Dnit busca acordo com moradores da BR-386

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Dnit busca acordo com moradores da BR-386

O Departamento Nacio­nal de Infraestrutura de Transportes (Dnit) apresentou as propos­tas de indenização para as 43 famílias que terão as áreas desa­propriadas neste ano. Os terre­nos serão usados na duplicação do trecho de 34 quilômetros da BR-386, entre Estrela e Tabaí.

A audiência pública ocorreu ontem, no auditório do Prédio 3 da Univates, sob a coordenação do juiz Hermes Siedler da Con­ceição, do Centro Judiciário de Conflitos e Cidadania (Cejuscon), do Tribunal de Justiça Federal. Oitenta e cinco pessoas partici­param da reunião.

dO encontro esclareceu como serão as audiências individuais de conciliação, marcadas para os dias 29, 30 e 31. Siedler adian­ta que as propostas do Dnit são preliminares e os moradores po­derão negociar com o departa­mento no fim do mês.

Os conflitos devem ser resol­vidos de maneira rápida, pois na maioria dos casos, há acordo entre as duas partes. Em caso de sucesso, a indenização aos moradores será feita em até 30 dias. Siebler alerta para caso alguém queira dificultar o pro­cesso: a Justiça será acionada e o tempo mínimo para a tomada de decisão é de oito anos.

Há um limite para as indeniza­ções do Dnit. O procurador-chefe do departamento, Alcemar Car­doso da Rosa afirma que estão abertas a negociações, mas pede sensatez nas contrapropostas. Os valores foram baseados em aná­lises de imobiliárias da região e de engenheiros do órgão federal.

Desagrado

O Dnit entregou a proposta por volta das 15h30min, mas parte delas foi considerada bai­xa pelos moradores. A industri­ária Irene Simão, 30, reclama que a proposta de R$ 27 mil é insuficiente para construir uma nova casa. A residência atual, na localidade de Santa Rita, deve ser demolida para viabilizar o alargamento da ro­dovia.

Ela não sabe quanto deveria ser pago. O superintendente re­gional do departamento, Vladi­mir Casa informou que as inde­nizações são referentes aos bens existentes nos locais a serem desapropriados. “Se a casa é antiga, nós pagaremos por esta estrutura.” Acrescentou que, quem precisar construir uma nova residência, terá de arcar com o restante da construção.

Os engenheiros do Dnit estarão disponíveis para esclarecer as dúvidas dos indenizados. Ele es­pera que uma negociação já esteja quase definida quando houver as audiências, no fim do mês.

Críticas ao Dnit

A reunião também foi marca­da por críticas ao Dnit. A maioria partiu dos moradores de baixa renda, que moram em Estrela, próximo do acesso secundário ao município. O servente Rogério Pe­reira da Luz, 33, reclama do des­cumprimento de promessas.

Informa que, por diversas ve­zes, os engenheiros visitaram as nove famílias e falaram sobre o remanejo para outra área. “Nos prometeram novas casas, mas nada foi feito e quero saber como ficará a partir de agora.”

Rosa salienta que o caso de Luz e de vizinhos é diferente dos demais. Eles moram de maneira irregular em uma área que per­tence ao governo federal. O Dnit estuda a compra de uma nova área, onde serão construídas as novas residências.

Documentos para as conciliações

O procurador-chefe do Dnit, Alcemar Cardoso da Rosa informa quais os documentos devem ser apresentados nas audiên­cias individuais:

– Certidão do Registro de Imóveis municipal;

– Escritura do terreno;

– Conta bancária;

– Na falta de certidão de imóveis e escritura, pode ser apresentado o contra­to de compra e venda.

As audiências

– Elas serão realiza­das entre os dias 29 e 31 de maio;

– A Justiça Federal dis­ponibilizará ônibus para os moradores. Os horários de partida são: 7h30min e 12h30min. A partida é no posto da Polícia Rodo­viária Federal de Tabaí;

– Todos os beneficia­dos com a indenização devem comparecer às conciliações;

– É necessário estar na companhia de um advo­gado. Sem o profissional, a reunião é adiada;

– As famílias com ren­da inferior a um salário mínimo e meio têm di­reito a representação do defensor público federal. Quem tiver renda maior precisa contratar um ad­vogado particular;

– A Justiça Federal de Lajeado tentará a assis­tência jurídica gratuita da Univates, para representar os sem condições de con­tratar um representante.

Realocação dos índios

Uma das maiores preocupações dos envolvidos na dupli­cação é quanto ao remanejo das 20 fa­mílias caingangues que moram à beira da BR-386, na divisa entre Estrela e Bom Retiro do Sul. O Dnit encaminha, na próxi­ma semana, um pe­dido para que de Es­trela Celso Brönstrup conceda uma licença ambiental.

O engenheiro de obras do Dnit, Hira­tan Pinheiro da Silva afirma que a Funda­ção Nacional do Ín­dio (Funai) aceitou a área de 33 hectares – desapropriada no início do ano e que fica atrás de onde os índios moram atual­mente –, bastando o documento da pre­feitura para iniciar a licitação.

O processo deve ser concluído em 90 dias.

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