As recorrentes falhas no serviço da AES Sul motivam empresários a pedir apoio da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). Em reunião marcada para hoje, a Câmara do Comércio, Indústria e Serviço de Estrela (Cacis) e a Câmara de Indústria e Comércio do Vale do Taquari (CIC-VT) entregam um documento com as demandas da região ao presidente da entidade, Heitor José Müller. O encontro será às 10h, no Estrela Palace Hotel, em Estrela.
Na região, as principais reclamações do setor comercial são: sucateamento das redes e dos postes, falta de investimento e manutenção, carga de energia insuficiente e mau atendimento aos clientes.
O presidente da CIC-VT, Ardêmio Heineck critica a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) pela inoperância. “Fizemos reuniões, apresentamos as necessidades, mas pouco evoluiu.”
Para ele, as entidades devem trabalhar em conjunto e cobrar o atendimento às necessidades. “O Vale não pode parar.”
O presidente da Cacis, Henrique Purper discute os contratos com concessionárias. Entende que é necessária a participação das entidades e da sociedade na formulação dos documentos para exigir qualidade no atendimento.
Concessão segue até 2027
O contrato com a AES Sul foi assinado em 6 de novembro de 1997. Estão previstas em resolução Normativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) penalidades caso o serviço seja deficiente ou inadequado.
A AES Sul informa que apresentou plano de obras à Agergs. Dentre elas estão: a construção de subestações de energia, em Arroio do Meio e Roca Sales, reformas em Encantado, que aumentam em 29% o fornecimento de luz. Em Estrela, a instalação de um novo transformador acrescenta em 50% a carga.
O gerente da região Metropolitana e dos Vales da AES Sul, Luis Alberto Krummenauer garante que os investimentos ultrapassam R$ 30 milhões em linha de transmissão, subestações e distribuição. Segundo ele, em 2011, a concessionária investiu R$ 11 milhões – valor 35% maior do que em 2010.
Sobre a substituição de postes em situação precária, Krummenauer diz que, nos últimos quatro anos, foram instaladas cem mil estruturas de concreto. Alega que este número representa mais de 10% de toda a linha na região.
Falha na comunicação afeta setor produtivo
O atendimento da concessionária AES Sul é criticado pelos empresários. Na terça-feira, estava programado o desligamento no bairro Alto do Parque, em Lajeado. O anúncio foi feito no site e em carro de som pelas ruas do bairro. A falta de luz iria das 13h até as 17h30min para extensão das redes, mas o serviço não ocorreu.
Empresas dos arredores organizaram as atividades baseadas na informação. Proprietário de uma concessionária, Valmor Scapini dispensou 60 funcionários durante a tarde e desligou a central para evitar danos aos computadores. A empresa de Scapini parou por mais de uma hora.
Como a AES Sul não executou o serviço, a empresa voltou a ligar os equipamentos. O empresário cobra responsabilidade da AES Sul na comunicação com a sociedade. “A produção foi prejudicada por essa circunstância.”
Na mecânica de outra concessionária, o coordenador técnico do setor, Luciano Araujo diz que todos os horários para vistoria de veículos foram remarcados devido ao comunicado da AES Sul. “Foi um incômodo ter de ligar aos clientes, explicar o caso, que no fim não se concretizou.”
Conforme a AES Sul, o serviço foi cancelado porque duas equipes tiveram de atender uma emergência. A empresa avisa que remarcará outra data para o desligamento da rede.
Prioridades da região
O documento que será entregue para a Fiergs contem informações sobre as demandas da região como: investimento para melhoria na infraestrutura viária e hidroviária, ampliação do prédio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Lajeado, além do abastecimento de energia.
Para Purper, a mobilização de empresas, entidades de classe e sociedade fortalece as lutas por menos impostos e melhorias dos serviços públicos.
Pela CIC-VT, Heineck acredita que o encontro aproxima a relação com a Fiergs. Para ele, isso representa apoio institucional às demandas da região.
A programação começa com o presidente da federação, que fala sobre a carga tributária do país. Em seguida, serão debatidos os temas da região. Às 11h30min, ocorre entrevista aos veículos de comunicação.
Depois do almoço, empresários e integrantes das entidades visitam o Sesi e a empresa Brasilata. Esta será a primeira visita do projeto de interiorização da Fiergs. O objetivo é conhecer as necessidades das regiões e encaminhar as demandas das indústrias.