Ministério Público investigará licitação de obra

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Ministério Público investigará licitação de obra

O asfaltamento de um trecho da rua Epitácio Pessoa, próximo do via­duto da ERS-130, será investigado pelo Ministério Públi­co (MP). A obra foi realizada pela Construtora Giovanella antes mesmo de ser divulgada a vence­dora do processo licitatório. A di­reção da empresa admite o erro.

rConforme o promotor de Justi­ça, Carlos Augusto Fiorioli, o Tri­bunal de Contas do Estado (TCE) deve apontar crime de improbida­de administrativa, com aplicação de multas aos envolvidos.

Informa que abrirá um inqué­rito civil para averiguar as possí­veis irregularidades do processo, mas prefere aguardar pela verifi­cação dos documentos antes de se manifestar sobre o caso. “Percebe­mos que existem fatos irregulares claros. A execução legal da obra foi desrespeitada.”

O edital foi publicado em 27 de março, sendo que a abertura dos envelopes com as propostas ocor­reu em 11 de abril. A JLV Constru­tora Ltda, com sede em Montene­gro, apresentou a proposta mais barata: R$ 221,2 mil. A Giovanella ficou em segundo, propondo R$ 221,6 mil para asfaltar 4,5 mil metros quadrados daquela via, entre a rua Fábio Brito de Azam­buja e o início da Av. Amazonas. A Conpasul sugeriu R$ 225 mil.

Segundo o diretor da JLV, Val­mir D`ávila, um problema na planilha interna fez com que sua empresa apresentasse a menor proposta de forma equivocada. Diz que o custo para uma obra semelhante ao asfaltamento da rua Epitácio Pessoa é próximo de R$ 460 mil. “Houve uma falha, pois nunca faríamos a obra pelo preço apresentado.”

Após saber da vitória, a em­presa de Montenegro desistiu do processo licitatório, repassando os serviços para outra empresa. Conforme D`ávila, com aval da administração municipal. “Desis­timos por meio de um documento, anexado ao processo de licitação.” Entre os argumentos, a empresa de Montenegro alega dificuldades e elevados custos de locomoção de seus maquinários.

O repasse foi direcionado à Cons­trutora Giovanella, que apresen­tou a segunda melhor proposta com uma diferença de R$ 400. Ela realizou os serviços entre 13 e 18 de abril, mesmo sem o resultado da licitação, a autorização do Exe­cutivo e o empenho do valor para pagamento dos serviços. Como o processo licitatório pode ser anula­do, a empresa corre o risco de não receber pelo trabalho.

Administração culpa empresa pelo erro

Para o procurador jurídico do município, Marcelo Caumo, a empresa Giovanella, que tam­bém realiza parte das obras no viaduto localizado ao lado da rua, aproveitou a presença de suas máquinas para realizar o asfaltamento de forma anteci­pada. Informa que existe possi­bilidade dela ser penalizada ou do processo de licitação ser re­vogado. “No momento não posso afirmar nada sobre o empenho dos valores, mas é possível que os serviços não sejam pagos.”

Caumo comenta que não há erro da administração munici­pal. Diz que só na quinta-feira, dia 19, o Executivo soube que o asfalto estava pronto. “Nós res­peitamos as etapas. Quem er­rou foi a empresa, que se ante­cipou ao processo.” O secretário de Obras, Ernani Bourscheid, responsável por fiscalizar o andamento de obras com re­cursos públicos, admite que desconhecia o andamento e a finalização dos serviços.

Construtora admite erro

O proprietário da cons­trutora que realizou a obra, Nilson Giovanella reconhece a falha. Diz que havia um acordo verbal com a empre­sa de Montenegro, para que ele assumisse o serviço. Co­menta que antecipou o início para aproveitar a presença das máquinas, instaladas no local em função das obras no viaduto da ERS-130. “Eu as­sumi o risco. Mas agora que eles (JLV Construtora) desisti­ram, não sei se vou receber pelo serviço.”

O construtor quer nego­ciar com a administração municipal. Comenta que, como segundo colocado na licitação, era sua respon­sabilidade fazer a obra. No entanto, Giovanella admite que desrespeitou o processo ao iniciar as obras sem au­torização. “Meti os pés pelas mãos. Realizamos de forma precipitada para atender a pressão sobre o fim da obra do viaduto.”

Entenda melhor o fato

No dia 27 de março foi publi­cado o edital de convocação, e a abertura dos envelopes ocorreu no dia 11 de abril. Uma semana depois, a obra estava quase pron­ta, sem ter sido autorizado o iní­cio dos serviços ou penhorado o valor do pagamento.

O projeto é orçado em R$ 221 mil e são 4,5 mil metros quadra­dos de pavimentação. Ainda falta sinalizar a via.

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