Vereadores receberam R$ 52 por minuto

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Vereadores receberam R$ 52 por minuto

O prefeito Rubem Kremer (PMDB) convocou os nove vereadores – em férias – para votarem quatro projetos em sessão extra­ordinária. Diferente da maioria dos municípios do Vale, em Mar­ques de Souza, na convocação extra, os legisladores ganham R$ 422 a mais no valor mensal do subsídio.

Na reunião, que durou oito mi­nutos, foram aprovados quatro projetos: concessão de R$ 4 mil para custear as despesas com ar­bitragem no Intercamping 2012; contratação emergencial de cinco professores para a Escola Carlos Gomes; autorização para abrir crédito suplementar de R$ 970 mil e adequação ao Sistema de Con­trole Interno estadual.

O gasto é criticado pela popula­ção. O funcionário público Carlos Alberto Devitz, 61, compara ao salário que recebe por mês – pró­ximo dos R$ 700. “É um absurdo eles ganharem essa grana, em tão pouco tempo.” Ele trabalha oito horas por dia, operando uma ro­çadeira de três quilos.

Colega de Devitz, Noeli Kraemer, 49, considera o pagamento injus­to. Na opinião dela, os vereadores não deveriam receber no período de férias. “Enquanto estamos no sol, eles ficam sentados no bom do ar-condicionado.”

O proprietário de uma barbea­ria, Leonardo Darío Kich, 35, diz que os vereadores deveriam ter bom senso e devolver o dinheiro. Ele ironiza que às vezes não ga­nha em um dia o que eles recebe­ram por um minuto.

Executivo justifica sessão

Segundo o secretário da Administração, Alécio Wei­zenmann, com o superávit de R$ 1,3 milhão, a sessão foi necessária para dividir os recursos às secretarias municipais. Ele afirma que se a sessão não fosse con­vocada, faltariam verbas para serviços no município durante janeiro e fevereiro.

Weizenmann é favorável ao pagamento pela sessão extra. O secretário informa que o valor ganho por ses­são extra, no período de recesso, é um quarto do salário mensal.

O atual presidente do Legislativo, Lairton Heineck (PP) explica que tiveram co­nhecimento dos projetos, apenas na sexta-feira de manhã e não entende por que alguns não entraram em 2011.a

Heineck se defende. “O prefeito é quem decide se é lucro ou não fazer a reu­nião.” Sobre o pagamento diz que ficará com o dinhei­ro. “Por que devolver?”

A vereadora e líder de bancada do Partido dos Trabalhadores (PT), Ali­ne Röhrig comenta que quando soube da sessão, pensou que tivesse algo relacionado à seca no mu­nicípio. Ela não entende o motivo da reunião, sendo que nenhum projeto era de urgência. Em relação ao dinheiro recebido, a vereadora não respondeu se devolverá. Ela disse que em fevereiro, a população conhecerá o destino.

O líder da bancada do Partido do Movimen­to Democrático Brasileiro (PMDB) na câmara, Guido Arend diz que os vereado­res acataram uma ordem do prefeito em realizar a sessão extra. Ele não vê problema em ficar com o dinheiro, pois argumenta que o último reajuste de­morou dois anos.

Lei ampara vereadores

O assessor jurídico da câmara, Fábio Gisch afirma que existe lei determinando o pagamento extra só quando convocada pelo prefei­to. Em caso da sessão extraordiná­ria ser chamada pelo presidente do Legislativo, não é paga.

O assessor cita que os vereado­res podem protocolar um ofício, abrindo mão do subsídio, ou re­ceber o valor e depois, solicitar guia de recolhimento na admi­nistração municipal e pagar a quantia recebida, que retornará aos cofres públicos.

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