Os novos diretores do Grupo Imec assumiram o posto nesta quinta-feira e anunciaram mudanças. A proposta é tornar a administração da empresa mais transparente e profissional.
A primeira reestruturação será feita no setor de Recursos Humanos. A diretoria reconhece que os funcionários estão insatisfeitos com a maneira que a empresa era comandada e buscam reverter o quadro. Hoje a Imec tem 1.971 empregados.
A nova presidente do conselho administrativo, a engenheira civil Vera Bortolini Alves se comprometeu a contratar funcionários – desmentindo o anúncio interno da diretoria anterior, que anunciava demissões em massa.
Outra proposta é a inclusão de conselheiros administrativos independentes a empresa. Hoje, a Imec é composta por dois grupos familiares majoritários: os Rotta e os Bortolini que têm juntos 80% do controle acionário.
As mudanças serão implementadas de maneira gradual. O novo diretor-presidente da Imec, o advogado César Adriano Antoniazzi informa que não haverá rupturas com o trabalho feito por Maria Eunice Rotta Bergesch, que comandou a empresa por 12 anos.
As movimentações
A busca pela profissionalização da maneira de administrar a empresa começou há dois anos. Maria Aparecida Rotta Wagner conta que houve resistência de Eunice. O fato provocou o rompimento da família Rotta – composto pelas demais irmãs Maria Cristina e Maria Beatriz.
Com as divergências, elas se separaram e buscaram a união com a família Bortolini. A proposta de substituição da diretoria anterior começou a ser definida há alguns meses. Uma assembleia de acionistas, realizada nesta quarta-feira, sentenciou a troca.
Ao todo, o Grupo Imec tem 93 acionistas. Vera tem a terceira maior fatia. As duas primeiras posições são ocupadas por pessoas jurídicas: a NR Administração, com 36,67% e a Família Bortolini, com 33,34%.
Os novos diretores afirmam que as questões pessoais dos acionistas – Eunice ingressou com uma liminar para anular a assembleia – não interferem no processo administrativo da empresa.
Ex-diretores contestam
O ex-diretor financeiro da Imec, Marcos Rodrigues, desmente a informação de que há funcionários descontentes. “Se existem, queremos saber quem são.”
Cristian Bergesch, ex-diretor comercial, se limitou a repetir que a troca foi motivada por divergências na distribuição de valores entre os acionistas. “Não concordamos com essa distribuição porque tínhamos uma responsabilidade social com mais de dois mil funcionários.”
Ele acompanha a mãe, Maria Eunice, que está internada no Hospital Bruno Born (HBB).
História
– O Grupo Imec foi fundado em 1956;
– Até 2000, tinha cinco filiais espalhadas pelo estado e cerca de 400 funcionários. O faturamento era de R$ 40 milhões;
– Ao longo dos últimos 12 anos, os negócios ampliaram. São 25 unidades no estado e o faturamento de 2010 foi de R$ 300 milhões. Hoje, são 1.971 funcionários contratados nos diversos setores da empresa.
“Os sócios queriam retirar mais dinheiro da empresa”
Marcos Rodrigues ocupou o cargo de diretor financeiro da Imec por 12 anos. Ele concedeu entrevista ao jornal A Hora nesta sexta-feira. Confira:
A Hora – O que provocou a mudança administrativa?
Marcos Rodrigues – As irmãs da (Maria) Eunice, por discordar da forma como conduzíamos a empresa, deixaram de votar com ela e passaram a votar com a família Bortolini. Não houve irregularidade na nossa gestão e isso está comprovado pela auditoria externa.
Como foi essa divergência?
Rodrigues – Culminou que, em 2011, uma assembleia convocada pela maioria composta pelas irmãs da Eunice e pela família Bortolini determinou a distribuição de um valor, no nosso entendimento inadequado, de lucros acumulados.
Qual era a proposta?
Rodrigues – Os sócios queriam retirar mais dinheiro da empresa. Em média, ao longo dos últimos dez anos, foi de 10% a 15% (do resultado). Eles (a maioria) propuseram valores muito superiores, mais do que o dobro. Uma distribuição excessiva dos lucros acumulados ao longo dos últimos anos.
E o que foi feito?
Rodrigues – Motivou a nós, como diretores, entrar judicialmente contra a maioria, comprovando que o valor era alto.
O que isso pode refletir?
Rodrigues – Ele reflete negativamente no fluxo de caixa e pode prejudicar o crescimento da empresa. O último investimento de (grande) porte foi o Desco, há um ano e meio. E durante esse período foram feitas apenas a manutenção e reformas (de algumas unidades).