As faixas de segurança no centro continuam ignoradas. A administração municipal refez a pintura em dez locais na rua mais movimentada do município, a Júlio de Castilhos. As cores branca e amarela facilitam a visualização dos pontos seguros.
Em reportagem publicada em setembro de 2009, a maioria dos pedestres e motoristas foi flagrada desrespeitando a sinalização. Nesta semana, novo levantamento em dois pontos revelou que 55 pedestres atravessam a rua fora da faixa de segurança.
Os dados foram coletados em meia hora de observação, das 11h30min às 12h de segunda-feira, em dois pontos da Júlio de Castilhos. No primeiro, entre as ruas Saldanha Marinho e Pinheiro Machado, 38 pedestres cruzaram a via em 15 minutos. Desses, 14 utilizaram a faixa recém-pintada e o restante se arriscou entre os veículos.
Paulo Queiroz Duarte foi prudente. “Costumo usar a faixa, mas volta e meia é bom atalhar para não chegar atrasado.”
No trecho entre as ruas Alberto Torres e Santos Filho o problema se repete. No mesmo período de tempo, 43 pedestres cruzaram a via. Só 12 utilizaram a faixa de segurança. “É difícil mudar o costume dos pedestres, principalmente as pessoas mais velhas. E com a arrogância de alguns motoristas, até cruzar na faixa é perigoso”, diz um agente de trânsito.
Em tempo
– Em meia hora, 81 pedestres cruzaram a rua Júlio de Castilhos entre as ruas Pinheiro Machado e Santos Filho;
– Desses, 55 decidiram não utilizar as faixas de segurança recém-pintadas pela administração municipal;
– A maioria prefere cruzar a principal via da cidade próximo das esquinas transversais;
Problema maior em outras vias
Foram analisadas outras três vias do município. A Av. Benjamin Constant é a mais problemática. Do prédio do Corpo de Bombeiros até o Posto Faleiro são 21 faixas de pedestre. A maioria em péssimas condições de visualização. Os trechos próximos da rodoviária, do cemitério municipal e do supermercado Imec, são os mais perigosos.
Do Posto Faleiro até a rua Silva Jardim são mais 20 faixas, mais visíveis em relação ao outro trecho da avenida. No entanto, algumas estão pintadas em pontos perigosos, próximos a esquinas e sem a proteção de semáforos. Os locais mais críticos foram verificados em frente aos prédios da Unimed, do INSS e do GenesWork&Shopping.
Na Av. Senador Alberto Pasqualini há 23 faixas de pedestres entre o Posto Faleiro e a entrada da Univates. Alguns trechos receberam nova camada de asfalto e ainda aguardam pela pintura da sinalização. Os pontos mais perigosos estão entre as avenidas dos 15 e Acvat, e também em frente à Escola Érico Veríssimo e à Univates. Na rua Bento Rosa, são 21 pontos de segurança. Os mais críticos estão próximos do STR, Arla e Ceat.
De acordo com Finckler, as principais faixas dessas três vias citadas serão recuperadas até o fim do ano. Em frente às escolas será realizada a mesma pintura da rua Júlio de Castilhos. Os serviços devem começar nesta semana.
Existe respeito, mas insuficiente
Em ambos os trechos, as pessoas costumam cruzar com mais frequência nas esquinas. Alguns, no entanto, fazem a travessia a menos de dois metros do local de segurança. A maioria dos motoristas respeitou as faixas brancas e amarelas, mas quando já havia pedestre sobre ela.
Funcionário de uma empresa de tele-entregas, Emerson Dressler parou quando viu um homem passando a via. “Às vezes é ruim de parar, porque o motorista que vem atrás pode estar distraído e bater no meu carro.”
A maioria dos motociclistas não parou naquele intervalo de tempo. Muitos apenas desviaram. Após correr para cruzar a rua em um local sem sinalização, Giovana Arenhart, funcionária de uma loja de roupas no centro, reconhece que deveria utilizar a faixa, mas reclama da velocidade dos veículos.
Segundo o diretor de trânsito, Luis Felipe Finckler, diversas campanhas e mutirões com fiscais do departamento foram feitos para conscientizar pedestres e motoristas. “Esta conscientização deve partir também da comunidade. Mais do que orientar não podemos fazer.”
Apesar do Código de Trânsito prever punições para o pedestre que, por exemplo, cruza a rua quando o sinal está aberto para os carros ou atravessa fora da faixa de segurança, a lei nunca saiu do papel porque não foi regulamentada pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran).
De acordo com o código, cada infração prevê multa de R$ 26,60. O pedestre que tem carteira de habilitação poderia, inclusive, perder três pontos na carteira. Finckler desconhece qualquer caso. Para motoristas, desrespeitar a faixa de segurança gera multa de R$ 127.
Reportagem alertava perigos em 2009
Naquele ano foi constatada a falta de respeito de motoristas. Mais de 70 automóveis haviam sido autuados por desrespeitarem faixas de segurança até o mês de setembro. Na esquina da rua Júlio de Castilhos com a Santos Filho, por exemplo, de 1029 veículos, apenas 203 pararam para dar passagem.
Os pedestres também foram avaliados. E o resultado foi semelhante. Em 15 minutos, 32 pessoas cruzaram a principal via de Lajeado sem utilizar a sinalização. Entre as razões apontadas, a pressa para chegar ao trabalho.