Escassez de água ameaça abates e alojamentos

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Escassez de água ameaça abates e alojamentos

A seca que se alastra por dez meses no estado pode reduzir a oferta de matéria-prima em alguns abatedouros da região e do estado. A falta de água faz alguns produtores e empresas planejarem a suspensão do aloja­mento e do abate.

A situação mais grave está na Serra Gaúcha e no Vale do Ta­quari. Conforme José Eduardo dos Santos, diretor executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), algumas empresas têm dificuldade até para conseguir água para cumprir as normas de higiene determinadas pelo Minis­tério da Agricultura. “Se a situa­ção não se normalizar em breve, será impossível manter o abate em níveis normais.”

Santos cita que alguns frigorí­ficos fazem o transporte de água, garantindo a oferta necessária para manter as máquinas em funcionamento. Cálculos da as­sociação apontam que em virtu­de da seca, os abates no estado reduziram em 5%.

Cisterna secou

O produtor Romildo de Jesus, de Pinheirinho, em Canudos do Vale, há três anos investiu quase R$ 200 mil na constru­ção de um aviário para alojar 15 mil frangos.

Na época construiu uma cis­terna com capacidade de arma­zenar 300 mil litros de água. Era uma alternativa para a seca. Com problemas na estrutura, parte da água vazou.

Devido à estiagem, depende da água de fontes localizadas há quase dois quilômetros da pro­priedade para manter a criação. “Moramos a 450 metros acima do nível do mar. Perfurar um poço artesiano aqui é impossível”, co­menta a mulher Tatiana.

O consumo de água dos fran­gos na fase de terminação che­ga a 10 mil litros por dia. Se a estiagem persistir, o alojamen­to será interrompido.

Situação semelhante vive o avicultor Osmar Villa, de Alto Picada Serra, em Progresso. Para evitar a morte dos 15 mil fran­gos, depende do abastecimento diário de 5 mil litros de água do caminhão-pipa. O restante con­segue recolher em sangas. “É ter­minar este lote e parar.”

Produção será interrompida

Em Canudos do Vale, a falta de água pode interromper a produ­ção de dezenas de produtores. Conforme o técnico agrícola Ger­son Schaeffer, muitos produtores de frangos e suínos dependem do abastecimento do caminhão-pipa para manter o alojamento. “Precisa chover, senão muitos terão que parar de produzir.”

Para manter o abas­tecimento estável, a administração munici­pal amplia duas redes de água, uma em Alta Forquetinha e outra em Cangerana.

Schaeffer comenta que o município aguar­da a liberação de um recurso para perfurar outro poço artesiano em Nova Berlim para abastecer a comunida­de de Rui Barbosa, que concentra 60% da pro­dução de frangos.

Alerta que a situação é grave. Observa que as vertentes e açudes secaram. “Não temos como levar água para todos estes produtores e o que resta é inter­romper o alojamento.”

Saiba mais

As regiões da Serra e do Vale do Taquari juntas respondem por 54,7% do montante de aves destinadas ao abate. O consumo per capita da carne de frango no país aumentou 7,48% em 2011, chegando a 47,4 quilos ao ano.

Do total de 13.058.000 de to­neladas produzidas em 2011, 69,8% foram destinados ao mer­cado interno. No ranking mun­dial, o Brasil é o sétimo país que mais consome a proteína.

O consumo per capita de ovos cresceu 9,3% em 2011, passando para 162,59 unidades ao ano ou 9,76 quilos ao ano. A produção somou 31.554.000.000 de unida­des em 2011.

O país é o terceiro maior produtor mundial de carne de frango.

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