Justiça e MP mantêm decisão contra clube

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Justiça e MP mantêm decisão contra clube

A decisão da juíza Car­men Barghouti, que proíbe eventos no Clube Centro de Reservistas até a realização das adequações acústicas, está mantida.

O Ministério Público (MP) des­cartou a possibilidade de acordo, solicitada pela assessoria jurídica do clube na sexta-feira. Assim, o maior Carnaval de salão do sul do país não poderá ser realizado sob pena de haver intervenção poli­cial na noite do evento.a

O promotor Carlos Augusto Fio­rioli descartou qualquer tipo de conciliação. Ele observa que um acordo pode ser feito durante o andamento do processo, mas não após a decisão judicial.

Fiorioli ressalta que o descum­primento do Termo de Ajustamen­to de Conduta (TAC) firmado em 2008 motiva a rigidez. “Mantere­mos a posição, pois é de interesse público que não haja mais festas no local antes das readequações. Não cabe a nós, mas ao clube bus­car a solução.”

De acordo com o promotor, é ne­cessário aguardar pelo manifesto da diretoria do Centro de Reservis­tas, que tem o direito de contra­por a decisão da Justiça. A juíza Carmen enfatiza que sua liminar foi justa e será mantida. “Vamos esperar o clube entrar com re­curso. É o que eu os aconselho a fazer.”

O prazo para recorrer da deci­são se encerra nesta sexta-feira. Até o momento nenhum recurso foi oficializado.

Na atual situação, se o baile de Carnaval for realizado, o clube responderá por Crime de Desobe­diência, podendo resultar em pri­são e multa. “Se isso ocorrer, have­rá intermediação policial e a festa será encerrada. Não aconselho a chegar neste ponto”, antecipa a juíza Carmen.

O advogado do clube, Rubiney Lenz quer analisar a situação an­tes de dar novas declarações.

Baile foi anunciado

No sábado, durante uma boate na SER Sampainho, os comunica­dores confirmaram o baile de Car­naval no Centro de Reservistas. O promotor de eventos Luiz Heissler, o Django, diz que houve um mal- entendido. “Avisei ao locutor que a Tentação da Folia, como é conhe­cida a festa, ocorreria em Santa Clara do Sul, mas não especifiquei o local. Depois corrigimos.”

Heissler aguardará pela decisão final antes de se manifestar sobre o assunto.

Morador se defende

Ângelo Braun, um dos integrantes do abaixo-assinado, é sócio hono­rário do clube e integrou a diretoria por 16 anos. Ressalta que não é contra o Centro de Reservistas nem quer fechar o clube, como algumas pessoas insinuaram.

Enfatiza que liderou o abaixo-assinado, em abril de 2011, pensando nos idosos, doentes, crianças e famílias trabalhadoras, solicitando providências para a redução do volume dos eventos. Reitera a ne­cessidade de revestimen­to acústico gradativo das paredes do clube. “Cada vez que há baile ou boate é um suplício para os mo­radores do entorno e nin­guém consegue dormir.”

De acordo com ele, na petição encaminhada ao MP consta que os morado­res não são contra o bai­le de Carnaval, podendo ser realizado por ser um evento cultural e anual.

Braun observa que no abaixo-assinado todas as pessoas sabiam dos itens que constavam no documento. “Alguns mais temerosos, apesar de re­conhecer e vivenciar o problema, por medo de represálias, não assina­ram. Pedimos para não divulgar os nomes e ago­ra vários assinantes fo­ram visitados.”

Caso for difamado e tiver testemunhas disso, Braun moverá uma ação judicial por danos morais contra os responsáveis. Ele aconselha as pessoas que se sentem prejudica­das a fazerem um Bole­tim de Ocorrência na Bri­gada Militar ou na Polícia Civil. “A lei está a favor dos direitos do cidadão. Estou com a consciência tranquila do dever cum­prido.”

Relembre o caso

Na semana passada, o ad­vogado do Centro de Reservis­tas, Lenz disse que a diretoria desconhecia a existência do TAC, de 2008, no qual o clube se comprometia a respeitar o volume de som em horários de sossego. O descumprimento foi fundamental para a retirada da licença. A fiscalização apon­tou que o clube reproduzia 70 decibéis, sendo que o máximo permitido é 45.

Ele observa que se a de­cisão judicial for mantida, o clube encerrará suas ativi­dades, vendendo o imóvel e demais bens. Lenz cita que a diretoria pedia a autoriza­ção para realizar o Carnaval e em um segundo momento, seriam debatidos eventos fu­turos e mudanças estruturais.

Lenz questiona a veraci­dade dos documentos apre­sentados pelos moradores. Segundo ele, apenas 68 das 105 assinaturas de um abai­xo-assinado eram válidas. Os inválidos teriam assinado sem saber dos itens abaixo-assinados e parte deles mo­rava a mais de um quilôme­tro do local.

Reclamação semelhante em Mato Leitão

Em 1999, moradores próxi­mos da Sociedade Esportiva União Boa Vista (Seubv), de Mato Leitão, fizeram um abai­xo-assinado solicitando que a associação providenciasse iso­lamento acústico em sua sede social. A diretoria se compro­meteu em reduzir o volume do som, durante a promoção de eventos.

A situação voltou a incomo­dar os moradores, que em 2008 efetuaram novo documento. Pedro Kunzen observa que por algum tempo o volume do som foi reduzido. “Agora o respeito acabou.”

Romeu Krombauer mora há 30 anos no local. Segundo ele, ocorrem de duas a três festas por mês. “Parece que está pior do que antes. Alguma coisa precisa ser feita.”

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