Frete para transporte de cargas aumenta até 30%

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Frete para transporte de cargas aumenta até 30%

Os empresários calculam os novos custos para o transporte de cargas. O Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logísti­ca (Setcergs) avalia o impacto da lei que regulamenta a profissão de motorista, em especial os ca­minhoneiros.

Sancionada em 2 de maio pela presidente Dilma Rousseff, a lei vigora a partir de 15 de junho. O empresário do setor, Valmor Scapi­ni estipula que o frete terá um au­mento de 30%. Atribui o resultado à “subutilização” dos veículos.

lA nova lei limita o uso dos ca­minhões. Agora, os descansos dos motoristas são obrigatórios. A duração máxima de uma viagem deve ser de oito horas diárias. A cada quatro horas, o intervalo é de 30 minutos e o tempo mínimo para as refeições é de uma hora.

Conforme Scapini, os empre­sários terão que comprar mais veículos e contratar mais pro­fissionais para atender a de­manda. Serão mais caminhões nas rodovias, mas o período de atividade será menor – pois, em alguns casos, a carga diária é superior a dez horas.

Outro fator é a capacitação dos caminhoneiros. De acordo com a lei, os cursos serão ofe­recidos pela empresa. A obriga­toriedade se refletirá no preço final ao consumidor.

Scapini ressalta que a legis­lação não se restringe apenas a motoristas e caminhoneiros. To­dos os envolvidos no transporte de carga – como o contratante – terão de respeitá-la.

Problema aumenta

Uma das carências no trans­porte de cargas é a mão de obra. Scapini alerta que a regu­lamentação aumenta este pro­blema. Considera que é comum encontrar motoristas desprepa­rados para a atividade.

Os empresários terão de en­contrar uma maneira de qua­lificar os empregados. Cita como exemplo a própria em­presa, que tem um curso de formação de caminhoneiros, com monitoramento de via­gens e instrutores.

Fiscalização

A lei determina no­vas maneiras de fis­calizar o descanso. As empresas podem esco­lher entre um diário de bordo, a folha-ponto, um sistema informati­zado ou o tacógrafo. Este tende a ser o mais usado, por registrar o período de trânsito de um caminhão, o tem­po que ficou parado e a velocidade.

Mas, a facilidade de burlar o sistema – se­gundo especialistas, há 30 maneiras – for­ça alguns empresários do ramo a investir em meios eletrônicos. Na transportadora de Sca­pini, uma ferramenta está em desenvolvi­mento e os caminho­neiros serão monitora­dos via satélite e pela internet.

Hoje, o GPS só per­mite saber onde o ca­minhão está e qual a rota usada, mas não se os profissionais res­peitam a legislação.

Caminhoneiros aprovam a lei

A 16 dias de vigorar, a regu­lamentação foi aprovada pelos caminhoneiros. Consideram um avanço para a profissão, pois diminuirá a pressão dos empre­gadores e dos clientes na entre­ga das mercadorias. “Demorou para essa lei chegar”, diz Eze­quiel Vegher, 40, de Barracão.

Há 20 anos na profissão, ele acredita que os acidentes envol­vendo veículos pesados dimi­nuirá, devido à obrigatoriedade do descanso.

O estrelense Valdir Barrow, 58, concorda. Para ele, os mais beneficiados serão os motoris­tas de viagens longas, com du­ração superior a uma semana. Agora, a cada 24 horas de via­gem o descanso é de 11 horas. Durante sete dias, o período é de 36 horas (confira detalhes no boxe).

Scapini concorda com o avan­ço. Antes, os caminhoneiros eram regidos pela Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). O texto proibia o controle dos pro­fissionais que faziam serviços externos. Com isso, os caminho­neiros poderiam fazer mais tra­balhos em menos tempo, tendo que usar drogas – como o rebite – para se manterem acordados.

Este é outro ponto positivo da lei: todos os profissionais são obrigados, em determinados pe­ríodos, a se submeterem a exa­mes para evitar o consumo de drogas e de bebidas alcoólicas.

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