Executivo sabia de asfaltamento sem licitação

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Executivo sabia de asfaltamento sem licitação

O asfaltamento irregular da rua Epitácio Pessoa, nas proximidades do viaduto sob a ERS-130, foi acompa­nhado e fiscalizado por uma equipe da Secretaria de Obras (Sosur).

Na sexta-feira, o fiscal de obras Rudimar Reis confirmou que a Cons­trutora Giovanella realizou o serviço em 4,5 mil metros quadrados daque­la via de forma correta, respeitando as medidas e camadas de asfalto previstas no contrato. “Acompanhei a obra de ponto a ponto.”

aA informação contraria a versão do município. Em matéria publicada no dia 19 de abril, o assessor jurídico, Mar­celo Caumo disse que a administração municipal desconhecia o andamento das obras e que só ficou sabendo após questionamentos dos vereadores.

O atual secretário da Sosur, Ernani Bourscheid também afirmou des­conhecer o andamento e o fim das obras de asfaltamento. “Me surpre­ende o fato do Rudimar ter fiscaliza­do a obra”, diz Caumo.

TCE realiza auditoria

Na sessão legislativa da semana passada, o vereador Mozart Lopes afirmou que o Tribunal de Contas do Estado (TCE) apresentou parecer autorizando a finalização das obras naquela via pela Construtora Giova­nella. “Está tudo correto. O fiscal da Sosur fiscalizou a obra.” Segundo Lo­pes, mediante uma multa próxima de 10% do valor do asfaltamento.

O assessor jurídico do município desmente o ex-secretário e diz que o TCE está analisando a regulari­dade da licitação. “Ainda não pode­mos adiantar qual a conduta será adotada, pois o processo não está formalmente concluído”, observa Caumo. A empresa responsável pela obra não recebeu pelo serviço.

Lopes é contrariado pela auditora do TCE, Fernanda Nunes. Segundo ela, o tribunal recém iniciou uma consultoria técnica para avaliar as ilegalidades do processo, que está em auditoria. “Cobraremos explicações da administração municipal e da sua comissão de licitação.”

A lei determina que a obra de as­faltamento da rua Epitácio Pessoa deveria ter respeitado o processo licitatório. “Não pode haver acerto entre as empresas participantes.” Segundo Fernanda, as punições cabíveis para esse tipo de irregu­laridade são multas, advertências, reprovação das contas públicas e devolução do valor.

Falhas e precipitações na obra

A publicação do edital de licitação ocorreu em 27 de março. Em 11 de abril, os envelopes com as propostas foram abertos. A JLV Cons­trutora Ltda., com sede em Montenegro, apresentou a menor proposta: R$ 221,2 mil. A Giovanella ficou em segundo lugar, propondo R$ 221,6 mil para realizar o asfaltamento daquela via, entre a rua Fábio Brito de Azambuja e o início da Av. Amazonas. A Conpasul sugeriu R$ 225 mil.

Segundo o diretor da JLV, Valmir D´ávila, um problema na planilha in­terna fez com que sua empresa apresentasse a menor proposta de forma equivocada. Ele diz que o custo para uma obra se­melhante ao asfaltamento da rua Epitácio Pessoa é próximo de R$ 460 mil. A empresa de Montene­gro desistiu do processo licitatório, repassando os serviços para a Constru­tora Giovanella. Confor­me D`ávila, com aval da administração municipal.

A Construtora Giova­nella realizou a obra entre os dias 13 e 18 de abril, mesmo sem o resultado da licitação, a autorização do Executivo e o empenho do valor. A empresa cor­re o risco de não receber pelo trabalho. Segundo o proprietário Nilson Gio­vanella, havia um acordo verbal com a empresa de Montenegro, para que ele assumisse a obra. Ele ad­mite que se precipitou.

O projeto de asfaltamen­to da rua Epitácio Pessoa contempla 459,5 metros de comprimento por 10 me­tros de largura. São 4,5 mil metros quadrados de pavi­mentação. Ainda falta pin­tar a sinalização da via.

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