Divergência entre Dnit e Funai atrapalha a obra

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Divergência entre Dnit e Funai atrapalha a obra

O Dia Nacional do Ín­dio tem pouco a ser celebrado na região. O impasse entre o De­partamento Nacional de Infra­estrutura de Transportes (Dnit) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) emperra o início da du­plicação no trecho de nove qui­lômetros da BR-386, entre Estre­la e Taquari.

É o único local intocado pelo consórcio construtor. A presença de uma tribo caingangue próxi­mo da divisa com Bom Retiro do Sul e à beira da rodovia federal impede o avanço da obra.

fA dificuldade de acerto entre os dois órgãos federais irrita os líderes locais. Conforme o pre­sidente do Conselho de Desen­volvimento do Vale do Taquari (Codevat), Ney Lazzari, o rela­cionamento tumultuado ficou exposto durante uma reunião, na terça-feira, com o superin­tendente regional do Dnit, Vla­dimir Casa.

“O que transpareceu é que o Dnit descumpriu promessas em outros estados, e a Funai aproveita isso para barganhar (novas exigências).” Acrescenta que diversas promessas foram cumpridas, como a compra de uma área de 33 hectares e a dis­tribuição de cestas básicas às famílias indígenas.

Pressão política

As reuniões com as entidades federais ocorrem há, pelo me­nos, seis meses. Em nenhuma houve a participação dos de­putados estadual Luis Fernan­do Schmidt (PT) e federal Enio Bacci (PDT), representantes na Assembleia Legislativa (Porto Alegre) e na Câmara dos Depu­tados (Brasília).

Lazzari ressalta que encon­tros como esse, com a superin­tendência do Dnit, são feitas de “última hora”, impedindo um planejamento melhor dos políticos. Acrescenta que eles têm outras prioridades nesse momento.

A opinião é compartilhada por Schmidt. Ele afirma que há outras prioridades trabalhadas pelos parlamentares nas áreas da saúde e a defesa da Compa­nhia Riograndense de Sanea­mento (Corsan) como distribui­dora de água no estado. “Agora, não depende mais da pressão política. É tudo questão buro­crática”, se exime.

Bacci afirma que participa das reuniões, mas em Brasília. Justifica a ausência nos demais encontros por não ter sido con­vidado pelas lideranças locais. Declara que não pode esperar que as audiências sejam mar­cadas para, assim, tomar algu­ma iniciativa.

Visita a Brasília

A comissão pela duplicação encaminhou, ontem, um re­querimento a Brasília, solicitando uma au­diência com a coordena­ção nacional da Funai. Querem cobrar mais agilidade do ór­gão na liberação do trecho. O encontro deve ocorrer na pró­xima semana.

Outra crítica de Lazzari é quanto à inatividade do go­verno federal. Segundo ele, o trabalho hoje feito pela so­ciedade deveria ser feito pela União. Acredita que esta é a única maneira de fazer todos os órgãos envolvidos na obra se articularem e deixarem as disputas de lado.

Nova aldeia

O principal entrave, agora, é quanto à construção da nova aldeia. Lazzari informa que, em um acordo verbal, a Funai se comprometeu a liberar a obra quando o projeto estivesse pron­to. Agora, cobra a execução do projeto para que as máquinas possam trabalhar no trecho.

A coordenadora de acom­panhamento de licenciamento ambiental da Funai, em Brasí­lia, Júlia Paiva contesta. Ela diz que não faz acordos verbais e que, conforme o contrato, o trecho só será liberado quando a nova aldeia estiver concluída. “É preciso que a tribo saia da faixa de domínio e esteja mo­rando no novo local.”

Júlia reforça que os projetos foram encaminhados com atra­so à Funai, mas foram apro­vados pela entidade há duas semanas. Todos os documentos foram assinados pela cacique da tribo estrelense, Maria Antô­nia Soares Silva.

Casa se limita a dizer que a empresa contratada para fazer o levantamento da nova área finaliza o projeto para, em se­guida, licitar a obra. “O resto são declarações equivocadas da Funai, com as quais não entraremos em polêmica.”

Para La­zzari, o momento é de apreen­são. Licitar obras são questões burocráticas que demoram muito tempo para serem de­finidas, o que pode atrasar a obra – projetada para ser con­cluída em novembro de 2013. Em pelo menos 90 dias o trecho permanecerá inalterado.

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