O repasse de R$ 2,5 mil mensais feito pelo Legislativo para a Fundação para Reabilitação das Deformidades Crânio-Faciais (FundeF) é insuficiente. Por isso entidade prevê sair do município em 2012.
Na metade do ano, uma portaria do Ministério da Saúde reduziu em cerca de 50% a destinação de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) para procedimentos bucomaxilofaciais de média e alta complexidade.
Segundo o presidente da FundeF, Jairo Cocconi, para reduzir custos e garantir o funcionamento da entidade, uma das alternativas é buscar vínculo com um hospital menor em outra cidade. A estrutura e equipamentos parados reduziriam os gastos. Hoje, a FundeF mantém as atividades no Hospital Buno Born (HBB).
A direção estuda a viabilidade de clínicas em outros municípios, deixando Lajeado em 2012. Cocconi diz que o repasse autorizado pelo Legislativo para 2012 é R$ 700 mais alto do que recebe hoje. O serviço segue inviável. “Outras entidades locais chegam a ganhar mais de R$ 20 mil ao mês do Poder Público.”
O Executivo está preocupado em manter a entidade, um dos quatro centros brasileiros de referência nesse tipo de tratamento, no município. Por ser filantrópica, no entanto, é difícil encontrar formas de custeio fora do SUS.
Em busca de apoio
Segundo o cirurgião bucomaxilofacial e coordenador do centro odontológico, Henrique Telles Ramos de Oliveira, há um caso de problemas labiopalatais a cada 900 nascimentos, em média. Cerca de 70% estão relacionados à desnutrição, consumo de drogas e infecções durante a gestação. Os demais decorrem de problemas genéticos. No estado, mais de dez mil pessoas têm má formação bucal.
Cocconi afirma que a mobilização da sociedade e o apoio das secretarias municipais de Saúde e câmaras de vereadores são fundamentais para sensibilizar o Vale do Taquari da importância em apoiar a FundeF.
A entidade tem 48 profissionais de diversas especialidades, entre elas cirurgiões, psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais. Eles atendem pessoas de 343 cidades. A cada 15 dias, a entidade recebe novos pacientes. Segundo o anuário da FundeF, em 2010, 154 começaram tratamentos.
Atendimentos reduzirão 50%
A partir de 2012, o corte de recursos do SUS tende a reduzir pela metade o número de atendimentos, caso a entidade não encontre alternativas de captação.
O centro de referência filantrópico incorporado ao HBB atende de forma gratuita pessoas com deformidades palatais e deficiências auditivas. Em média, realiza 45 cirurgias de correção palatal ao mês.
Cocconi informa que a redução de repasses afetou, em especial, os procedimentos de colocação de aparelhos ortodônticos. Com eles, a entidade viabilizava os demais procedimentos frente aos custos de estrutura, equipamentos e equipe profissional do HBB.
Desde 1999, a FundeF atende de forma gratuita exclusivamente por meio do SUS. Hoje, 2,1 mil pacientes estão em tratamento no setor de fissurados, enquanto na área de saúde auditiva são 1,6 mil atendidos. Antes, era necessário se deslocar a cidades como Brasília e Minas Gerais para acompanhamento desde o nascimento até o início da idade adulta.