O calor e a falta de chuva começam a prejudicar o desenvolvimento das culturas de verão. Lavouras, açudes e arroios estão secando. O nível dos rios também diminuiu.
Para quem sobrevive da produção de grãos, o cenário é desolador. Áreas inteiras serão comprometidas caso não chova de forma expressiva até o fim de semana. As altas temperaturas, que nesta semana chegaram a 36ºC, só pioram a situação e angustiam produtores.
A média de cinco milímetros de chuva registrada na tarde de ontem foi insuficiente para melhorar a situação hídrica das plantações.
Ednor Arend, 60, de Linha Perau, em Marques de Souza, está desolado. As perdas nas lavouras de milho, soja e hortifrutigranjeiros chegam a 70%. “Em 2010, colhi cinco sacos de feijão e neste ano, não chegará a um.”
Arend estima um prejuízo de R$ 10 mil, mesmo que chova nos próximos dias. A situação na propriedade de Lisote Hoppe, 30, de Picada Flor, é semelhante.
A baixa precipitação impede o desenvolvimento das pastagens de verão. A produção de leite registrou queda de 15% na última semana. “No próximo ano, vou implantar um sistema de irrigação para evitar perdas com a estiagem.”
A produção de verduras, melancias e milho, que ocupa oito hectares, também registra prejuízos. Uma vez por semana, ela precisa contar com a ajuda do trator da Secretaria da Agricultura para irrigar a lavoura.
O agricultor Irio Scherer diz que as altas temperaturas secaram o pasto e os animais na engorda têm dificuldade de achar alimento. Com isso, ele aumentou o gasto com a compra de ração e silagem.
O açude com 1,5 mil peixes começou a secar. Se não chover até o fim do mês, ele terá que retirar os animais para evitar maiores prejuízos.
Níveis de rios estão baixos
O técnico de operações da eclusa de Bom Retiro do Sul, Dorico de Brito informa que o nível do Rio Taquari acima da barragem está um metro e meio abaixo do normal. “Não é comum para esta época do ano. Deveria estar com 2,5 metros para não termos problemas com a navegação.”
Preços mais elevados nas prateleiras
O gerente regional da Emater/RS- Ascar, Derli Paulo Bonini comenta que o Vale do Taquari possui os níveis mais graves de estiagem no estado. A cultura mais afetada até o momento é a do milho, cujas perdas chegam a 20%. O plantio de outros grãos, como soja, está atrasado em três semanas.
Bonini observa que se a falta de chuva persistir, o consumidor sentirá o reflexo nas prateleiras dos supermercados. “É uma questão mercadológica. Com a produção menor, os preços aumentam.”
Temporal causa estragos
Na área da Certel Energia, o temporal da tarde de ontem resultou na interrupção no fornecimento de energia elétrica para parte dos municípios de Lajeado, Teutônia, Poço das Antas, Sério, Boqueirão do Leão, Capitão, Garibaldi, Coronel Pilar, Taquara e São Francisco de Paula (localidade de Cazuza Ferreira).
Segundo o supervisor de operações da Certel Energia, Emerson Palhano, as causas foram a queda de árvores sobre a rede elétrica, quebra de três postes (em Picada Scherer, Lajeado) e ventania. Em torno de seis mil consumidores foram prejudicados por essa interrupção.
Em Mato Leitão, o forte vento deixou a residência de Jurema Schmitz parcialmente destruída. Funcionários da Secretaria de Obras auxiliaram no conserto.
O temporal deixou 3,2 mil clientes sem abastecimento na região e resultou na queda de três postes no bairro Alto do Parque em Lajeado.
Sol e tempo seco
Segundo a auxiliar técnica do Centro de Informações Hidrometeorológicas da Univates de Lajeado, Roberta Kurek, hoje uma massa de ar seco e frio avança sobre o estado, proporcionando uma melhora do tempo. O sol predomina na maior parte dos municípios até sábado.
Há previsão de chuvas esparsas na próxima semana.