Avícola Ledur fecha depois de 43 anos

Notícia

Avícola Ledur fecha depois de 43 anos

Uma das maiores e mais antigas empresas do município encerra suas atividades nos próximos meses. As instalações da avícola espalhados em 60 hectares darão lugar a um condomínio residencial fechado. Um dos principais moti­vos apontados pela direção para o fechamento é a desvalorização do preço do ovo.

oDe acordo com o proprietário Décio José Ledur, 74, outras difi­culdades como falta de mão de obra e impedimentos ambientais o forçaram a tomar a decisão. “Pou­cos querem trabalhar durante os fins de semana e não temos como manter a produção assim.”

Acrescenta que para readaptar a estrutura de acordo com as exi­gências ambientais, sanitárias e tecnológicas, seria preciso um in­vestimento milionário.

Ledur observa que nos próximos dias ocorre uma reunião com os 72 funcionários para anunciar as decisões. Garante que todos serão devidamente indenizados.

Conforme dados da Secretaria de Indústria e Comércio, a granja ocu­pa a 69ª posição entre as empresas mais antigas do município.

Ramo imobiliário

Após o fechamento, será criada a empresa Ledur e Filhos Empre­endimento Ltda, que atuará no ramo da construção civil.

Ressalta que há dez anos a com­pra do imóvel é visada por outras empresas. A ideia inicial era trans­formar parte da estrutura em uma fábrica de ração, mas com o crescimento acelerado da cidade, isso não será possível. “Temos que nos adaptar às mudanças.”

Os 60 hectares darão lugar a um condomínio residencial fe­chado, com ruas internas asfal­tadas e uma avenida de 30 me­tros de largura. De acordo com ele, trata-se de uma infraestru­tura como poucas no estado. A proposta é negociada com imobi­liárias e deve ser oficializada nos próximos anos.

Em outra área de 13 hectares pertencente à família, ao lado da granja, começou a ser construído um loteamento.

História

A família iniciou as atividades no Vale em 1958. Ledur começou em Santa Clara do Sul, como ca­minhoneiro, em que intermedia­va a venda de produtos coloniais para a região metropolitana.

O volume dos negócios cresceu para o setor atacadista e ele se mudou de Porto Alegre para Laje­ado em 1963. Iniciou-se, então, a construção da granja em Conven­tos. “O primeiro ovo foi posto em oito de janeiro de 1970”, recorda.

Com os anos, a produção foi au­mentando e, aos poucos, a família Ledur comprou mais áreas de ter­ra no bairro. O auge da produção ocorreu de 1984 a 1994, época que havia 300 mil galinhas poedeiras, 20 mil dúzias de ovos por dia e 105 funcionários.

Com o tempo, a produção foi mecanizada e o número de fun­cionários reduziu. Hoje, a Ledur emprega 72 pessoas. Cerca de 90% das vendas são feitas para a região metropolitana de Porto Alegre e o restante para Florianópolis.

Geração de empregos

A família do fotógrafo Ivanir Lenhart, do bairro Conventos, faz parte da história da granja. Ele tra­balhou por 17 anos no local e sua mulher, outros nove. A empresa não foi apenas seu primeiro em­prego, como também empregou seus oito irmãos. A família morou por diversos anos em uma casa dentro da propriedade.

Lenhart se entristece ao saber do fechamento da avícola. Res­salta que ela gerou emprego para muitas pessoas, em especial para agricultores que deixaram o cam­po e buscaram uma vida melhor na cidade.

Aponta o chefe de produção, Egídio Kalsing, que trabalha há 45 anos no local, como um dos responsáveis pelo bom andamen­to das atividades. “A proposta da direção era manter seus funcio­nários até a sua aposentadoria. Sempre deram muito valor para quem trabalhava lá.”

Para resguardar a história, Le­nhart começou na sexta-feira a montagem de um filme. O docu­mentário de 1 hora e 6 minutos mostra o funcionamento da avíco­la e sua trajetória.

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