O que era para ser um alento se transformou em preocupação. A tão esperada chuva caiu sobre a região, mas trouxe junto granizo e fortes vendavais. Em menos de meia hora, algumas casas tiveram telhados arrancados pela força dos ventos, e outras ficaram danificadas pelas pedras de gelo.
Os piores casos foram registrados em Lajeado. Na média, choveu 25 milímetros em Lajeado. Na estrada geral do bairro Carneiros, postes e árvores caídas invadiram a via. Um caminhão ficou preso em um fio de luz que estava estendido sobre a rua. “Não vou sair, tenho medo de choque”, disse o motorista.
Próximo do local, vizinhos retiravam às pressas móveis e eletrodomésticos de uma residência. Minutos antes, toda a estrutura do telhado foi arrancada atingindo galpões e casas. Diversas aves estavam mortas junto dos escombros. Sala, cozinha, banheiro e quartos ficaram inundados. “Foi a segunda vez que isso aconteceu em dois anos”, conta um vizinho. O proprietário não estava no local.
Casas próximas foram atingidas pelo granizo. Na propriedade de Décio Valmir Gerhardt, parte do telhado do galpão foi destruído pelas pedras de gelo. “Eram maiores que bolas de gude.” A plantação de milho prejudicada pela estiagem dos últimos meses não escapou. “As folhas estão todas desfiadas. O que estava ruim ficou ainda pior.”
Sol e chuva no restante da semana
Segundo o meteorologista Eugenio Hackbart, nesta quinta-feira, a chuva atinge desde cedo o Sul e o Oeste do estado, e o sol aparece com nuvens nas demais regiões.
No decorrer do dia, deve chover forte na maioria das regiões gaúchas. Na sexta-feira, a chuva tende a se intensificar e se tornar mais generalizada do Centro para o Norte gaúcho com elevadas precipitações.
No sábado, a chuva segue de forma mais ampla na metade Norte do estado. No domingo, pode chover do Centro para o Norte do Rio, entretanto as precipitações devem ser mais localizadas que nos dois dias anteriores com a melhora do tempo na maioria das regiões gaúchas.
Segundo Hackbart, as chuvas no estado em janeiro devem ser bem mais frequentes em relação aos primeiros dez dias do mês, beneficiando, localidades do Centro para o Norte e o Nordeste gaúcho, como as regiões da produção, Alto Uruguai, Planalto Médio, partes das Missões e do Noroeste, região dos Vales, Serra, Campos de Cima da Serra e Grande Porto Alegre.
Destruição e prejuízo em Conventos
No bairro Conventos os moradores presenciaram cenas semelhantes às de grandes produções de cinema. Nilse Santos da Silva, proprietária de uma empresa de som mecânico, viu quando o telhado de 30 metros quadrados – voou por quase 15 metros e atingiu sua casa. “Foi uma cena de terror. Graças a Deus que ninguém se machucou.”
Com o impacto, parte da cobertura de sua residência cedeu, e a chuva estragou parte dos equipamentos sonoros. “Calculo em quase R$ 10 mil o nosso prejuízo.” Na casa de Pedro Kraemer o prejuízo foi menor, mas o susto foi grande. As telhas de um pequeno galpão localizado no fundo da propriedade voaram por quase dez metros atingindo árvores e plantações. Ninguém ficou ferido. “Parecia um tufão, pois as telhas giravam de um lado para outro.”
Vento derruba postes de luz em Encantado
Ontem, devido a chuva e vento forte, cerca de 500 residências de diferentes pontos do Centro ficaram sem energia elétrica por duas horas.
Três postes de energia ficaram pendidos: um na rua Duque de Caxias, próximo da rótula; outro na rua Miguel Luiz Pretto, próximo da ERS-129; e outro na rua Augusto Pretto próximo do hospital. Ambos apresentavam sinais de apodrecimento e rachaduras.
Apesar da situação precária dos postes de madeira, a AES Sul não trocou os postes, colocando apenas estacas para escorá-los novamente. Conforme o funcionário da concessionária de energia, João Cláudio Gonçanvez, as escoras tornam o trabalho mais rápido e agilizam a volta da energia, demorando menos do que a colocação de um poste novo. “Isso dura mais uns 20 anos com as escoras.”
Moradores próximos, como o representante comercial Luri Moesch, 59, dizem que é normal a queda de luz devido ao vento. Ele reclama da situação precária em que estão os postes de madeira, sendo a maioria na cidade. “Não botam mais postes novos, estão só emendando.”
Cerca de três mil ficaram sem luz
Conforme o gerente comercial da Certel Energia, Ernani Mallmann, cerca de três mil clientes ficaram sem energia das 14h30min até as 14h50min. Após este período, um grupo de residências ficou mais 25 minutos sem luz para ajustes em postes e redes de energia.
Mallmann afirma que as ocorrências se concentraram nos bairros Carneiros e Conventos. No total, três postes foram derrubados pelo temporal.
Interrupção de cinco horas
Em Mato Leitão, os moradores ficaram sem luz das 13h às 18h, devido a duas ocorrências distintas. No início da tarde, um fio de alta tensão próximo ao Sicredi se rompeu devido aos fortes ventos. A cidade ficou sem luz.
Pouco tempo depois, a força do vento quase derrubou um poste. Ele ficou suspenso pelos fios de alta tensão. Eram por volta das 17h30min quando os funcionários da AES Sul tentaram corrigir o problema.