Os nove carteiros que atuam no município enfrentam dificuldades na entrega de correspondências. Em algumas pontos da cidade, o serviço está interrompido há cinco meses. A agência de Correios alega que a decisão se deve ao excesso de cães, que ameaça os funcionários. Os pontos críticos ficam nos loteamentos 3, 4 e no Marmitt.
Em maio de 2011, a agência havia suspendido a entrega em algumas ruas. O assunto foi publicado pelo A Hora. Segundo o gerente Airton Dietrich, depois disso, alguns moradores entraram em contato para avisar que haviam prendido os animais. Mas na maioria dos casos, o problema persiste.
Dietrich diz que tomou a decisão de cancelar as entregas para proteger a saúde dos trabalhadores. Os moradores com a entrega suspensa foram notificados. “Alguns reclamam, dizem que não têm cachorro, que é do vizinho. Mas tenho de proteger os carteiros.”
Moradora do Marmitt, Marina Miranda, 51, se sente prejudicada pela decisão dos Correios. Ela diz tem um cachorro e afirma que ele está sempre no pátio fechado ou preso na corrente. Diz que outros animais são responsáveis por espalhar lixo, fazer barulho durante a noite e atacar pedestres e motociclistas.
Em 2011, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Sema), junto com agentes comunitárias de saúde, iniciou um trabalho de conscientização nas comunidades. Materiais explicativos foram distribuídos. A medida teve pouco efeito.
Há pouco mais de dois meses, o carteiro Arnaldo Erni Sehn foi atacado no bairro Boa União. Ficou de licença por cinco dias. Devido à lesão, passou um mês em serviços administrativos. Carteiro há 26 anos, Sehn diz que sempre percebeu cachorros soltos. “Quando somos atacados, nunca aparece o dono”, protesta.
Para dar condições de trabalho aos carteiros, o município solicitou aos Correios a identificação das ruas e bairros com o serviço suspenso. Com essas informações, fiscais e servidores pedirão aos moradores que mantenham os cães presos.
Município investe R$ 6 mil por mês no canil
De acordo com o biólogo da Sema, Emerson Musskopf, a população de cães cresceu nos últimos quatro anos. Relata que muitos animais são abandonados. Os recolhidos vão para o canil municipal ou à Organização Não-Governamental Associação Estrelense de Proteção aos Animais (Aepa).
Ambos estão com a capacidade no limite. São cerca de 80 cães sob cuidados do município e 50 com a Aepa. Hoje, para manter o espaço, a administração municipal gasta em média R$ 6 mil por mês.
Musskopf conta que a cada três meses, fiscais e agentes de saúde ajudam na divulgação da campanha de vacinação. A Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Departamento de Vigilância Sanitária, aplica gratuitamente remédios contraceptivos.
Conforme o biólogo, poucos vacinam os animais. Isso, na opinião dele, demonstra o descaso das pessoas. “Eles se cansam do animal e os abandonam.”
Dono de dois cães, o morador do Marmitt, Pedro Nascimento Alves não quer mais os animais. “Liguei várias vezes para eles recolherem.” Irritado, acredita que a responsabilidade agora é do município. Na rua em que mora, cerca de seis cachorros perambulam entre os carros e pedestres.