Morte de agricultor evidencia imprudência

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Morte de agricultor evidencia imprudência

Apesar da maioria dos tra­tores ser fabricada e vendi­da com equipamentos de segurança, como cinto e teto de proteção, muitos agricultores ainda operam os veículos sem usar os utensílios.

Segundo levantamento do jornal A Hora do Vale, desde 1991 foram pelo menos sete mortes na região, sendo a maioria causada pela imprudência e descuido.

tO caso mais recente aconteceu na quinta-feira, na Linha Berlim Fundos, em Westfália. O agricultor Vital Antônio Accadrolli, 57, morreu por volta das 9h45min, após capo­tar o trator na subida de um morro quando puxava toras de eucalipto na sua propriedade.

Conforme o delegado da Polícia Civil de Teutônia, Mauro Mallmann, o maquinário não tinha cinto nem teto de proteção. O corpo foi esmaga­do e a vítima morreu no local.

As concessionárias de tratores in­formam que os avisos são repassados na hora da venda, mas os operadores ignoram o manual de segurança.

Conforme o gerente de vendas de uma concessionária de Estrela, Marcelo Dill, antes da entrega do maquinário, os produtores rece­bem explicações sobre os cuidados necessários para evitar acidentes. “Usar o cinto e não tirar o teto de proteção é fundamental.”

Dill lamenta que a maioria ignore essas orientações. Cita que a cons­cientização é o ponto-chave para que o agricultor mude sua forma de operar os tratores.

Por mês, a concessionária vende de dez a 15 unidades, no valor médio de R$ 75 mil cada. A maior parte é financiada pelo programa Mais Ali­mentos. O pagamento pode ser feito em dez anos, com dois de carência, a um juro de 1% a 2% ao ano.

Imprudência

O soldado da Brigada Militar de Westfália, Daniel Aloi afirma que a maioria dos acidentes é causada pela imprudência dos tratoristas. Apesar das blitze feitas no interior, o fato da corporação não poder atu­ar em propriedades particulares di­ficulta a fiscalização.

Observa que quando trafegam na rua, usam cinto e colocam o teto. “Mas quando estão na roça, fazem o contrá­rio. O condutor deve entender as con­sequências de suas próprias ações.” O tratorista flagrado dirigindo sem os equipamentos de segurança está sujei­to à advertência e multa de R$ 127,69.

Tratores novos mais seguros

A maioria dos agricultores concorda que a manutenção dos tratores deve ser feita por profissionais e não pelos tratoristas. Os relatos, como o de Trol­ler, apontam a negligência para lidar com os equipamentos, principalmente em terrenos perigosos.

Troller comenta que o cuidado deve ser redobrado com tratores mais velhos, pois eles oferecem pou­ca segurança. Há alguns anos, com­prou um trator novo, tracionado, que lhe proporciona mais segurança na hora de trabalhar.

Comenta que a oferta de crédito e facilidade de pagamento permitem renovar a frota, mas o cuidado deve ser permanente.

No estado, 39% dos agricultores já so­freram algum tipo de acidente com má­quina agrícola, sendo a maioria com tratores. Cerca de 54% dos acidentes fa­tais com tratores ocorre por capotamen­to. A cada quatro acidentes, um causa a invalidez permanente do operador.

“Todo cuidado é pouco”

O agricultor Jorge Andréas Troller, 43, de Forquetinha, nunca se acidentou nos 20 anos em que trabalha com o trator em sua propriedade.

Reconhece que muitas vezes também é impruden­te. “Dificilmente uso cinto. Como desço e subo muito, atrapalha o serviço.”

Reclama que o formato do cinto dificulta o uso. “Deve­ria ser aquele de três pontas, igual ao dos carros.”

Recorda que há dez anos seu vizinho morreu ao ser esmagado pelo trator após capotar em um barranco. Diz que o veículo era mais antigo e não tinha cinto de segurança nem teto de proteção.

Últimos casos

Março de 2011 – Ernani Bildhauer, 47, trafegava de tra­tor pela estrada geral, em Linha 32, Arroio do Meio, quando por volta das 9h saiu da estrada e tombou num perau de cerca de 50 metros. O corpo do agricultor só foi encontrado por moradores cerca de dez horas depois.

Janeiro de 2010 – Em Co­linas, o trator operado por Irio Brandt, 67, no qual transportava esterco capotou na barranca de um arroio atirando-o nas águas e esmagando-o em seguida.

Julho de 2009 – A agricul­tora Clair Schweitzer, 50, capo­tou o trator e morreu esmagada por ele. No mesmo ano, na loca­lidade de Passo do Corvo, João Gerhartd perdeu a perna num acidente com um tobata, que serve para espalhar o esterco no solo.

Após quebrar a barra de se­gurança, Gerhardt improvisou colocando um prego. Sua calça foi puxada pelo prego, e as lâmi­nas do equipamento deceparam metade de sua perna.

O prego colocado no lugar da barra de segurança não quebrou e o motor continuou a funcionar.

Julho de 2005 – Tailor Klein deixou de participar do aniversário dos sobrinhos para transportar troncos de eucalipto no domingo, dia 31 de julho de 2005. Morador de Picada Santa Clara, em Santa Clara do Sul, ele puxava a quinta tora, quando não conseguiu frear nem fazer a marcha do veículo que descia o terreno em declive.

O trator Massey Ferguson, ano 1985, de 60 toneladas, capotou após colidir numa nogueira der­rubando Klein e lhe atingindo a cabeça com a roda traseira.

A família, na época, reconhe­ceu que a manutenção dos três tratores era feita pelo pai. Fal­tou renovação do maquinário e equipamentos de segurança. Os tratores eram velhos demais, um deles tinha 60 anos de uso.

Maio de 1991 – Em Progres­so, Paulo Nestor Arend rebocou sozinho um trator pequeno com outro maior, quando caiu entre os dois. Ele perfurou a veia aorta – principal artéria do sistema cir­culatório – e teve o crânio esma­gado por um dos tratores.

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