Ano letivo se incia com ameaça de greve

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Ano letivo se incia com ameaça de greve

O desacordo entre o go­verno do estado e re­presentantes do Cen­tro dos Professores do RS – Sindicato dos Trabalhado­res em Educação (Cpers/Sindi­cato) sobre o piso do magistério terá reflexos na região.

A presidente da entidade no Vale do Taquari, Luzia Hermann acena com a possibilidade de greve nos próximos dias nas es­colas estaduais.

Caso se confirme, será o se­gundo protesto em três meses. No fim de 2011, mobilização pa­recida ocorreu, mas com pouca adesão de professores. A maio­ria decidiu não participar do movimento porque prejudicaria o encerramento das aulas.

O sinal de alerta foi dado no fim da semana passada. O Cpers estará permanentemente em “estado de greve”. Segundo Luzia, foi uma forma que o sin­dicato encontrou para pressio­nar o governo. Se o estado não acatar a proposta ocorrerá a greve.

A principal ação do núcleo re­gional do sindicato é a visita às escolas para conversar com a categoria e mostrar as inten­ções. “Agora veremos até que ponto os professores lutam por melhorias.”

Em reunião na sexta-feira, o Cpers rejeitou as propostas de reajustes salariais do governo gaúcho. O sindicato exige a retirada do projeto que trami­ta na Assembleia Legislativa que prevê 23,5% de aumento. A ideia do governo é chegar ao piso de R$ 1.260 – R$ 191 a me­nos que o piso nacional e pagar em parcelas até 2014.a

Se projetam três parcelas: 9,84% em maio, 6,08% em no­vembro e 6% em fevereiro. O Cpers rejeita a oferta porque avalia que não representa um ganho real, já que a primeira parcela representa a incorpora­ção na folha de um abono que a categoria recebia, a segunda parcela se refere à variação da inflação em 2011 e a terceira parcela incidirá em 2013.

Na assembleia geral foi cria­da uma contraproposta para ser apresentada ao estado. Os professores querem piso de R$ 1.451 para este ano, dividido em três vezes de 22,41%: em maio, agosto e novembro.

Estado analisa, mas dá sinais negativos

O chefe da Casa Civil, Carlos Pestana (PT), em coletiva de imprensa depois da assembleia do Cpers, disse que não há pos­sibilidade de o Palácio Piratini aceitar a proposta defendida pelo sindicato. Segundo ele, isso não é negociação.

Pestana assegurou que o go­verno manterá o projeto e não modificará o calendário. As mudanças, somadas, chegarão a R$ 2,5 bilhões nos cofres esta­duais.

Um novo encontro na manhã de ontem entre sindicato e go­verno estremesseu ainda mais as negociações. A conversa es­tava marcada com o governa­dor do estado, que viajou para a Alemanha e mandou um re­presentante. O sindicato deixou o Palácio do Piratini sem res­postas.

Assembleia define movimento

A categoria definiu na as­sembleia que as mobilizações se voltariam para o partido do governador, o PT, e que os sin­dicalistas deveriam fazer uma nova contribuição para bancar as atividades.

Uma das resoluções determina que sejam confeccionadas fai­xas com o símbolo do PT e fra­ses escritas em torno. Alguns sindicalistas foram contra pois são filiados ao partido, mas a maioria venceu.

Outra medida aprovada foi a definição de uma “chamada extra” – nova contribuição ao sindicato durante determinado mês. O pagamento dos filiados ao Cpers é de cerca de 2% do vencimento. No total, o sindi­cato recebe cerca de R$ 1,2 mi­lhão por mês, que é usado com campanhas de mídia e folha de pagamento.

O encontro foi marcado por um baixo quórum de profes­sores. Antes eram mais de 60 mil participantes que lotavam o Gigantinho, em Porto Alegre. Nas últimas reuniões foram em média 1,2 mil professores.

Pagamentos em 2013

A Justiça gaúcha re­solveu agir. Na tarde de ontem, o juiz José Antônio Coitinho, da 2ª Vara da Fazenda Pública do Foro Cen­tral de Porto Alegre, sentenciou o estado a pagar o piso nacional aos professores. O va­lor definido pelo Mi­nistério da Educação é de R$ 1.451 por 40 horas semanais.

No manifesto, Coiti­nho afirma que o pe­dido dos professores – de pagamento para este ano – é inviável e decidiu que o reajus­te seja feito em 2013. Para tanto, o estado deve incluir no orça­mento do próximo ano os valores referentes ao piso.

Pestana recorrerá da decisão. Ele conversa nos próximos dias com a Procuradoria Geral do estado para definir os argumentos para reverter a sentença.

Entenda as propostas

O que quer o estado

– Dar aumento de 23,41%

– O piso seria de R$ 1.260

– Projeta pagar até 2014

– Em três parcelas: 9,84% em maio, 6,08% em novembro e 6% em fevereiro

O que quer o sindicato

– Receber o piso nacional de R$ 1.451

– Alteração de valores ainda em 2012

– Pagamento em três parcelas iguais de 22,41%: para maio, agosto e novembro

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