O lançamento do programa estadual de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Bovina ocorreu no dia 9, no Galpão Crioulo do Palácio do Piratini, em Porto Alegre. O projeto-piloto foi implantado em 2009 por iniciativa do Ministério Público em Arroio do Meio, Capitão, Coqueiro Baixo, Nova Bréscia, Pouso Novo e Travesseiro.
Na época 120 propriedades estavam certificadas em todo país. O secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa), Luiz Fernando Mainardi diz que a meta é concluir o saneamento de todas as regiões em oito anos. “É uma forma de valorizar o leite e a carne, abrindo portas de mercados mundiais.”
Segundo o secretário-adjunto da Seapa, Cláudio Fioreze, diferente do programa nacional, que prevê livre adesão, o modelo gaúcho será obrigatório. “Não temos como avançar sem incluir todos.”
O coordenador do projeto local, Oreno Ardemio Heineck acredita que até o fim de janeiro de 2012cerca de 1,5 mil das 2.723 propriedades rurais da comarca estarão com os certificados de zona livre da doença.
Observa que nesta terça-feira serão entregues 328 certificados a produtores de Travesseiro. “Com isso chegamos a 660 propriedades certificadas. Somos uma referência em sanidade para o Brasil.”
Heineck afirma que a certificação facilitará a venda dos produtos para outros estados e para o exterior. Comenta que não há futuro para a cadeia do leite sem saneamento. “Produtor que não tiver a propriedade certificada estará fora do processo em poucos anos.”
Cita que a conquista de mercados internacionais como da União Europeia apenas será possível quando se puder comprovar que o produto tem selo de qualidade, livre de doenças.
Com a implantação do programa, o leite produzido no Vale e no estado passa a deter status sanitário singular no cenário nacional e internacional. “Nos tornarmos um estado livre de brucelose e tuberculose é um avanço na saúde pública.”
Hoje, cada animal analisado passa por três testes, ganha um brinco para identificação e controle do processo.
Os produtores que tiverem animais infectados recebem R$ 1,5 mil de indenização, sendo R$ 500 do município e o restante do governo estadual e federal.
Travesseiro é destaque
Na terça-feira, às 14h, no ginásio da Picada Felipe Essig, serão entregues 328 certificados de propriedades livres de tuberculose e brucelose bovina.
Com isso o município passa a ter o maior percentual de áreas livres da doença em todo país. O número corresponde a 80% de toda área rural.
Conforme o engenheiro agrônomo André Rosembach, 410 famílias aderiram ao programa. Destas, 280 atuam na produção de leite que chegou a 6,2 milhões de litros em 2010. O setor gerou uma arrecadação de R$ 3,9 milhões. O rebanho chega a 5,2 mil vacas.
O agricultor Ruben Spohr fez questão de aderir ao programa. Cita que a sanidade garante novos mercados e melhores preços. “Todos deveriam ter esta consciência, pois esta doença afeta também as pessoas.”
Na propriedade de 14 hectares, a produção diária chega a 350 litros. São 27 animais em lactação.
Potencial do setor
No Vale, o leite é um dos três segmentos mais importantes do agronegócio, correspondendo a 12,5% da produção no estado. Dados do IBGE mostram que o rebanho leiteiro chega a cem mil vacas, que produziram, em 2007, cerca de 270 milhões de litros de leite. O imposto gerado chegou a R$ 6.763.600,03.
Hoje, 49% da renda das propriedades rurais do Vale são da indústria de laticínios. No estado, a produção por ano chega a 3,3 bilhões de litros por ano. A atividade representa 2,67% do Produto Interno Bruto (PIB).
O estado tem 121 mil produtores, dos quais 74% produzem menos de 200 litros diários. A produção gaúcha varia entre oito e nove milhões de litros diários. A capacidade de processamento instalada é de 18 milhões.
Hoje o estado tem a segunda maior bacia leiteira do país, perdendo apenas para Minas Gerais. A metade norte do estado concentra 78% da produção.