Mafrig/Seara demitirá 300 funcionários

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Mafrig/Seara demitirá 300 funcionários

De férias coletivas, os 650 funcionários da empresa Mafrig/Seara não imaginam que podem ser um dos 315 demitidos no dia 2 de fevereiro. A empresa comunicou o encerramento de uma das linhas de produção, a de coxa desossada, ao Sindicato das Indústrias de Carnes, nesta sexta-feira.

A produção será cessada porque a empresa deixará de exportar esse produto para o Japão, investindo no mercado interno. Em agosto de 2011, 150 funcionários foram demitidos pelo mesmo motivo.

marA indústria é a segunda maior da cidade e foi fundada antes do município se emancipar, há mais de 40 anos, quando era da marca Pena Branca. Em 2010, a rede Mafrig assumiu o negócio, passando a se chamar Mafrig/Seara.

Ela produz cem toneladas diárias de embutidos (mortadela, salsicha e salsichão) e importa funcionários de outras cidades como: Nova Bréscia, Encantado e Colinas. Cinco ônibus transportam os trabalhadores todos os dias.

No Rio Grande do Sul, o grupo tem filial em Roca Sales, Caxias do Sul, Itapiranga, Frederico Westphalen, Alegrete, Mato Leitão, São Gabriel, Bagé, Capão do Leão, Pampeano e Esteio.

Conforme o presidente do sindicato, André Dortz, para trabalhar na Seara é preciso ter Ensino Fundamental. Ele fala sobre os benefícios e bons salários que a empresa paga. Para 44 horas/semana, o salário em média é de R$ 850, mais benefícios como transporte, plano de saúde e participação nos lucros – que em dezembro chegou a R$ 600 além da remuneração mensal.

O presidente do sindicato alerta que nos próximos dias será marcada uma reunião com a empresa para ajustar os direitos dos funcionários. Segundo ele, será solicitado dois meses de aviso prévio e os direitos: pagamento de férias, 13º salário, fundo de garantia e os 40% de multa sobre o fundo.

Dortz é funcionário da empresa há mais de 20 anos. Ele diz que muitas pessoas construíram casas trabalhando na Marfrig/Seara. É o caso de Eitor Riguer, 49. Ele trabalha há 26 anos na empresa e sustenta a mulher e os dois filhos com o salário. Segundo ele, a notícia era esperada. Nos últimos meses, a produção estava reduzida e as férias coletivas, apenas desta linha, anunciavam as dificuldades.

Surpresa com a notícia, Elaine Scherer trabalha na Mafrig/Seara há oito anos. Ela retornou de viagem esta semana e se preocupa com as demissões. Seu marido também trabalha na empresa e juntos sustentam uma filha de 15 anos.

Empresa gera R$ 27,120 milhões à cidade

A segunda maior empresa de Roca Sales causará, com as demissões, impactos financeiros e sociais à cidade. Ela gerou em 2011 um valor adicionado de R$ 27,120 milhões ao município.

Na manhã desta sexta-feira, os secretários municipais receberam a notícia com surpresa. O secretário da Administração, Fernando Marasca movimenta o Executivo para se reunir na segunda-feira com representantes da empresa e estudar uma forma dela manter os trabalhadores que moram na cidade. “Estamos assustados. Muito mais que financeiro, a empresa afetará o comércio. Ela paga bem seus funcionários e atrai migrantes para a cidade.”

Marasca espera que a empresa se reestabeleça e não encerre as atividades. Ele conta que já houve demissões e mais tarde, recontratação.

Segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Roca Sales tem 10.287 moradores. Seu orçamento para 2012 chegará a R$ 22 milhões. A maior empresa é a Calçados Beira Rio que gera um valor adicionado de R$ 67 milhões por ano.

Investimentos de 2,7 milhões

A Mafrig/Seara está localizada em uma área de risco no município, próxima do rio. Quando há enchente, a água invade o pátio da empresa, gerando prejuízos de aproximadamente R$ 400 mil.

Conforme o secretário Marasca, a empresa investiu R$ 500 mil depois da última cheia, na construção de uma barreira para evitar mais prejuízos. Para amenizar o problema em fevereiro, começa a construção de uma galeria. Serão investidos R$ 2,7 milhões – de um convênio com o governo federal.

Filial comprada nem abrirá

Em novembro de 2011, a Mafrig comprou 12 unidades da empresa Brasil Foods – Perdigão. Três delas no estado: Bom Retiro do Sul, Santa Cruz do Sul e Três Passos. Em abril a empresa terá pleno direito sobre as filiais e não há intenção de abrir a unidade de Bom Retiro do Sul – a maior das três – pelos mesmos motivos das demissões de Roca Sales. Lá são produzidos embutidos da linha Premium e empregados 360 trabalhadores.

A Brasil Foods vendeu as unidades para cumprir o compromisso assumido com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para possibilitar a aprovação da compra da Sadia pela Perdigão.

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