vezes devido dinheiro roubado nos anos de crime do marido, o qual segue desaparecido.

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