Com bandeiras, apitos e nariz de palhaço, professores e alunos protestaram contra a proposta de reajuste apresentada pelo governo do estado. Ontem de manhã, mais de 200 pessoas enfrentaram a chuva durante a caminhada pelas avenidas Alberto Pasqualini e Benjamin Constant.
Organizada pelo 8º Núcleo do Cpers/Sindicato, a manifestação se encerrou com discursos em frente à Escola Estadual Castelo Branco. Às 8h30min, os manifestantes saíram da Escola Estadual Erico Verissimo, no bairro São Cristóvão, em direção à Praça da Matriz.
À frente da caminhada, duas estudantes de magistério empunhavam o cartaz com os dizeres: “Lutamos por qualidade na educação”. Mariana Becker, 15 e Luciana Hergessel, 16, reforçaram o coro em apoio à luta dos professores.
A presidente do Grêmio Estudantil da escola Jacob Arnt, de Bom Retiro do Sul, Nadine Eidelwein, 16, acredita que o pagamento do piso salarial representa melhoria na sala de aula. “É uma forma de motivar os professores.” Segundo ela, alunos da escola estão solidários às reivindicações.
Professora de Português da Escola Estadual Fernando Vieira, de Lajeado, Rosângela Mello destaca o apoio à classe. Diz estar surpresa com a manifestação dos pais. “Foi a primeira vez que ficaram ao nosso lado.”
A diretora do Cpers/Sindicato na região, Luzia Hermann reivindica o cumprimento da lei criada em 2008 que estabelece o piso dos professores em R$ 1.451. Lembra que o autor foi o governador Tarso Genro, quando ele era ministro da Justiça.
Segundo ela, o valor pago por 40 horas semanais aos professores do estado é o menor do país. “O base é de R$ 795 por mês. Queremos que a lei seja cumprida”.
Representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) no Vale, a professora Denise Goulart acredita que a paralisação provocou o recuo do governo do estado.
O projeto para aumentar o salário em 23,41%, que seria votado pelos deputados estaduais hoje, foi transferido para a próxima semana. Governo e Cpers/Sindicato voltam a negociar amanhã.
Protesto segue até amanhã
A paralisação é nacional e segue até amanhã. Os professores também cobram o repasse de 10% do Produtor Interno Bruto (PIB) do país à educação pública, contestam as mudanças no plano de carreira da categoria e solicitam o reajuste nos mesmos índices para funcionários de escolas.
Cada município define suas estratégias de protesto. Hoje, em Estrela, os professores se reúnem na praça Menna Barreto durante todo o dia. Eles entregam panfletos e esclarecem os motivos da paralisação.
Para amanhã está marcada mobilização em frente à Secretaria Estadual de Educação. Cerca de dez ônibus com professores da região participam do ato. Conforme o Cpers/Sindicato, os manifestantes se unirão a servidores de outras categorias em frente ao Palácio Piratini, às 16h.
Discussão do piso nacional ocorre há quatro
• Lei que estabelece o piso foi sancionada em 2008. Reajuste é anual.
• Para facilitar a adaptação nos estados, o governo federal admitiu no ano seguinte que o piso poderia incluir vantagens e gratificações.
• Em 2010, o piso passou a ser aplicado como vencimento inicial e excluiu disposição dos cálculos as gratificações. Desde então, o estado não conseguiu se adequar.
• Pela lei, os governos precisavam adequar os planos de carreira até 31 de dezembro de 2009, com o cumprimento do piso salarial. O Cpers barrou as mudanças propostas no plano durante o governo passado.
• Governos estaduais acionaram a Justiça questionando a lei. Em 2011, o Supremo Tribunal Federal manteve que o piso como vencimento básico.