Motoristas preferem multa a pagar pedágio

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Motoristas preferem multa a pagar pedágio

Proibida desde julho de 2011, a passagem de veículos com mais de três eixos no desvio de pedágio incomoda a comunidade de Picada Felipe Essig. Segundo os moradores, mesmo após a homologação da lei municipal, o tráfego aumentou na estrada de chão batido que segue até Barra do Fão. Até agora, 47 condutores foram autuados pela Brigada Militar (BM), que enfrenta dificuldades em fiscalizar o trecho.

dO comandante da BM, sargento José Adão Pereira Brum diz que os motoristas preferem se arriscar à multa de R$ 85 e a perda de quatro pontos na carteira de habilitação em vez de pagar o pedágio, que custa R$ 100,80 para veículos com nove eixos. “O problema para eles não é o valor da multa, mas os pontos. Os motoristas precisam se conscientizar que terão a carteira retida se continuarem com isso.”

Brum ressalta que barreiras policiais são feitas durante o dia, mas os infratores costumam passar em horários alternados, em especial de madrugada. “Não temos como ficar o dia todo lá. Temos todo o município para cuidar.”

Para flagrar os caminhoneiros infratores, o comandante destaca a parceria com moradores, que avisam a polícia quando percebem a passagem de carretas. Os números para contato são (51) 3759-1190 e (51) 9654-4215.

De acordo com o morador Leopoldo Hoppe, 68, os condutores se comunicam quando o trânsito está livre de policiais. “Falta respeito por parte dos motoristas.”

A ilegalidade aumenta à noite, momento em que chegam a passar até 13 carretas seguidas no desvio. Hoppe salienta o perigo às pessoas que precisam se deslocar de casa ao serviço. “Muitos moradores vão de moto ao centro. Quando vem uma carreta, precisam parar para não serem atropelados.”

Na semana passada, Hoppe caminhava às margens da estrada quando uma carreta o forçou a pular em uma valeta. Além do desrespeito à lei, a alta velocidade irrita a comunidade.

Situação semelhante em Cruzeiro do Sul

O agricultor de Linha 25 de Julho, Luiz Antônio Müller informa que muitos veículos utilizam o desvio do pedágio em Boa Esperança, na ERS-453. O horário crítico é à noite, quando caminhões passam em alta velocidade. “A gente acorda no meio da madrugada por causa do barulho.”

Lindomar Puhl, de São Rafael, confirma a sensação de insegurança dos moradores. Para ele, outro perigo são os acidentes. “Uma média de 30 caminhões desviam do pedágio por aqui todos os dias.”

Com medo de acidentes, os agricultores substituíram as carroças com tração animal por tratores e tobatas. “Tem de ter cuidado, porque se bobear, os caminhões passam por cima (sic).”

Irineu Zart, um dos poucos que ainda tem carroça, prefere buscar pasto e ir para a lavoura em horários de menor fluxo. A casa de Zart fica ao lado da estrada. Em dias de calor, a poeira invade os cômodos.

Saiba mais

Em janeiro de 2011, os moradores formaram uma comissão para tentar minimizar o fluxo de caminhões de carga que utilizavam o trecho. O desvio tem uma extensão de 12 quilômetros e passa pelas comunidades de Picada Felipe Essig, Três Saltos Baixo, São João e Barra do Fão.

A lei municipal foi elaborada após discussão que envolveu a comunidade, governo do estado, deputados, Ministério Público e administração municipal. Caminhões que transportam produtos locais ou emplacados em Travesseiro e Marques de Souza estão isentos.

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