Carroceiros disputam lugar com motoristas

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Carroceiros disputam lugar com motoristas

O espaço nas ruas do centro são disputados entre automóveis, motocicletas e carrinhos de catadores. A maioria deles é conduzida por papeleiros que ignoram as leis de trânsito, andam na contramão, desrespeitam as sinaleiras e param em qualquer lugar da via. Os motoristas reclamam da situação e a administração municipal diz que planeja a criação de uma lei para regulamentar o tráfego dos catadores.

cÀs 10h15min de quinta-feira, na rua Júlio de Castilhos, centro da cidade, motoristas driblavam pelo menos cinco carroças na mesma quadra. Duas delas estavam na contramão. Um papeleiro ficou mais de dez minutos parado em frente à Caixa Econômica Federal, ocupando boa parte da via. Os carroceiros argumentam que estão trabalhando no recolhimento de materiais recicláveis e demoram a receber o material das lojas.

Valdecir Goetens, de Progresso diz que quando vem para Lajeado se assusta com os carrinhos. Segundo ele, a dificuldade de dirigir em cidades com maior fluxo para quem vem do interior é maior. “Fico perdido quando vejo eles na contramão e ocupando toda rua para passar.”

Na calçada, um guarda municipal de trânsito assistia à confusão. Quando questionado sobre o que faria em relação à situação disse: “nada”. E justificou que não há leis para monitorar carroceiros. O diretor de trânsito, Luis Felipe Finkler confirmou o que o guarda disse e alegou que no estado não há normativa.

Como será a lei

As secretárias de Meio Ambiente e Planejamento analisam o sistema em outras cidades e projetam uma lei municipal. Ela determinará o horário que os catadores poderão circular nas principais ruas da cidade e reformulará a forma de trabalho.

Eles terão que usar uniforme, um jaleco, e os carrinhos terão uma placa de identificação. Assim, os fiscais terão autorização para orientar e advertir esses condutores.

A presidente da Associação de Catadores, Alessandra Couto afirma que mais de 40 pessoas trabalham na usina de separação de lixo, mas a rotatividade é grande porque a maioria prefere catar lixo na rua.

Eles ajudam a limpar a cidade

Os papeleiros aumentam o fluxo no centro e na maioria das vezes estão irregulares na forma que conduzem as carroças. Contudo, ajudam a limpar a cidade, recolhendo materiais recicláveis, como papel, garrafas PET e latinhas de alumínio.

Há poucos meses, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente fez um levantamento sobre o trabalho deles. Hoje atuam na cidade cerca de 85 pessoas. Com a venda do material arrecadam R$ 600 por mês.

Para realizar este trabalho acordam cedo para chegar antes da concorrência: outros carroceiros ou o caminhão de lixo, e enfrentam o mau tempo, porque o lixo é o sustento deles.

A secretária Simone Schneider salienta que o trabalho dos catadores é fundamental para a cidade porque eles recolhem o lixo de terrenos baldios e de outros pontos aonde o caminhão não chega.

Uma evolução destes trabalhadores é a desistência em usar cavalos para puxar as carroças. O modelo usado na cidade é de ferro, fabricado pelos próprios papeleiros para ficar mais leve na hora de puxar. Antes os animais usados eram abandonados em terrenos baldios para se alimentarem.

Porém, Simone destaca dois pontos negativos na atuação de alguns: quando recolhem das lixeiras sujam as ruas por falta de cuidado e não seguem as normativas do trânsito.

Cidade com normativa

Em Maringá (PR), a Secretaria Municipal dos Transportes criou uma lei municipal para fiscalizar esses veículos. Há dificuldades para a aplicação da lei porque é necessário cadastrar os carroceiros e colocar placas de identificação nestes veículos.

Além do registro, a lei proíbe o tráfego de carroças no centro da cidade no período entre 10h e 18h30min, de segunda a sexta-feira. Aos sábados, é proibido a partir das 7h30min até as 13 h. Há também previsão de multa. Outra lei impede a condução de carroças por menores.

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