A desistência de Ito Lanius (PMDB) de participar das eleições deste ano mudou o cenário político no município. A coligação de sete partidos que o apoiava como pré-candidato à prefeito se dispersou na segunda-feira, depois que a executiva peemedebista decidiu se coligar com Luis Fernando Schmidt (PT).
Lanius está inconformado com a sigla (leia entrevista no boxe). Considera-se acima do cargo de vice-prefeito – era o principal nome para compor a chapa em torno da pré-candidatura petista à prefeitura – e acompanhará a política de fora. O anúncio de não participar das eleições ocorreu na tarde de ontem.
O grupo formado por PC do B, PSDB, PPS, PV, PSD e PTB avaliam a melhor opção para o pleito. Alguns estão indecisos, como o PSD. O presidente da legenda, Vitor Hugo Gerhardt quer conversar com Lanius para pensar no rumo para esta eleição.
Por ter construído um plano ao lado do ex-pré-candidato, se reúne com o PSD na próxima semana para definir a nova composição.
Os petebistas estão quase acertados com o PT. O vereador Antônio Schefer, líder do PTB, afirma que falta pouco para se coligar. Para ele, a decisão do PMDB foi inteligente. “O nome do Ito não deslanchou durante quatro meses e a oposição não conseguirá a prefeitura se ficarmos divididos.” O anúncio deve ser feito até quinta-feira.
O PSDB, de Márcio Klaus, se reúne na próxima semana para estudar as possíveis coligações.
“Falta mais seriedade aos partidos”
Em situação semelhante ao PSD está o presidente do PV, André Kielling. Reclama da maneira como ocorreram as negociações. “Falta mais seriedade aos partidos políticos de Lajeado. Há muito jogo de interesse”, desabafa.
Ressalta que o cenário político lajeadense está indefinido. Apenas Schmidt foi lançado pré-candidato a prefeito. Os situacionistas, liderados pelo PP, aguardam uma posição oficial do ex-prefeito Cláudio Schumacher para definir a composição.
Kielling quer evitar o que chama “uma sopa de letrinhas”. Espera uma campanha em torno de projetos políticos. Porém, afirma que só se coligará com quem oferecer um espaço no governo para implementar as ações do PV.
PC do B próximo do PP
O advogado Daniel Fontana (PC do B) compôs a majoritária ao lado de Lanius. Era o pré-candidato a vice-prefeito. Com a decisão do PMDB, desconversa quanto ao futuro comunista.
Nega que esteja conversando com o PP, mas não descarta a possibilidade. “Antes estávamos contra o PT e o PP. Agora tudo é possível.” As negociações entre a senadora progressista Ana Amélia Lemos e a deputada federal Manuela D’Ávila (PC do B) à Prefeitura de Porto Alegre podem auxiliar na composição lajeadense.
Outra opção é se lançar como pré-candidato a prefeito. Mas, a alternativa só ocorrerá caso as propostas do PT e do PP forem desinteressantes.
O presidente do PPS, Paulo Roberto Delazen, não atendeu às ligações da reportagem.
“Não sou vice de ninguém”
A aliança entre sete partidos em nome de Ito Lanius como pré-candidato a prefeito de Lajeado foi formalizada em novembro de 2011. Seis meses depois, a coligação ruiu. A única oportunidade do ex-vereador era ser vice, tanto do PT quanto do PP, o que descarta. Confira a síntese da entrevista concedida ao jornal A Hora.
A Hora – Está saindo da política?
Ito Lanius – Não, mas não sou vice de ninguém. Em hipótese alguma. Inclusive do PT.
E se viesse uma proposta do PP?
Lanius – Também não.
Por que não aceita ser vice de ninguém?
Lanius – Infelizmente, hoje as forças do poder não te possibilitam a implantação de projetos dessa natureza (mudança na maneira de gestão). Não conseguiria implementar as minhas ideias sendo vice.
Que ideias são essas?
Lanius – Uma delas é o projeto Lajeado Século 21 (baseado em um estudo feito no Paraná). Foi construído devido a um vazio que a comunidade sentia e de forma voluntária. Não era completo, tenho essa convicção, mas refletiu a vontade das pessoas. De ter um diagnóstico e elaborar um plano estratégico para Lajeado.
Tem alguma chance de ser candidato a outro cargo?
Lanius – Elas são muito pequenas. Eles só fazem o seguinte, tipo o cara com a namorada, sempre tenta outra vez.
Sente-se traído pelo PMDB?
Lanius – Traído não. Também não estou frustrado. Fiquei inconformado. Não pelo PMDB, especificamente, mas porque não deu certo.
Como você vê esse trabalho do PMDB, que conversou algumas vezes com o PT?
Lanius – Na política há uma negociação intensa em todos os momentos, a toda hora. Participei apenas de uma reunião para ouvir, mas não negociei nada.
Caso o PT assuma a prefeitura, aceitaria ser secretário?
Lanius – Não. Eu vou cuidar dos meus negócios.
Anunciou a decisão ao PMDB?
Lanius – Sim. Eles já fizeram insistentes apelos para eu aceitar ser vice do PT e do PP. Acredito que minha participação na política, neste momento, se encerra por aqui. Salvo exceções. Até o fim do mês, há muitas loucuras para acontecer.
E o que falta para Lajeado?
Lanius – A máquina pública é cada vez mais pesada e ineficiente. Ela não trabalha bem. Apresentei muitas sugestões de como enxugar a máquina pública e modernizá-la. Não tive êxito. Eu era visto como uma ameaça.