O índice de reprovações nos Centros de Formação de Condutores (CFCs) da região é alarmante. Em três categorias: prática de carro e na teórica de atualização de moto e de transporte de cargas os candidatos foram rejeitados em mais de 65,9%. O motivo é a ansiedade dos candidatos e a falta de preparo.
O maior problema é na categoria B (carro). Conforme informações da Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul (Procergs) desde o início de 2011, em Lajeado, de 6.740 testes realizados, 4.443 tiveram resultados negativos.
O Departamento de Trânsito do Estado (Detran) atesta que as principais faltas cometidas nos exames práticos foram associados à ansiedade. Entre os erros estão: a sinalização incorreta, falha na baliza, troca errada de marcha e deixar veículo desligar.
O diretor de um CFC de Lajeado, Marcelo Delazeri alia as reprovações às horas/aulas obrigatórias. Ele diz que o número de 20 horas para aulas práticas é insuficiente para preparar um aluno.
Cada hora custa R$ 28. Se o candidato fizer duas aulas de reforço terá pago o valor da taxa para refazer o teste de R$ 67,14. O aluno precisa esperar ainda 15 dias para marcar a nova prova. No fim, em média levará um mês a mais para concluí-la, se passar na segunda chance.
Pela segunda vez em menos de um mês a estudante Jéssica Bohnenberger foi reprovada no teste de direção. Ela afirma não entender o que deu errado no momento da prova. “Cheguei tranquila e errei.” Ela diz que tentará outra vez e projeta um gasto de até R$ 130 para isso. “Preciso da habilitação para estudar e trabalhar.”
Édipo Müller, 18, de Cruzeiro do Sul, na semana passada, fez o teste para motocicleta. Passou. Na tarde de ontem, fez seu primeiro teste para carro e teve um resultado positivo. Ele fez as 20 aulas e diz que se sentiu apto para fazer o exame. Por sinal o jovem passou de primeira também no carro. Foi o primeiro a ser chamado.
A arte-finalista Nicole Silva, 22, está na sexta tentativa. Acredita que reprovou pelos detalhes. “Esquecia de sinalizar ou deixava o carro apagar.” Estava nervosa com a prova. Se reprovar, terá de refazer as provas teórica e psicotécnico. Disse não estar confiante, diferente das outras vezes que fez o exame.
O custo de uma habilitação para uma categoria é de R$ 1.003. Nisso incluem as taxas do Detran, curso teórico, prática de direção, locação para exames, emissão da habilitação, e exames médicos, psicotécnico, legislação e direção.
Cuidado com a autoexigência
A psicóloga Aurinez Rospide Schmitz, especialista em Psicologia do Trânsito pelo Conselho Federal de Psicologia e Perita e Examinador do Trânsito credenciada ao DetraRS, explica que aluno realiza a prova em um momento de estresse elevado, ocasionando a ansiedade.
Segundo ela, pessoas ansiosas são exigentes com elas mesmas e analisam a reprovação como um erro. Aurinez cita que o candidato ansioso se preocupa muito com a opinião de terceiros e na segunda tentativa tende a se sentir mais tenso porque incrementa as sensações da primeira e segunda chance.
A psicóloga diz que quando se trata da prova prática para carro a tensão é ainda maior. Segundo ela, o sonho do jovem é ter um carro, e a habilitação é a entrada para isso. Se tiver um carro entrará para mundo adulto.
Principais erros
– sinalizar com antecedência uma manobra pretendida ou sinalizá-la incorretamente;
– Interromper o funcionamento do motor, depois do início da prova;
– Não colocar o veículo na área balizada, em no máximo três tentativas, no tempo estabelecido;
– Avançar sobre o balizamento demarcado quando do estacionamento do veículo na vaga e;
– Engrenar ou utilizar as marchas de maneira incorreta, durante o percurso.
Psicóloga indica como controlar a ansiedade
– analisar o que significa a prova;
– entender que o exame não é algo ameaçador;
– esquecer opiniões de terceiros;
– evitar conversas paralelas durante o exame. É preciso ficar concentrado e tranquilo;
– tente pensar em situações positivas;
– se alimente de forma saudável;
– pensa na prova como um momento da vida;
– o exame é uma meta e algo possível e não uma obrigação;
– seja menos autoexigente.