Falta de recursos ameaça instituição

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Falta de recursos ameaça instituição

O Centro Regional de Of­talmologia, em Encan­tado, está ameaçado a encerrar as atividades em 2012. Os valores repassados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) são insuficientes para re­alizar as cirurgias e manter os atendimentos necessários, que foram reduzidos pela metade neste ano.

Fundada em 1998, a institui­ção atende pelo SUS desde 2004. No início, seis profissionais reali­zavam, em média, 12,5 mil con­sultas e 360 cirurgias por ano. Hoje, há apenas dois médicos: um atende a cada 15 dias e ou­tro, duas vezes por semana. Em novembro, ocorreram apenas dez cirurgias e 580 consultas.

ofSegundo o diretor do Centro, Nédio Castoldi, os recursos repas­sados pelo governo estadual são os mesmos desde 2004. Com os aumentos de gastos e reajustes de salários, os serviços prestados se tornaram inviáveis e tiveram de ser reduzidos. “Estou pagando para operar”, lamenta o médico.

O SUS paga de R$ 7,55 a R$ 10 a cada consulta de especialista, até R$ 352 por cirurgia de catarata e R$ 1 mil de retina. O diretor infor­ma que seria necessário receber, no mínimo, um valor três vezes superior ao atual.

Ele alega não ter condições de man­ter o Centro por muito tempo sem que haja um aumento nos repasses. Para ele se trata de um problema po­lítico, longe de ser resolvido.

À espera por cirurgia

O Centro Oftalmológico atende 42 municípios da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde. A falta de recur­sos aglomera cirurgias. Hoje são quase duas mil pessoas na fila.

Entre as mais procuradas está a cirurgia de catarata, aguardada há dois anos pelo encantadense Artê­mio Pelegrini, 76. O aposentado tem dificuldades de enxergar com o olho esquerdo. Usa colírio de cinco a seis vezes ao dia.

Pelegrini pediu transferência para realizar o procedimento ci­rúrgico em Porto Alegre, mas não recebeu a autorização do SUS. Está preocupado com a possibilidade de a instituição encerrar as atividades. “Seria uma vergonha se fechasse. Muita gente morreria esperando atendimento”, desabafa.

Governo recusa auxílio

A instituição reivindica mais recursos do governo estadual desde 2009. Conforme Castoldi, a administração municipal an­terior negou aumentar o repasse ao SUS. Naquele período, já havia necessidade de reajuste.

O coordenador da 16ª Coorde­nadoria Regional, Leo Bolsi, diz que há 20 dias a comissão voltou a se reunir com o Departamento de Assistência Hospitalar e Am­bulatorial (DAHA), na Secretaria do estado, para buscar auxílio. A tentativa foi frustrada.

Segundo Bolsi, o principal pro­blema é a falta de médicos inte­ressados em trabalhar pelo valor oferecido pelo governo. “Não que­remos jamais que pare de funcio­nar, mas está difícil a situação.”

Até 15 de janeiro, a comissão responsável pelo caso conversa­rá com o secretário estadual de Saúde para expor a situação e encontrar soluções. Enquanto isso, a instituição reduz o núme­ro de atendimentos.

O presidente da Associação das Secretarias Municipais de Saúde e secretário de Encantado, Mari­no Deves revela que só Encantado contribui com recursos para a ma­nutenção do Centro Oftalmológico.

São direcionados de R$ 7 a R$ 8 mil todos os meses para o paga­mento de dois funcionários, todo material de expediente, de consu­mo e limpeza. As demais admi­nistrações municipais realizam os encaminhamentos e oferecem o transporte aos pacientes.

Falta um projeto convincente

O diretor do DAHA, setor res­ponsável pela liberação de ver­bas para o SUS, Marcos Antônio de Oliveira Lobato alega que a instituição conhecia desde 2004 os valores e os aceitou. Ele citou a perda de profissionais do Hos­pital Beneficente Santa Terezinha – Congregação Camiliana -, que cuida do setor financeiro do Cen­tro Oftalmológico.

Segundo Lobato, até o momen­to o hospital não apresentou um projeto convincente para o au­mento de verbas ao Centro. “Se o hospital for honesto e tiver transpa­rência para demonstrar o déficit, o SUS aumentará os recursos.”

O estado cumpre seu papel ao complementar o valor de recursos federais, somados aos municipais. Afirma que a intenção do gover­no não é economizar, mas gastar com o necessário. “Não daremos lucro para uma instituição sem fins lucrativos.” Disse que o estado in­veste em hospitais que são parcei­ros do SUS.

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