A região tem dez Centros de Remoção e Depósito (CRD) pertecentes ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Eles acumulam 1.838 veículos ou sucatas à espera dos leilões. Alguns estão deteriorados, aguardando interessados há mais de 20 anos.
Na lista estão sucatas, peças de veículos e até carros novos. Todos removidos por medidas administrativas: estacionar em local proibido; falta de equipamento obrigatório e sem licenciamento; ou por serem ferramenta de crimes como furto, roubo e acidentes.
Foram vendidos no estado, até a metade de novembro deste ano, 3,6 mil veículos para circulação e dez mil sucatas em 144 leilões. Em 2010, foram arrematados 18,4 mil veículos e sucatas em 168 leilões. Na região os CRDs realizam dois eventos por ano.
Avaliado em R$ 17 mil, um Astra verde, motor 2.0, ano 1999, foi recolhido por atraso no pagamento do Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA). Ele foi encaminhado a leilão porque o dono não apareceu para quitar os R$ 8.250 em dívidas.
Ele pode recuperar o carro até a batida do martelo, porém de regularizar multas, impostos vencidos e despesas de depósito. O veículo faz parte de um lote de 172 que serão leiloados em Lajeado nesta terça-feira, no depósito do Guincho Master, no bairro Centenário, às 9h.
O Astra verde chegou no dia 16 de junho. Tem quatro portas, ar-condicionado e travas elétricas. “Falta apenas a lavagem e o combustível para rodar”, constata o proprietário do depósito, Elias Ricardo Fontoura.
Depósitos lotados
No estado, 63,8 mil veículos se encontram nos 184 estabelecimentos estão autorizados a funcionar nos 163 municípios gaúchos. É quase o equivalente à frota dos dois maiores municípios da região, Lajeado e Estrela, que juntos somam 69 mil veículos registrados.
Do total de carros sob a guarda do estado, mais de 65% estão por débitos de impostos e multas. Os demais por acidentes com lesão e envolvimento com crimes. Em Lajeado, ingressam em média, por dia, dez veículos no depósito. Destes, 30% permanecem, lotando os depósitos.
Conforme o Detran, os veículos não são procurados pelos proprietários porque o valor dos encargos é alto e às vezes maior do que o valor de mercado do carro ou moto. Há casos de irregularidade na documentação e falta de equipamentos obrigatórios, impedendo o retorno às ruas.
Fontoura diz que há carros que não saem no leilão porque estão muito deteriorados. Segundo ele, existem carcaças de veículos há mais de 20 anos no pátio, quando seu pai administrava o local.
Ele espera que o Detran comece o quanto antes o processo de reciclagem. Nele, veículos não ficarão mais de dois anos nos centros autorizados, reduzindo a perspectiva de colapso do sistema por superlotação dos depósitos.
Tire suas dúvidas
Quais veículos vão para leilão?
São carros, motos, ônibus e caminhões dos mais variados anos de fabricação e estado de conservação. Não são oferecidos em leilão os veículos envolvidos em crimes, acidentes com lesões ou pendências judiciais.
Quais veículos vão para trituração?
Veículos que não têm condições de voltar a circular nas ruas. São os que estão há anos nos depósitos, gerando risco de proliferação de doenças devido ao abandono. A medida foi adotada na capital, nos próximos meses deverá expandir para municípios do interior.
Quando são considerados sucatas?
Veículos novos podem ser considerados sucatas se a dívida com o estado ultrapassar o seu valor.
Onde consultar o calendário do leilão?
No site do www.detran.rs.gov.br, clique no link Leilões e depois em Calendário.
Quem pode participar do leilão?
Pessoas físicas e jurídicas podem participar. Para arrematar o lote, o comprador deverá apresentar no ato RG, CPF e comprovante de residência, se pessoa física; contrato social ou cópia autenticada, CNPJ, RG e CPF do representante, se pessoa jurídica.
Como reaver um carro no depósito?
Para a retirada do veículo, é necessária a regularização do motivo de sua entrada em depósito e a quitação de débitos existentes (IPVA, multas, remoção e armazenagem em depósito).
Como um veículo entra no depósito?
Os veículos que vão para o depósito vinculado ao órgão estadual são apreendidos por medidas administrativas: estacionar em local proibido, falta de equipamento obrigatório e licenciamento, e conduzir embriagado; ou por serem ferramenta de crimes como furto, roubo e acidentes.
Custo e formas de remoções
Preços que o motorista e o estado pagam para remover e manter um veículo em um depósito. O infrator arca com custos administrativos e o governo do estado com os envolvidos em crimes
Veículos de porte médio: deslocamento
até 60 km R$ 82,24
Motocicletas e similares: deslocamento
até 60 km R$ 61,66
Veículos pesados Unitários: deslocamento
até 20 km (ida e volta) R$ 191,90
Veículos pesados: valor adicional por km, no deslocamento maior que 20 km (ida e volta) R$ 3,74
Veículos pesados: valor por hora cheia (completa), compreendido entre o momento da chegada do guincho ao local da remoção até sua
saída R$ 95,93
Objetos (agregados e partes) que permitam a identificação de veículos automotores de uso terrestre – valor por viagem (carga cheia) realizada, informada pela Polícia Civil. R$ 152,95
Veículo de porte médio com adicional de 50% – deslocamento até 60km R$ 123,36
Motocicletas e similares com adicional de 50% – deslocamento até 60km R$ 92,49
Veículos pesados combinados – deslocamento até 20km R$ 287,85
Leilões até o fim do ano
Nesta sexta e terça-feira serão realizados os últimos três leilões do ano. No dia 16 ocorrem dois. No de São Leopoldo, na rua Marisa Faller, nº 222 – Campestre, às 9h, serão oferecidos 58 veículos e 82 sucatas. Em Santa Cruz do Sul, na rua 28 de Setembro, nº 2141, às 14h, serão 38 veículos e 89 sucatas.
No dia 20, terça-feira, será o leilão de Lajeado, no Guincho Máster, a partir das 9h. Estão em oferta 43 veículos para circulação e 129 sucatas. Os valores variam de R$ 300 a R$ 8,2 mil.
Juntos os três leilões somam 439 ofertas e se todos os veículos forem arrematados, arrecadarão R$ 374 mil de lance inicial.
Arrecadação
O valor obtido nos leilões serve para pagar as dívidas do veículo (multas e licenciamentos vencidos, remoções e diárias de depósito) e reduzir o déficit do estado com a guarda desses bens.
Caso ultrapasse o lance inicial da dívida, o valor é repassado para o proprietário do veículo. O comprador paga ainda 6% a mais para as despesas do leiloeiro.