O representante do PSDB deveria ter assumido em dezembro. Na última sessão de 2011, Adriel, líder da Chapa 1, concorria contra a Chapa 2 de Lorival Silveira (PP). O então presidente do Legislativo, Paulo Tóri (PPL) impugnou a candidatura do tucano, com base no parecer da assessoria jurídica que alegava a impossibilidade de um suplente concorrer à Mesa Diretora.
Derrubado o parecer jurídico pelos seus advogados, e com seu rival impossibilitado de concorrer devido à morte de um familiar, Adriel venceu a disputa na terça-feira com seis votos contra duas abstenções. Tudo por meio de uma articulação política envolvendo PSDB, PMDB, PT e PTB. Delmar Portz (PSDB) será seu vice e Hugo Vanzin (PMDB) o secretário.
Adriel concorreu pela primeira vez em 2008, quando foi eleito terceiro suplente com 488 votos. Desde então, participou de 12 sessões como suplente e desde setembro como titular. Não apresentou projetos de lei. Administrará um orçamento previsto de R$ 3,3 milhões e contará com sete cargos ligados diretamente a ele.
Como principal projeto, tentará a independência financeira do Legislativo. Hoje, atrelado ao Executivo. Pretende diminuir o número de cargos de confiança na câmara, dando preferência a funcionários concursados. O aluguel da sala de presidência será encerrado.
Adriel é natural de Lajeado. Além de vereador é músico, cabeleireiro e líder comunitário. Completou o Ensino Fundamental. A seguir, as principais metas do novo presidente do Legislativo lajeadense.
“Político tem que ter coração”
A Hora – Você representa o bairro Santo Antônio, um dos mais carentes da cidade. O que isso significa para você?
Adriel — Sou também o atual presidente da Associação do Bairro Santo Antônio, e creio que isso serve de motivação para a população de baixa renda brigar pelas coisas mais certas no município.
Qual sua história na política?
Adriel – Fui primeiro presidente de bairro, e hoje estou no segundo mandato no Santo Antônio. Concorri a vereador em 2008, atingindo os 488 votos que me trouxeram até esta cadeira do Legislativo.
Você foi eleito como terceiro suplente em 2008, e assumiu como titular há cinco meses. Como você sustenta sua indicação por parte da oposição e sua posse como presidente?
Adriel – Sei que todos estão falando da falta de experiência, mas estou tranquilo. Acho que o político tem que ter coração (sic), e claro, sabedoria para fazer certas coisas do Legislativo. Mas estou muito seguro disso, estou muito bem-assessorado pelos melhores assessores da casa. Com certeza, pode faltar experiência sim, mas vontade de trabalhar não me falta.
Caso prefeito e vice estejam inaptos para governar, você assume a administração municipal. Sente-se preparado para assumir como prefeito?
Adriel – Se eu disser que estou preparado estarei mentindo. Mas tenho a coragem. Se por ventura algo acontecer, e creio que não irá, estou aqui para fazer o que tem que ser feito.
Você assume a câmara em um ano eleitoral, indicado pela oposição que estava há mais de 12 anos longe da presidência. Qual sua estratégia para manter a ordem e a imparcialidade no plenário?
Adriel – A nossa estratégia é respeitar cada vereador, e conduzir os trabalhos mediando o estilo e o trabalho de cada um. Se eu der respeito aos demais, certamente serei respeitado. A receita é a transparência, se fizer uma gestão assim, a população dará um crédito a mais para a casa legislativa.
Você será situação ou oposição?
Adriel – Não sou situação nem oposição, sou oposição às coisas ruins. As coisas boas eu tenho o direito e o dever de apoiar.
Você tem direito a 50% a mais em relação ao salário normal do vereador, como Verba de Representação. Aceitará esse dinheiro?
Adriel – Não é questão de aceitar ou não. Hoje, está na Justiça, e se lá está é porque é ilegal. Se não é meu eu não quero. Não preciso, graças a Deus.A Câmara de Lajeado é criticada pelo grande número de assessores e os abusivos gastos dos recursos públicos. Você considera necessário utilizar todos os sete cargos nomeados pelo presidente?
Adriel – São cargos da administração, e não do meu gabinete. Com certeza considero necessário para funcionar o Legislativo.
Segue na Justiça a retenção de parte dos salários dos vereadores. Você é a favor ou contra a liberação desses valores para os parlamentares?
Adriel – Reuniremos os vereadores nesta tarde (quinta-feira) para discutir. O jurídico nos auxiliará nessa situação. Mas faremos o que tem de ser feito, podem ter certeza.
Mas você é a favor da liberação ou da retenção dos valores?
Adriel – Sou a favor do que a Justiça determinar.
Já foi determinado pela Justiça que o dinheiro não seja destinado aos vereadores, mas houve recurso por parte da assessoria jurídica do Legislativo.
Adriel – Então deve ser cortado. A Justiça decide, não depende do presidente.
Ficou algum atrito com outros vereadores pela eleição malconduzida de dezembro?
Adriel – Quem perdeu foi a população que ficou sem presidente. Da minha parte está tudo tranquilo.
