O prejuízo causado pelo incêndio no Posto de Combustíveis Volken, na segunda-feira, foi superior a R$ 600 mil. Os dois feridos permanecem no HPS de Porto Alegre, um em estado grave.
A prática de transbordo de óleo diesel de um caminhão para outro é apontada como um dos motivos do sinistro. Era próximo das 18h quando aconteceu a explosão no posto, causada por um caminhão-tanque e um truck.
Os dados coletados pela perícia e representantes da Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente (Fepam) coincidem com a hipótese, considerada a mais provável. Peritos trabalharam por três horas na coleta de vestígios e informações. O laudo final será entregue em 60 dias à Polícia Civil, responsável por notificar os proprietários do posto e dos veículos envolvidos.
O engenheiro químico do serviço de emergência da Fepam, Vilson Trava Dutra, que acompanhou o grupo de peritos, acredita que a ação foi irregular. “Eles estavam fora da norma e em local inadequado.”
Conforme ele, o combustível só pode ser transferido de um caminhão a outro em casos de acidente de trânsito, onde é necessária uma ação imediata. O transbordo é irregular, pois ao passar o combustível de um tanque ao outro, há uma somatória de energia estática (eletricidade contida em torno do caminhão) que causa faísca e na sequência explosão. “Há 99% de chances de ser uma falha humana.”
Sete veículos queimados: prejuízo superior a R$ 600 mil
No incêndio, três caminhões e quatro carros foram totalmente queimados. Se somados, os prejuízos passam de R$ 600 mil. A maioria dos veículos não estava assegurada.
O caminhoneiro Marcelo Lhomann era o único que tinha seguro, porém só da gabine do caminhão e não da câmara fria. O prejuízo estimado é de R$ 250 mil. Ele estava no posto no momento do incêndio e conta que, mesmo com a chave no caminhão, foi impossível tirá-lo a tempo.
O motorista Jadir Caio, de Coronel Pilar, também teve seu caminhão queimado, assim como José Luís Bonzanini e seus sócios. Sem seguro, somam um prejuízo de R$ 300 mil. Caio diz que não tiveram tempo de retirar os caminhões, pois foram os primeiros a incendiar com o alastramento do diesel.
Dentre os quatro carros, estava um Chevette de propriedade do posto, uma Belina, um Uno e uma Eco Sport. O dono da Eco Sport Mário Marasca diz que com poucos quilômetros rodados, o prejuízo médio chega a R$ 60 mil.
Falta de equipamentos e alvará vencido prejudicaram os bombeiros
Conforme o soldado Claiton Ritt, responsável pelo comando da operação de incêndio do Corpo de Bombeiros de Encantado, o posto não tem hidrante e nem reservatório de água. Isso prejudicou a atuação dos bombeiros, obrigando-os a pedir auxílio de Estrela e Lajeado.
Ritt diz que o caminhão de Encantado suporta 2,4 mil litros de água, enquanto os demais chamados comportam até cinco mil litros.
O alvará de licença dos bombeiros para funcionamento do posto estava vencido há pouco mais de um mês, segundo o soldado Vanderlei Rodrigues. A renovação de inspeção deve ser feita depois da reconstrução do posto, sem a qual ele não poderá funcionar.
O proprietário do posto de combustíveis, Luís Carlos Volken, se recusou a falar sobre irregularidades. Porém, segundo informações dos bombeiros, algumas normas estabelecidas pela lei de segurança de 1997 são descumpridas no posto, devido à construção ser anterior a data, como o hidrante e reservatório de água.
Ainda transtornado, Volken diz que em 12 anos nunca teve um problema de incêndio. Com seguro e sem ideia do prejuízo, ele se preocupa com a vida dos funcionários feridos. “O prejuízo não é problema. Quero ver eles bem.”
Solo contaminado será retirado
Sobre os danos ambientais causados além da fumaça, houve o derramamento de dois mil litros de diesel n o solo do posto. Segundo Dutra, o proprietário foi notificado e deverá fazer um estudo da profundidade do vazamento.
Dutra diz que parte do diesel queimou, mas outra parte foi absorvida pelo solo do local e captada pelo sistema de drenagem do posto. Porém, neste processo, o combustível deixa resíduos na terra. Se isso for constatado, parte do solo deverá ser retirada, inclusive a pavimentação, para uma recolocação de terra não contaminada.
Não há previsão para reabertura do posto antes desse serviço. Será feita a troca de uma das bombas, reconstituição do telhado e o proprietário deverá entregar um relatório do dano ambiental causado, junto com o alvará dos bombeiros para atuação à Fepam.