Sumiço de R$ 1 milhão intriga diretoria

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Sumiço de R$ 1 milhão intriga diretoria

A nova diretoria do Hospital Roque Gonçález, empossada há três meses, recorreu ao Ministério Público (MP) para averiguar o provável sumiço de R$ 1 milhão dos cofres da entidade.

O valor seria suficiente para quitar as dívidas com o governo federal e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), referentes ao período de 2001 a 2010.a

Segundo a atual vice-presidente Pasqual Bertoldi, o hospital tinha R$ 700 mil aplicados em 2001. Porém, diz que não há vestígios de investimentos feitos com o valor, que hoje alcançaria R$ 1 milhão, se calculados os juros.

O MP investiga o caso e tenta reaver os documentos financeiros da entidade. Segundo Bertoldi, as dívidas de setembro de 2010 até hoje foram quitadas. As anteriores continuam sendo negociadas e parceladas.

A diretoria quer ampliar o quadro profissional. Hoje, a entidade tem: dois clínicos gerais, um obstetra, um pediatra, um psiquiatra, um anestesista, um cirurgião, um traumatologista, um oftalmologista e um psicólogo. Bertoldi diz que se quer reaver a credibilidade do hospital e devolvê-lo à população.

“Fui usado”

Ex-tesoureiro do hospital, Benjamim Gedoz revelou para a Promotoria Pública que assinou cheques em branco para a administração da entidade na época. Depois de formuladas, todas as folhas tinham cópias autenticadas por ele. Porém, com a troca de administradores em 2001, Gedoz conta que não foram mais exigidas cópias de autenticação.

“Fui usado”, reclama o ex-tesoureiro, dispensado do cargo sem explicações depois de assinar três talões de cheque em branco, correspondente a 150 folhas. Uma nova conta bancária teria sido aberta em Porto Alegre, para facilitar o acesso ao médico Baiar Ficher dos Santos, que tinha o maior número de apólices na época.

Responsável administrativa entre 2001 e 2010, Mara Beatriz Röhsig não atendeu à reportagem. Enquanto aguarda a investigação do MP, a atual diretoria renegocia dívidas próximas de R$ 1 milhão com o estado e busca retomada da filantropia.

Nesta semana, em visita a Brasília, o prefeito Amilton Fontana solicita ao Ministério da Saúde o valor de R$ 501 mil para compra de equipamentos ao hospital. Bisturi, otoscópio, pinças, gerador de energia, rede de canalização e reforma do telhado estão entre as melhorias previstas com o valor.

Retrospectiva

Fundado em 1925, o hospital foi construído com o apoio da comunidade. Na época, mais de mil apólices foram vendidas aos moradores locais, tornando-os associados da entidade.

Bertoldi informa que com o passar dos anos, poucas pessoas mantiveram essas apólices, centralizando as decisões na diretoria.

Há menos de dez anos, por falta de pagamentos ao INSS, o hospital perdeu o título filantrópico, antes concedido pelo Conselho Nacional de Assistência Social, para atender pessoas carentes.

Em 2010, por intervenção do MP, foi formada uma comissão temporária para dirigir o hospital. Depois disso, as apólices foram divididas e nomeadas. Cada cidadão poderia ter apenas uma em seu nome, compartilhando o poder de decisões.

Em dezembro de 2011, a atual diretoria, formada por membros da comunidade, assumiu o hospital. Ela busca sanar as dívidas da entidade, que ultrapassam R$ 1 milhão, e reaver a filantropia.

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