Justiça propõe acordo entre clube e MP

Notícia

Justiça propõe acordo entre clube e MP

A cassação da licença para a realização de eventos festivos – sonorizados – no Clube Centro de Reser­vistas ameaça o Baile de Carnaval. A juíza Carmen Barghouti marcou uma reunião para esta sexta-feira à tarde, a qual será decisiva para o futuro das atividades do clube.

Diante do impedimento, a di­retoria do clube e assessoria ju­rídica coletaram 800 assinaturas de moradores para avalizar a realização da festa de Carnaval. A ideia, segundo o advogado Ru­biney Lenz, é fazer o baile para angariar fundos e posteriormen­te adequar todo o sistema acústi­co exigido pelo Ministério Público (MP). “Temos o projeto pronto, o qual será realizado em duas eta­pas. Dependemos de um acordo.”

cSe a decisão judicial for manti­da, segundo Lenz, o Centro de Re­servistas encerrará suas ativida­des, vendendo o imóvel e demais bens. “Buscamos uma solução imediata que permita a realiza­ção do Carnaval, num primeiro momento, e depois sejam debati­dos os eventos futuros.”

Conforme o advogado, a dire­toria desconhecia a existência do Termo de Ajustamento de Condu­ta (TAC), de 2008, no qual o clube se comprometia a respeitar o vo­lume de som em horários de sos­sego. O descumprimento do TAC foi fundamental para a retirada da licença do clube.

A juíza Carmen ressaltou que o clube tinha o conhecimento do TAC, assim como o prefeito Paulo César Kohlrausch, que participou da assinatura do termo na época. “O acordo era antigo e no meu pon­to de vista, o MP não viu outra al­ternativa senão retirar a licença”, diz. “Veremos se haverá um novo acordo. Sabemos da importância do Carnaval para a cidade.”

O advogado ressaltou que a ju­íza Carmen tomou a decisão sem ouvir as partes – Clube Centro de Reservistas e administração muni­cipal. “Não levou em consideração todos os aspectos e prejuízos imen­suráveis que provocaria e está pro­vocando ao clube.”

Em sua decisão, a juíza Carmen considerou inadequadas as insta­lações do prédio para a realização dos eventos que envolvem música alta, devendo ser providenciada a adequação. Apontou como inad­missível o descumprimento do TAC e que a poluição sonora afetava a vizinhança de forma inaceitável.

A fim de averiguar se o clube cumpria com os termos prometi­dos, o MP realizou uma vistoria durante um evento promovido dia 24 de setembro de 2011. O tolerável eram 45 decibéis de volume, mas foram constatados 70 decibéis.

Após a suspensão das ativida­des, a diretoria realizou uma pes­quisa, pela qual se verificou que a maioria da comunidade – do município e região – era contra a decisão judicial.

Advogado questiona moradores

O advogado enfatizou que em maio de 2011, um dos moradores do entor­no, Júlio César Pereira Lopes, se auto­denominou advogado e representan­te legal dos moradores da vizinhança do clube, exibindo um pedido de pro­vidências e denúncia de perturbação do sossego público. “Lopes apresentou documentos que constavam no in­quérito de 2008, que estava arquiva­do, além de um abaixo-assinado con­tendo 105 assinaturas.”

Após saber do manifesto, o presi­dente do clube, Fábio Goergen teria entrevistado os assinantes para saber se sabiam do documento e se concordavam com a proibição de re­alização dos eventos.

Conforme Lenz, dos 105 assinan­­tes, 23 declararam que aderiram ao documento porque foram informa­dos que seria um pedido para redu­zir o volume do som mecânico e não para proibir a realização dos eventos, como bailes, festas e carnavais.

Foi também constatado que oito dos assinantes não residem em San­ta Clara do Sul e que 14 deles moram a mais de mil metros da sede do clube. Portanto, só 68 assinaturas seriam válidas.

“Promotoria agiu de forma clandestina”

Lenz acusou a Promoto­ria Pública de, na época da reabertura do inquéri­to, ter feito investigações de forma clandestina e inquisitória – acerca do nível de decibéis gerados por uma festa. “A prova consistente em perícias clandestinas, sem auto­rização judicial, é, por isso, nula, capaz de con­taminar outros elemen­tos a partir dela produ­zidos.”

A maior ilegalidade, de acordo com Lenz, man­cha toda a prova colhida sem autorização expres­sa do Poder Judiciário, é que nenhuma notificação foi enviada ao presidente do clube, na época em que as investigações fo­ram realizadas.

Relembre o caso

No dia 26 de maio de 2008, morado­res próximos do clube reclamaram da poluição sonora provocada por eventos no local. Após, foi firmado o TAC, entre o clube e Ministério Público de Lajeado (MP), visando o respeito ao horário de sossego público, com anuência da ad­ministração municipal.

Sem haver reclamações posteriores, o documento foi arquivado pelo Conselho Superior do Ministério Público Estadual em outubro de 2008.

Em abril de 2011, os moradores volta­ram a reclamar do problema. A investi­gação revelou que o Centro de Reservis­tas realizou uma ampliação do prédio, construindo uma área coberta sem o isolamento acústico, revestida apenas com tecido, gerando a propagação de som em níveis superiores ao permitido.

Em consulta às ocorrências registra­das por moradores, foram verificados que os vidros das casas ao redor do clu­be tremiam por conta do barulho, além de residirem ali pessoas de três meses e 92 anos.

No início de janeiro deste ano, a Jus­tiça decretou que o clube não realizasse ou permitisse qualquer evento em sua sede social, antes de fazer as adaptações acústicas no salão de festa e anexos.

Acompanhe
nossas
redes sociais