Polícia amplia investigação de carros adulterados

Notícia

Polícia amplia investigação de carros adulterados

A 9ª Delegacia Regio­nal de Polícia Civil, com sede em Lajeado, tem novos suspeitos quanto à venda de carros com perda total como se fossem se­minovos. A intensificação dos trabalhos ocorre depois que uma quadrilha, que adulterava a documentação de carros, foi presa na quinta-feira.

O delegado regional adjun­to, Juliano Stobbe ressalta que a prática se tornou atraente para os criminosos. Conforme ele, a lucratividade estimulou a ganância e a vontade de fazer parte do grupo.

Ele prefere manter as infor­mações em sigilo para não prejudicar a investigação. Mas afirma que parte dos suspeitos atua em Lajeado.

Segundo Stobbe, o fato do município ter diversas reven­das de automóveis pode facili­tar a atividade criminosa. “Mas isso não quer dizer que todos (os empresários do ramo) estão envolvidos”, garante Stobbe.

Acrescenta que o trabalho será estendido a outros municí­pios, pois acredita que a falsifi­cação ocorre em todo o estado.

Legislação dúbia

Stobbe salienta que a falta de uniformidade nas leis estaduais de trânsito facilita a prática ilí­cita. Conforme ele, o Conselho Nacional do Trânsito (Contran) apenas define regras amplas sobre as atitudes do trânsito, cabendo aos Departamentos Es­taduais de Trânsito (Detran) de­finir o que é crime.

No caso do estado, adulterar documentos de carros acidenta­dos, vendidos em leilões de se­guradoras é crime. Ele ressalta que, em alguns estados, a nor­ma é diferente, não consideran­do o fato como ilícito.a

Os veículos sinistrados – como são chamados – têm uma identi­ficação que informa a fragilidade da estrutura do chassi. A quadri­lha presa modificava o registro e incluía dados falsos no sistema do Detran, tornando um carro dani­ficado como seminovo.

O delegado salienta que, antes de trafegar pelas cidades, os pro­prietários devem encaminhar os carros para os Centros de Registro de Veículos Automotores (CRVA). Estes departamentos fazem um laudo técnico, atestando a possi­bilidade de circular sem arriscar a segurança dos demais.

Monitoramento

Conforme Stobbe, 309 carros adulte­rados pela quadrilha estão em circula­ção nos vales do Taquari e do Rio Pardo. A maioria tem placa de São Paulo – no Rio Grande do Sul, predomina a inicial “I”. A polícia suspeita que, em 99% dos casos, foram adulterados.

Durante a operação, dez veículos foram periciados, mas nove foram de­volvidos aos donos. Estes podem tran­sitar, mas com diversas proibições, como: venda, financiamento, doação, empréstimo, etc.

Stobbe acrescenta que os proprie­tários dos 309 veículos podem ser prejudicados caso a Justiça acate a denúncia oferecida pelo promotor João Beltrame, do Ministério Públi­co (MP) de Sobradinho, no Vale do Rio Pardo.

Ele informa que o Judiciário pode solicitar uma perícia minuciosa dos veículos e poderão ser recolhidos aos de­pósitos. Os que se sentirem lesados deve­rão ingressar com uma ação na Justiça contra os vendedores do veículo.

Entenda o caso

– A 19ª DP regional e o MP de Sobradinho desencadearam uma operação em seis municípios dos vales do Taquari e do Rio Pardo. Seis pessoas foram presas – três de Lajeado, uma de Estrela e duas de Passa Sete;

– Os carros eram comprados em leilões de companhias de se­guro de São Paulo. Os mais visa­dos eram os com grandes avarias no chassi (perda total, acidentes graves, etc.). O valor pago varia­va de R$ 7 mil a R$ 20 mil;

– Os veículos eram transferidos para o Rio Grande do Sul e fica­vam em depósitos;

– Por meio de propina, dois fun­cionários de um CRVA de Passa Sete alteravam a documentação dos veículos. Retiravam as in­formações de grandes avarias, transformando-os em seminovos;

– Os funcionários também transferiam a documentação para o estado, inserindo no sistema do Detran informações falsas, como endereços e nomes de pessoas inexistentes;

– Os carros eram reconstruídos, a maioria com peças de proce­dência duvidosa, como retiradas de carros furtados ou roubados nos Vales;

– Com a alteração, os veículos eram vendidos como se fossem seminovos. Alguns custavam o triplo de quando comprados em São Paulo. A maioria dos carros era Toyota Corolla – que tem montagem fácil e é um dos mais valorizados do mercado.

Acompanhe
nossas
redes sociais