Agricultores querem alteração

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Agricultores querem alteração

aEnquanto que a zona ur­bana avança, a rural des­tinada para a produção de grãos e alimentos di­minui a cada dia. Esta mudança obrigou muitos agricultores nos últimos anos a trafegar com seus tratores e outros equipamentos agrícolas por rodovias estaduais e federais, infringindo a lei.

Pelo Código Nacional de Trânsito, para trafegar fora da propriedade, o maquinário deve ser licenciado, emplacado, ter equipamentos de segurança e o motorista habilita­ção nas categorias C, D ou E.

Enquanto não conseguem mu­dar a lei, produtores e lideranças ligadas ao setor tentam conven­cer autoridades de que esse trân­sito não oferece riscos.

Ontem, em Porto Alegre, foi rea­lizada uma reunião entre a Supe­rintendência da Polícia Rodoviária Federal (PRF) com representantes do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lajeado e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag).

O deputado Heitor Schuch (PSB) diz que é necessário encontrar al­ternativas para permitir que agri­cultores não recebam punições por trafegarem pela rodovia. “Te­mos que mudar a lei. Ela é falha e prejudica quem produz.”

Schuch observou que muitos agricultores necessitam apenas atravessar a rodovia para che­gar às suas terras. Ressalta que a maioria dos tratores hoje utilizado foi comprada há mais de 20 anos e nem nota fiscal tem mais. “Como conseguiremos a liberação dessas máquinas agora? Precisa­mos encontrar alguma alternati­va. Acredito que mudando a lei é a melhor maneira.”

Em caso de acidente o veícu­lo é guinchado, o condutor é multado e só consegue retirar a máquina no guincho fazendo o emplacamento.

Dificuldades no campo

O problema é semelhante em diversas propriedades. Em Gló­ria, Bom Retiro do Sul, o agri­cultor Osmar Fink, 57, tem 50 hectares de terras. Destes, 22 estão separados pela BR-386. Para alimentar as 60 vacas lei­teiras necessita todos os dias atravessar a rodovia para bus­car o pasto e a silagem.

Fink trabalha na lavoura com o auxílio dos dois filhos. Ressalta que o problema não é emplacar, mas sim manter os equipamentos agrícolas após o licenciamento.

Tem três tratores e sete carre­tões. Estima que gastaria cerca de R$ 10 mil para licenciar as máquinas e mais R$ 4 mil por ano em impostos.

Para reduzir o risco de aci­dentes o agricultor trafega pelo acostamento em horários de pouco movimento. “Foi a rodo­via que invadiu nossas terras. A solução seria fazer uma rua la­teral para evitarmos de transitar pela BR.”

Seu vizinho, João José Fell, 47, teve um trator apreendido pela PRF há cerca de um mês. Ressalta que o policiamento não quis liberar sua máquina e precisou acionar sua advogada para reaver o equipamento.

Fell aponta que a maioria dos produtores da região possui ter­ras nos dois lados das rodovias. “O estado precisa entender que não fazemos parte da cidade, somos da região agrícola. Quem produzirá se nós pararmos?”

O agricultor acrescenta que tem habilitação AB há mais de 30 anos.

Produtores serão escoltados

A PRF se propôs a orien­tar os agricultores e sempre que precisarem, oferecer es­colta até a lavoura.

Como medida futura, as lideranças pretendem se reunir com o Conselho Na­cional de Transito (Contran), buscando uma maneira de permitir que os agricultores possam circular com maqui­nário agrícola, tendo apenas a habilitação A e sem preci­sar emplacar os veículos.

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