Combustível adulterado danifica veículos

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Combustível adulterado danifica veículos

Mecânicos e motoris­tas reclamam que postos de combustí­vel vendem gasolina adulterada. Em uma mecânica, apenas nesta semana, cinco mo­tocicletas e um jipe estragaram devido à mistura.

Conforme os irmãos mecâ­nicos, Francisco e João Batista Dalongaro, a incidência na má qualidade começou em 2011. As principais misturas são de água e solvente, causando problemas no motor do veículo.

Francisco conta que na tarde de segunda-feira foi retirada gasoli­na com cheiro de solvente de uma das motocicletas com problemas. O mecânico tem o frasco com o produto guardado. Segundo ele, o proprietário do veículo abasteceu em um posto de Lajeado e solici­tou a melhor gasolina, com o cus­to de R$ 3,5 o litro.

O mecânico alega que a gasoli­na é o produto mais alterado. Ex­plica que um combustível de boa qualidade faz com que o veículo renda mais.

O mecânico Olécio Schmitz re­lata que o maior problema em carros é o desequilíbrio do sistema Flex. Segundo ele, com a adultera­ção do combustível o equipamento tem dificuldades de fazer a leitura correta entre etanol e gasolina. Schmitz relata que precisa socorrer motoristas com frequência devido aos problemas na gasolina.a

A motociclista Adriane Schultz abasteceu sua Biz 100 às 7h, na ida para o trabalho. Deixou-a parada até o meio-dia. Quando precisou utilizá-la ela não ligou. Adriane chamou seu mecânico que identificou o problema como carburador entupido.

Ao verificar a gasolina, ela esta­va suja e próximo do carburador com um aspecto gelatinoso. Ela não solicitou nota fiscal no posto de combustível que abasteceu e por isso não poderá acionar judi­cialmente.

Conforme Pedro Bezerra, do Procon de Lajeado, o órgão fiscali­zador é a Agência Nacional do Pe­tróleo (ANP). Ela só atua a partir de informações de irregularidades dos consumidores. Segundo ele, o Procon não tem técnico químico e laboratório para fiscalizar a qua­lidade dos combustíveis.

Bezerra diz que o consumidor pode reparar o dano com um pro­cesso judicial, mas antecipa que o procedimento é burocrático e demorado. O telefone da ANP é 0800-9700267 ou site www.anp.gov.br/denuncias

Operação para coibir as irregularidades

Uma força-tarefa do Ministé­rio Público (MP) testou, em agos­to, os combustíveis de diversos estabelecimentos da região. Em um deles, na BR-386, próximo do Posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) os exames aponta­ram índice de água superior ao de álcool.

O posto teve suas bombas lacradas com a autorização judicial. As coletas foram ana­lisadas em um laboratório móvel em postos localizados em Arroio do Meio, Bom Retiro do Sul, Encantado, Estrela, La­jeado e Roca Sales.

No mesmo mês, um levanta­mento feito pela reportagem do jornal A Hora mostrou que de 19 postos de combustíveis de Lajea­do e Estrela, 12 descumprem as normativas da Agência Nacio­nal do Petróleo (ANP). Ela obriga que os donos das empresas ins­talem placas na entrada do es­tabelecimento com os preços dos combustíveis vendidos no local.

O material precisa estar em lo­cal visível, de forma que o moto­rista não precise entrar no posto ou estacionar na bomba de com­bustível para verificar o valor. Nos postos da região, a maioria usa placas escondidas nos can­teiros, atrás de folhagens e árvo­res; outras em muros, próximos das áreas de lavagens de veícu­los; e algumas ficam invisível devido ao seu tamanho ou aos carros estacionados na frente.

Como reparar o dano – direito do consumidor

– É preciso comprovar o consumo: com nota fiscal que comprove o tipo do combustível, horário, dia e em que posto abasteceu;

– Comprovar o dano: um laudo do mecânico que comprove que o problema é da gasolina;

– Informar a ANT sobre a irregularidade;

– Entrar com ação judicial.

Teste da proveta

Se o consumidor sus­peitar da qualidade da gasolina vendida pelo posto, deve solicitar a re­alização do teste de pro­veta, que mede o teor de etanol misturado na ga­solina. Conforme a ANP, o posto deverá manter disponíveis os materiais necessários para a re­alização da análise e efetuá-la sempre que o consumidor pedir. A le­gislação obriga a mistura de 25% de etanol anidro à gasolina.

Veja direitos do consumidor ao abastecer:

– Preços devem ser iguais no painel e na bomba;

– Confira a origem do com­bustível: o posto deve infor­mar de onde vêm seus pro­dutos;

– Veja se é comum ou adi­tivado: toda bomba abaste­cedora tem que deixar claro, bem destacado, qual o tipo do produto;

– O posto não pode: vender de forma casada (compra de um produto com condição da compra de outro), limitar a quantidade de combustível que venderá, e reter estoque de combustível;

– Bomba tem que ter selo do Inmetro;

– Exija nota fiscal: ela é a prova de que você comprou naquele posto determinado produto;

– De olho no etanol hidrata­do: a cor alaranjada pode ser sinal de irregularidades. Ele deve estar límpido e isento de impurezas.

– Suspeita de irregularida­des: Informe o ocorrido a ANP pela internet (www.anp.gov.br/faleconosco) ou pelo tele­fone 0800-9700267. Para re­gistrar a queixa é preciso de informações do posto como: CNPJ, razão social, endereço e distribuidora. Elas constam nas notas fiscais.

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