Depois de ser confirmado o depósito irregular de lixo na rua Rodolfo Schroeder, no bairro Bela Vista, a administração municipal retirou parte dos entulhos do local. O Grupo de Patrulhamento Ambiental (GPA) que cuida do caso reclama da medida ter sido tomada em meio à investigação.
Segundo o comandante Dari Scherer, o GPA realizou o levantamento de resíduos, fotografou e mediu o espaço. O Executivo e o proprietário da área assinaram termo circunstanciado e responderão por crime contra o ambiente. “A administração agiu de má-fé”, alega o soldado, que condena a decisão do Executivo de recolher o material sem o consentimento do órgão ambiental.
A retirada das provas dificulta a comprovação do crime. Segundo o comandante, há um arroio próximo do local. Isso caracteriza que o terreno está situado em Área de Preservação Permanente (APP). A pena varia de três meses a um ano de prisão, além de multa.
Como alguns resíduos foram empurrados, indo parar no mato, há possibilidade de responderem por outro crime, de supressão de vegetação nativa em APP.
O lixo foi retirado na quinta-feira. Três servidores do Departamento de Serviços Urbanos e um da Secretaria de Obras recolheram estofados, móveis e carcaças de eletrodomésticos. Parte do material foi aterrado.
Lixo era camuflado
De acordo com a coordenadora do Departamento Municipal de Meio Ambiente, Juliana Salvi, o proprietário do terreno autorizou o Executivo a colocar restos de construção. Os outros objetos eram recolhidos junto com os entulhos e iam camuflados nos caminhões. “Algumas vezes, pessoas se valiam disso para descartar lixo junto com o concreto.”
Juliana diz que a partir de agora, nenhum tipo de material será encaminhado à área pelo município. Segundo ela, será intensificada a fiscalização para evitar que mais lixo seja depositado no local.
Scherer conta que o descarte de materiais de construção em área particular, desde que sem resíduos químicos, é permitido para o aterramento. No entanto, foram constatados itens que podem contaminar o ambiente.
Moradores aliviados
A casa da costureira Emília de Jesus, 48, fica ao lado do terreno. Ela mora com a filha, Ariane, 26, há cerca de três anos no local. Segundo ela, em todo esse tempo, no mínimo uma vez por semana caminhões da Secretaria de Obras despejavam resíduos na área.
Aliviada com a solução, Emília agora está preocupada com as pragas que se criaram. Ela conta que no dia seguinte à reportagem do A Hora, publicada na terça-feira, servidores municipais foram verificar a situação na rua. Em seguida, máquinas chegaram para começar o serviço de limpeza.
O casal Adriana e João Ribeiro acionaria a Justiça, caso não fosse tomada alguma providência. Segundo Adriana, os moradores pretendiam fazer um abaixo-assinado. Ela está cética quanto à solução de aterrar o local, porque as baratas, ratos e cobras continuarão na redondeza.