Uma das maiores e mais antigas empresas do município encerra suas atividades nos próximos meses. As instalações da avícola espalhados em 60 hectares darão lugar a um condomínio residencial fechado. Um dos principais motivos apontados pela direção para o fechamento é a desvalorização do preço do ovo.
De acordo com o proprietário Décio José Ledur, 74, outras dificuldades como falta de mão de obra e impedimentos ambientais o forçaram a tomar a decisão. “Poucos querem trabalhar durante os fins de semana e não temos como manter a produção assim.”
Acrescenta que para readaptar a estrutura de acordo com as exigências ambientais, sanitárias e tecnológicas, seria preciso um investimento milionário.
Ledur observa que nos próximos dias ocorre uma reunião com os 72 funcionários para anunciar as decisões. Garante que todos serão devidamente indenizados.
Conforme dados da Secretaria de Indústria e Comércio, a granja ocupa a 69ª posição entre as empresas mais antigas do município.
Ramo imobiliário
Após o fechamento, será criada a empresa Ledur e Filhos Empreendimento Ltda, que atuará no ramo da construção civil.
Ressalta que há dez anos a compra do imóvel é visada por outras empresas. A ideia inicial era transformar parte da estrutura em uma fábrica de ração, mas com o crescimento acelerado da cidade, isso não será possível. “Temos que nos adaptar às mudanças.”
Os 60 hectares darão lugar a um condomínio residencial fechado, com ruas internas asfaltadas e uma avenida de 30 metros de largura. De acordo com ele, trata-se de uma infraestrutura como poucas no estado. A proposta é negociada com imobiliárias e deve ser oficializada nos próximos anos.
Em outra área de 13 hectares pertencente à família, ao lado da granja, começou a ser construído um loteamento.
História
A família iniciou as atividades no Vale em 1958. Ledur começou em Santa Clara do Sul, como caminhoneiro, em que intermediava a venda de produtos coloniais para a região metropolitana.
O volume dos negócios cresceu para o setor atacadista e ele se mudou de Porto Alegre para Lajeado em 1963. Iniciou-se, então, a construção da granja em Conventos. “O primeiro ovo foi posto em oito de janeiro de 1970”, recorda.
Com os anos, a produção foi aumentando e, aos poucos, a família Ledur comprou mais áreas de terra no bairro. O auge da produção ocorreu de 1984 a 1994, época que havia 300 mil galinhas poedeiras, 20 mil dúzias de ovos por dia e 105 funcionários.
Com o tempo, a produção foi mecanizada e o número de funcionários reduziu. Hoje, a Ledur emprega 72 pessoas. Cerca de 90% das vendas são feitas para a região metropolitana de Porto Alegre e o restante para Florianópolis.
Geração de empregos
A família do fotógrafo Ivanir Lenhart, do bairro Conventos, faz parte da história da granja. Ele trabalhou por 17 anos no local e sua mulher, outros nove. A empresa não foi apenas seu primeiro emprego, como também empregou seus oito irmãos. A família morou por diversos anos em uma casa dentro da propriedade.
Lenhart se entristece ao saber do fechamento da avícola. Ressalta que ela gerou emprego para muitas pessoas, em especial para agricultores que deixaram o campo e buscaram uma vida melhor na cidade.
Aponta o chefe de produção, Egídio Kalsing, que trabalha há 45 anos no local, como um dos responsáveis pelo bom andamento das atividades. “A proposta da direção era manter seus funcionários até a sua aposentadoria. Sempre deram muito valor para quem trabalhava lá.”
Para resguardar a história, Lenhart começou na sexta-feira a montagem de um filme. O documentário de 1 hora e 6 minutos mostra o funcionamento da avícola e sua trajetória.