As mulheres prevalecem no eleitorado regional. Em um universo de 265.941 eleitores, elas correspondem por 135.568 – 50,98% dos registros feitos pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) até essa quarta-feira, quando encerrou o prazo de regularização do título de eleitor.
Entretanto, o público feminino predomina em apenas 12 dos 36 municípios que compõem o Vale do Taquari. Lajeado é o que mais tem eleitoras: 27.893 de um total de 52.359 – o equivalente a 53,21%. Em contrapartida, Canudos do Vale é onde os homens são maioria, com 54,19%.
O resultado não interfere nas campanhas políticas para os candidatos a prefeito e vice-prefeito. Para o cientista político e diretor do portal Política para Políticos, de Porto Alegre, André Ferraz, a diferença inferior a 1% é insuficiente para que os concorrentes à majoritária direcionem os projetos para esse público.
Ele acrescenta que os coordenadores de campanha podem incentivar alguns projetos como mais creches, destinados a mães solteiras ou chefes de família. Nada que possa se sobrepor ao interesse geral. “Se fosse um público de predominância masculina, talvez os projetos fossem mais voltados à criação de mais postos de trabalho.” Ressalta, porém, que essa é uma preocupação geral.
Estímulo para políticas
O eleitorado feminino é o que mais cresce. Se comparado com as últimas eleições municipais, em 2008, o aumento foi de 6,19%.
Nos últimos seis anos, as mulheres começaram a ter mais espaço na política estadual. Exemplos não faltam. Yeda Crusius (PSDB) governou o estado entre 2006 e 2010 e Ana Amélia Lemos (PP) foi eleita senadora pelos gaúchos nas eleições anteriores.
Dois municípios do Vale são administrados por mulheres: Carmen Regina Cardoso ocupa o cargo máximo em Lajeado e, em Sério, a responsabilidade é de Dolores Kunzler. No Vale do Rio Pardo, Kelly Moraes coordena os trabalhos em Santa Cruz do Sul.
Ferraz espera que a predominância no eleitorado, mesmo que pequena, estimule as mulheres a concorrer a cargos políticos. Argumenta que os eleitores se preocupam mais com os projetos de governo, deixando de lado a preferência por sexo.
As mulheres concordam com Ferraz. A lajeadense Luana de Souza, 20, afirma que a eleição de Carmen como prefeita valorizou a mulher. Para ela, é um reconhecimento dos eleitores, que vêem uma possibilidade de melhorar a política. Entretanto, descarta concorrer. Para a encantadense, Iara Maria Novakowkis, 45, a maioria das votantes mulheres contribui para que tenham mais representatividade na política. Considera as mulheres mais justas e menos corruptas.
Acredita que hoje estão descontentes com o modo de fazer política no Brasil. Daí a preferência por militar, em vez de concorrer. Hoje, elas participam das eleições mais por obrigação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A regra é que 30% dos cargos em disputa sejam destinados às mulheres.
Eleitores analfabetos
Os dados do TRE são separados em quatro segmentos: homens, mulheres, analfabetos e adolescentes. Destes, só o índice de eleitores analfabetos diminuiu nos últimos quatro anos. Passou de 7.007 para 6.098 – uma redução de 8,03%.
Ferraz analisa os dados com cautela. “Às vezes há manipulação de dados”, referindo-se aos critérios sobre o que é considerado uma pessoa alfabetizada. Cita como exemplo o caso do deputado federal Tiririca, que teve de escrever uma pequena carta, comprovando saber ler e escrever.
Campanhas para vereadores
A predominância feminina pode interferir nas composição das câmaras de vereadores. Para Ferraz, neste caso os candidatos costumam apresentar propostas voltadas para determinados segmentos, com o intuito de se identificar com o público-alvo.
Esta influência deve atingir a todos os eleitores, como no caso de vereadores mais jovens. O eleitorado adolescente – entre 16 e 18 anos incompletos – aumentou 1,19% nos últimos quatro anos. A tendência é que os partidos direcionem alguns candidatos para essa ala.
A coordenadora do cartório eleitoral de Lajeado, Maria Betânia Rohde confirma o aumento e informa que, no último dia de regularização do título, presenciou diversos adolescentes encaminhando o documento.
Kásteres Roberto Casoli, 16, de Lajeado, contrapõe essa possibilidade. Ele fez o título eleitoral na quarta-feira. “Como tenho que fazer quando tiver 18 anos, aproveitei para fazer agora.” Ele desconhece se votará em um candidato direcionado aos adolescentes.
Diminuição
Três municípios do Vale tiveram a redução do número de eleitorado. O maior índice negativo é de Relvado, com 1,6% – de 2.191 em 2008 para 2.156 em maio. O êxodo rural e o envelhecimento da população são os principais fatores para a redução, informa o prefeito Jatir Radaelli.
Entretanto, o número é maior que o de população – conforme o IBGE, são 2.155. Radaelli diz quealguns jovens se mudam de cidade, mas mantêm as votações no município de origem.
Em Vespasiano Corrêa e em Paverama, o índice também foi negativo. O primeiro teve uma diminuição de 0,38% no eleitorado e, o segundo, 0,12%.
Situação diferente é comprovada em Fazenda Vilanova. O município teve o maior crescimento dos últimos quatro anos no número de eleitores. De 2.738 passou para 3.356 – um incremento de 22,5%.
Os dados não surpreendem o prefeito de Fazenda Vilanova, José Cenci. Aponta o crescimento populacional do município, entre 2008 e 2010, como um dos responsáveis pelo índice.