Quatro cidades têm as dez áreas residenciais mais cobiçadas e valorizadas da região. As primeiras posições do ranking são de bairros de Lajeado. Os mais caro se localiza no condomínio Villa di Siena, em que um terreno de 480 metros quadrados custa R$ 430 mil. O último da lista é o Centro Administrativo de Teutônia, onde os terrenos chegam a R$ 95 mil.
Os dados fazem parte de um levantamento feito em 17 imobiliárias da região, que analisaram os lotes residenciais em suas cidades e apontaram as áreas mais procuradas. Nas informações coletadas não constam os centros das cidades, onde os valores ultrapassam R$ 1 milhão por serem áreas comerciais.
Nesses lotes, as pessoas pagam mais para terem luxo e conforto. São áreas exclusivas, nobres, em que se procura também status. Há casos em que o comprador paga quase um salário mínimo por metro quadrado do terreno.
Segundo corretores de imóveis da região, o aumento constante de preço nesses locais se deve à tradição do bairro. A fama de ser nobre, onde apenas pessoas com maior poder econômico podem morar, atrai o mesmo perfil.
Pesquisa realizada pela Lopes Inteligência de Mercado revela que os mais ricos se mudam menos de bairro quando moram em locais nobres. Preferindo morar perto da família ou onde cresceram. Diferentemente do que ocorre com as pessoas da classe média, que tendem a trocar de bairro, em busca de um novo estilo de vida.
Hoje, no interior, a localização do imóvel é o fator mais importante para a decisão de compra de pessoas que têm dinheiro para investir. O segundo é o número de vagas na garagem e a área em que poderão construir.
Nas capitais, a visão dos compradores de luxo muda. O transporte público fica em primeiro lugar, impulsionado pelo tráfego de veículos.
As tendências que moldam o mercado no Vale são a expansão do centro Universitário Univates e a infraestrutura fornecida pelos governos municipais, como asfaltos, ciclovia, acessos e prédios culturais.
O bairro mais caro do Vale
A área mais cara da região fica no Condomínio Villa de Siena, no bairro mais cobiçado de Lajeado, o Alto do Parque. Localizado de forma estratégica próximo da BR-386 e em fase de construção, ele é o único condomínio da cidade.
Os terrenos são maiores (480 metros quadrados, ante 360 dos tradicionais) e há apenas 27 lotes. Cada metro quadrado custa quase um salário mínimo – R$ 630. Neste caso, o raro se tornou objeto de desejo.
Conforme o médico Marcos Frank, além de segurança, um condomínio oferece qualidade de vida. Ele conta que está sendo preservada toda área verde existente e eliminados os postes e fios. Toda estrutura interna foi criada de acordo com o conforto e necessidade que os moradores solicitaram, como um salão de festas com isolamento acústico, um canil e quadras esportivas.
O formato de construção e distribuição das casas também foi planejado. Os recuos frontais são de seis metros em cada terreno e a distância de uma casa até a outra é de no mínimo 21 metros, para gerar amplos corredores.
Frank diz que o custo/beneficio de morar em um local adaptado é que o preço se torna semelhante ao de um terreno, que não tem a mesma infraestrutura do condomínio.
No Alto do Parque estão as áreas mais caras à venda no mercado. Ele é um bairro estritamente residencial e isso o distingue dos demais. Sua localização também é um fator que atrai. Nas extremidades ficam a Univates e a BR-386 e na área central o Parque do Imigrante.
Neste bairro são encontradas as casas mais valiosas localizadas ao lado do Parque Histórico. Algumas chegam a custar R$ 2,5 milhões.
Conforme a corretora Sofia Batista, 90% dos moradores são médicos e empresários, e quem procura por esse bairro tem o mesmo perfil. Ela cita que as pessoas querem espaço para construir mansões e ter um jardim enorme. Isso não é mais possível nas áreas centrais.
Depois do Alto do Parque aparecem na lista o Loteamento Verde Vales, no bairro Universitário e o Loteamento dos Médicos, no bairro São Cristóvão. Ambos valorizados pela proximidade com o Centro Universitário Univates.
No Verdes Vales, a área mais nobre é um novo lote na Av. Avelino Tallini. Ainda é uma das localidades com maior área verde da cidade. Nesses terrenos há árvores nativas e quem comprá-los precisa se adaptar à natureza.
Visão da cidade atrai para o luxo
O bairro Planalto, de Encantado, é conhecido pela estrutura oferecida aos moradores. As casas luxuosas ficam no alto do morro, garantindo a visão de toda cidade.
Um dos mais completos em infraestrutura da cidade, tem mercados, padarias, posto de saúde, praças infantis, posto de combustível, lojas de vestuário e materiais diversos. Também fica a menos de dois quilômetros do centro da cidade e próximo da ERS-129 e ERS-332, que dá acesso à Região Alta do Vale do Taquari.
Segundo o dono de uma imobiliária da cidade, Rogério Conzatti, o bairro é procurado pela localização e áreas verdes ainda pouco exploradas. Segundo ele, há muita procura para pouca oferta de terrenos. Isso tende a valorizar os imóveis.
O mestre de obras Adriano Grafetti, 35, foi o primeiro morador da parte alta do bairro, onde se encontram as construções mais novas e áreas mais procuradas. Seu terreno hoje vale três vezes mais do que pagou na época – R$ 100 mil. Orgulha-se do local que escolheu para morar com a família há seis anos.
Natural de Ilópolis, destaca a tranquilidade no local e o fato de ficar próximo de mercados, indústrias, escolas, postos de saúde e demais bairros do município. Em oitavo no ranking do Vale, o Porto XV encanta os investidores pela logística e por estar em uma região alta. A maioria das casas tem design singular com entradas e paisagismo glamorosos. Paredes de vidro são comuns em quase todas as residências.
O Porto XV é um bairro em expansão com várias áreas de terras esperando por construções, isso o torna a segunda opção mais procurada em Encantado, para quem quer morar em um bairro rico.
Na parte baixa ainda há casas mais simples, mas corretores projetam que daqui a alguns anos elas serão substituídas por novas, pela valorização do mercado.
A logística atraiu o holandês Edwin Hebbink. Casado com uma encantadense, ele mora há quatro anos no bairro. Além da vista privilegiada, o empresário diz que o lugar oferece tranquilidade, segurança e mais qualidade de vida para criar os filhos.
Mesmo sem muitos atrativos por perto, como restaurantes maiores, Hebbink diz que tem tudo o que precisa para viver bem. Na falta de opções, ele visita cidades próximas, como Lajeado e Porto Alegre.
Nobreza em duas pontas da cidade
Estrela tem duas áreas na lista dos mais cobiçados. O bairro dos Estados, próximo ao Corpo de Bombeiros, ocupa a 5ª posição e o loteamento Jardim das Pedras, nas imediações da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), a 6ª. Nestas localidades, os terrenos são vendidos entre R$ 145 mil a R$ 160 mil.
O Estados traz o conceito de nobreza há anos. Há casas luxuosas e grandes com mais de mil metros quadrados. O empresário Rogério Balbinote e sua mulher Adriana constroem uma casa na entrada do bairro, próximo da Av. Rio Branco.
Este bairro é o primeiro no lado esquerdo de quem entra na cidade. Tem posto de combustível, padarias e supermercado.
O Jardim das Pedras é um loteamento novo do bairro Cristo Rei. Se caracteriza pela oferta de terrenos e logística de suas áreas, na maioria planas, prontas para a construção.
As casas são planejadas, em modelos singulares, e têm mais de 300 metros quadrados. Os equipamentos de vigilância e a segurança também recebem um design particularizado. Muros de vidro e formatos de castelo são alguns diferenciais nas casas. Um terreno neste loteamento custa em média R$ 100 mil, mas há residências que valem quase R$ 2 milhões.
Quase 300% a mais
A expectativa para que o bairro Centro Administrativo se torne, efetivamente, o centro de Teutônia atrai novos moradores. Aos poucos, os diversos terrenos desocupados recebem construções de casas. Em seis meses, três foram concluídas e uma está na metade da obra.
Neste bairro, todos os prédios públicos precisam ter características germânicas. Isso é determinado por lei e faz com que seja mais valorizado. Alguns custam quase o dobro do que quando comprado. A professora Cláudia Christina Scherer, 44, confirma este dado.
Há quatro anos, se mudou do bairro Languiru para o Centro Administrativo. O terreno de 579 metros quadrados custou R$ 34 mil. Hoje, está avaliado em R$ 80 mil. A busca por novos locais foi tanta que ela teve de desmembrar a área. Criou uma nova, de 340 metros quadrados, que vendeu para uma colega de trabalho por cerca de R$ 58 mil.
Para Cláudia, a localização é privilegiada e estimula a valorização. O bairro é próximo da ERS-128 (Via Láctea) e sedia a prefeitura.