A falta de chuva que seca lavouras, rios, arroios, vertentes e açudes também provoca o racionamento de água em várias cidades do estado, como em Dois Lajeados, no Vale do Taquari. Para evitar o problema, o fornecimento no município é interrompido por dez horas diárias (das 20h às 6h) no centro.
No total, 13 cidades da região dependem do abastecimento de água do caminhão-pipa da administração municipal para o consumo humano e o trato dos animais.
Em Venâncio Aires, 102 famílias precisam de auxílio. Conforme o secretário da Agricultura, Fernando Heisler, o baixo nível do Arroio Castelhano, que abastece a maior parte da cidade, começa a preocupar. Sem chuvas regulares nas próximas semanas, deve haver racionamento de água.
Em Forquetinha, o caminhão-pipa leva água potável para mais de 90 famílias das localidades de Araguari, Picada Schussler, Picada Jararaca, Picada Hunemaier, São Vitor e Bauereck. “A situação é alarmante. A vertente do poço que abastecia 12 moradores está secando”, comenta a agricultora Célia Eckhardt, de Picada Schussler. Os funcionários públicos Olirio Schuster e Fabrício Bolkenhagen transportam 40 mil litros por dia.
Em Canudos do Vale, a estiagem ameaça a produção de frangos e suínos. O secretário da Agricultura, Fabrício Ledur comenta que um trator-tanque abastece cerca de 20 agricultores nas comunidades de Cangerana, Baixo Canudos, Picada Girardi e Pinheirinho. “Nem mesmo quem tinha cisterna está conseguindo manter a produção.”
Aconselha os produtores sem reserva de água a interromperem os alojamentos para evitar maiores prejuízos. Ressalta que em 2010 foram construídas 26 cisternas com capacidade de armazenar 180 mil litros de água cada uma, como forma de amenizar o problema.
Para 2012 são projetadas a ampliação e construção de novas redes de água, além da perfuração de poços artesianos.
Perdas chegam a 40%
Conforme o engenheiro agrônomo da Emater Regional de Lajeado, Nilo Cortez, hoje será divulgado um novo levantamento das perdas nos 64 municípios atendidos pela entidade.
Cortez diz que as perdas chegam a 40% e se agravam a cada dia. Observa que há três semanas a região não registra chuvas com volumes mais expressivos. “Choveu apenas um terço do previsto para todo mês. O déficit hídrico chega a 60 milímetros nas lavouras.”
Comenta que a população da cidade e do interior terá que reaprender a lidar com a água. “Construir reservatórios e cisternas para armazenar quando tivermos em abundância e, assim, termos em épocas de seca.”
Os prejuízos chegam a R$ 75 milhões. Dinheiro que deixará de circular na economia da região. Haverá chuvas esparsas no sábado. Durante a semana o ar seco deve manter o tempo firme com predomínio do sol. A previsão é de temperaturas entre 16ºC a 28ºC.
Crédito para construção de açudes
Em parceria com o governo do estado, o Banrisul lançou uma linha de crédito especial a agricultores que aderirem ao Plano Estadual de Irrigação, para a construção de açudes.
As obras têm auxílio de 80% do governo do estado. O restante será pago pelos produtores. O financiamento é feito pelo Programa Mais Alimentos. O prazo de pagamento é de até dez anos, com carência de três. A taxa de juros chega a 1% ao ano para operações de até R$10 mil. Acima desse valor, os juros serão de 2%. O valor limite é R$130 mil.
“Estamos sem chuva há três meses”
O avicultor Erny Girardi, de Canudos do Vale, conta com o auxílio da administração municipal para abastecer os reservatórios do aviário que aloja 15 mil frangos. O consumo diário chega a três mil litros. “As vertentes estão quase secas. Quando terminar este lote, vou parar de alojar. Sem água não tem como produzir.”
Nas lavouras, os prejuízos aumentam a cada dia. A cultura mais atingida é a do milho, cujas perdas chegam a 100% em municípios como Cruzeiro do Sul e Putinga, que decretaram situação de emergência há duas semanas. No estado, mais nove cidades encaminharam solicitação de notificação preliminar de desastre à Defesa Civil estadual devido à seca.
O milho destruído mal pode ser aproveitado para fazer silagem. “As plantas nem formaram espiga pela falta de umidade. A queda no rendimento chega a 70%”, lamenta o agricultor Valmir Neinas, de Forquetinha.
Com as pastagens secas, a produção de leite também é afetada. A queda chega a 30%, uma redução de 300 mil litros/dia no Vale do Taquari. Se calculado o preço base, que é de R$ 0,65 o litro, o prejuízo aos produtores chega a R$ 195 mil.
Situação dos municípios
Cruzeiro do Sul – Caminhão-pipa abastece apenas o complexo da Cooperval, em Linha Primavera, periodicamente.
Poço das Antas – Secretaria da Agricultura trabalha na abertura de poços e açudes. Ainda não transporta água.
Teutônia – Está em situação de alerta.
Pouso Novo – Transporta 6 mil litros de água por dia para produtores de frangos e suínos das localidades de Picada Taquari, Alto Pouso Novo, Santo Antônio da Divisa, Barro Preto e Medorema. Ainda não falta água para o consumo humano.
Relvado – Transporta 25 mil litros de água por dia para abastecer as propriedades com produção de suínos, frangos e bovinos, em Linha Salvação, Cuias e Saudade. A maior preocupação é com a falta de pasto verde para o rebanho leiteiro, que chega a 5 mil animais.
Travesseiro – A administração municipal empresta o caminhão-tanque para os produtores fazerem o transporte de água.
Westfália – Transporta 5 mil litros de água para um produtor de suínos (200) e frangos (30 mil) na comunidade de Linha Schmidt Alta.
Arroio do Meio – Transportou na sexta-feira 9 mil litros para cerca de cem pessoas na comunidade de São Roque. O abastecimento era feito conforme a necessidade.
Bom Retiro do Sul – Uma vez por semana, 2,3 mil litros são transportados para 70 famílias na comunidade da Beira do Rio.
Boqueirão do Leão – Recebe uma média de 20 pedidos por dia para abertura de poços para abastecimento de água a animais. Destes, 15 são atendidos.
Forquetinha – O caminhão-pipa leva água potável para mais de 90 famílias das localidades de Araguari, Picada Schussler, Picada Jararaca, Picada Hunemaier, São Vitor e Bauereck. Falta água para o consumo humano e de animais.
Canudos do Vale – A Secretaria da Agricultura leva água para 20 famílias nas comunidades de Picada Girardi, Baixo Canudos, Cangerana e Pinheirinho. A água é destinada para o consumo humano e para o trato de animais.
Venâncio Aires – A Secretaria da Agricultura transporta água para o consumo humano e de animais. São atendidas 102 famílias no interior.