Alegria nos parreirais

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Alegria nos parreirais

Reflexo positivo da estiagem, a safra de uva anima produtores. As frutas estão caracterizadas pela doçura e sanidade. A colheita na região, projetada em 21,6 toneladas, iniciou há poucos dias e se estende até o início de março.

A projeção do técnico fruticultor da Emater/RS-Ascar, Derli Bonini, é de que seja uma das mais qualificadas colheitas já realizadas no estado. Ele ressalta que as condições meteorológicas foram essenciais para o bom rendimento das parreiras.

uvaBonini observa que durante o período vegetativo – setembro e outubro – em que as plantas desenvolvem os galhos e cachos, choveu o ideal. Na época de maturação da fruta – novembro e dezembro – iniciou a estiagem e, o calor, em conjunto com a baixa umidade do ar, deixa a uva mais adocicada e saudável.

A qualidade permite aumentar os preços. O valor mínimo do quilo da uva passou de R$ 0,46 para R$ 0,52.

A estimativa do fruticultor é de que a produção seja equivalente a da safra passada, onde foram colhidas 21,6 mil toneladas na região. No Vale do Taquari são cultivados 1,7 mil hectares da videira.

Dois Lajeados é o maior produtor da região, com cerca de 800 hectares. A cidade se destaca em âmbito nacional, na qual lidera a produção de uva Concord. A colheita é estimada em 20 milhões de quilos.

Conforme dados da Emater, 50% da safra da região é destinada para a produção de sucos; 48% para a produção de vinhos em pequenas cantinas e 2% para consumo in natura.

Criação de agroindústria

A família Baggio, de Dois Lajeados, cultiva uvas há mais de 40 anos. A preferência do casal Ermelinda Gasparotto Baggio, 53, e Arduíno Baggio, 56, os acompanha desde crianças, inspirados pelos pais que mantinham a atividade artesanal.

Auxiliados pelos três filhos, cultivam 16,5 hectares, sobretudo das uvas Niágara, Isabel, Lorena, Violeta e Cora. A previsão é de colher 340 mil quilos.

O filho mais velho Fábio Baggio, 30, diz que a família sempre entregava sua produção a uma cantina, no entanto uma crise no setor, em 2008, provocou fechamento da empresa e ameaçou a atividade. “Iniciamos a colheita e na hora de entregar as uvas, fomos negados. Que desespero”, lembra.

Deste momento ruim nasceu a agroindústria familiar, que hoje produz 60 mil litros de vinho e 10 mil de suco por ano. Para não perdem a colheita, a família improvisou uma sala na garagem da casa e fez vinho e suco. “Sabíamos como fazer, mas não tínhamos equipamentos. Tudo no braço.”

Estado perde 20% da produção

O Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) projeta quebra de 20% na safra gaúcha em relação ao ano passado. A falta de chuva em algumas regiões durante o período de formação e maturação da fruta motiva a perda.

Os 707 milhões de quilos colhidos no ano passado ficaram na história do estado. “A diferença desta safra está na qualidade. Estão muito doces”, reforça Bonini.

A produção no estado está estimada entre 560 e 600 milhões de quilos – podendo ser a terceira maior da história, perdendo apenas para a do ano passado e a de 2008.

Índios suprem falta de mão de obra

Um grupo de 11 índios Caingangs, de Xanxerê, em Santa Catarina auxilia na colheita das frutas há três anos. No início de cada safra, eles se hospedam na propriedade da família Baggio, onde permanecem por 45 dias.

Carlos Alberto Jacinto, 36, é o que está há mais tempo no grupo. De acordo com ela há pouco trabalho durante este período na sua região. “Com o dinheiro que ganho aqui compro material escolar para os filhos”.

Mercado de bebidas

Segundo o Ibravin, o Brasil produz, em média, 500 milhões de litros de suco de uva por ano, sendo que o estado é responsável por 90% da produção nacional. Um levantamento do instituto apontou recorde de vendas dos vinhos espumantes e do suco de uva fabricados no Rio Grande do Sul em 2010.

O balanço aponta o crescimento de 24,5% nas vendas do suco de uva natural em 2010. Foram comercializados 31,8 milhões de litros entre janeiro a dezembro, o maior volume da história, contra 25,5 milhões de litros nos 12 meses de 2009.

A venda de espumantes atingiu 12,5 milhões de litros entre janeiro a dezembro, ante 11,1 milhões de litros colocados nos 12 meses de 2009. Conforme a entidade, o volume é o maior da história.

A venda total de suco de uva (reunindo o natural, adoçado e reprocessado) teve alta de 20,6% de janeiro a dezembro, alcançando 36,7 milhões de litros.

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