Um levantamento realizado pela Brigada Militar (BM) e da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) apontam que em 2011 aconteceram 486 crimes de trânsito no município – equivalente a 1,3 caso por dia. A ERS-128, a Via Láctea, é a com maior incidência: 70 casos.
Segundo o comandante da PRE, sargento Radamés Fabiano Prediger, os trechos mais perigosos são os quilômetros 29, 26, 22 e 23, onde ficam as rótulas de acesso aos bairros Teutônia, Languiru e Canabarro.
No perímetro urbano, a rua Carlos Arnt tem o maior índice: foram 45 casos, representando 9,3% do total. A via interliga os quatro bairros do município, sendo alternativa para os condutores que evitam trafegar pela Via Láctea.
Para as autoridades, a principal causa dos acidentes é a falta de atenção dos motoristas. O comandante da BM, o capitão Ricardo Moreira Prestes informa que flagrou alguns condutores acessando as ruas transversais sem dar sinal de luz.
Segundo Prestes, motoristas que moram na zona rural estão acostumados a conduzir os veículos sem respeitar algumas regras de trânsito – como sinalizar quando ingressar em alguma rua.
Prediger confirma a informação e estima que, em 90% dos acidentes ocorridos na Via Láctea, a culpa é dos motoristas. Cita como exemplo os abalroamentos (veja boxe) nos acessos aos bairros: afirma que os condutores se baseiam na velocidade dos demais veículos.
Motoristas concordam
O levantamento das corporações aponta que 87 pessoas ficaram feridas só no perímetro urbano. Na Via Láctea, duas pessoas morreram. Um motorista concorda com as autoridades. A maioria dos acidentes acontece por imprudência e falta de atenção dos condutores.
Em 2011, seguia pela rua Carlos Arnt no sentido bairro Canabarro a bairro Languiru, quando tentou ultrapassar um veículo que estava mais lento. Ao fazer a ultrapassagem, teve a frente cortada pelo outro motorista, que ingressou em uma das transversais, mas não sinalizou a ação. Na tentativa de desviar, capotou o Fusca.
Ele reconhece que também foi imprudente. Ultrapassagens são proibidas em diversos pontos da via.
Reformas na Via Láctea
Prediger faz coro à reivindicação iniciada em 2011 pelo Executivo. Reconhece que há dificuldades para duplicar a Via Láctea, mas considera necessário substituir as rótulas instaladas no município.
Para o comandante, o melhor seria implantar estruturas fechadas – semelhantes as que construídas em diversos pontos da BR-386. Isso obrigaria os condutores a reduzir a velocidade próximo dos acessos aos bairros.
Em matéria publicada pelo jornal A Hora, há duas semanas, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) descartou substituir as rótulas por três motivos: as atuais não apresentam riscos aos motoristas; os acessos aos bairros são excessivos; e a equipe do setor de engenharia está deficitária.
Casos Preocupam
A incidência de crimes de trânsito no município prejudicam os atendimentos na Saúde. No início do mês, a secretária de Saúde, Mareli Vogel elencou os acidentes como um dos fatores para um investimento de quase 26% do orçamento em saúde.
O principal problema está no atendimento de traumatologia. Em alguns casos, as vítimas são encaminhados a outros hospitais, por faltar uma referência nessa especialidade na região.
O diretor-executivo do Hospital Ouro Branco, André Lagemann concorda. Aponta que a estrutura do pronto-atendimento requer mais investimentos, com equipe de enfermagem e diagnóstico atuando 24 horas e sete especialistas ficam de sobreaviso. O serviço é custeado pelo Executivo.
Lagemann informa que os casos costumam ser resolvidos no município, pois o HOB tem dois traumatologistas de sobreaviso.
Os casos de maior complexidade – como os politraumatismos graves – e que necessitem de uma UTI são encaminhados para outros locais.
O hospital atende, em média, dois casos diários por acidentes de trânsito.