As ameaças do calor

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As ameaças do calor

De acordo com dados do Centro de In­formações Hidrometeorológicas da Univates, a temperatura máxima deste mês chegou a 36,1ºC, registrada na tarde de ontem. O sol forte pode aumentar a incidência de câncer de pele, tipo de tumor ma­ligno mais comum no país.

A previsão é que hoje o tempo permaneça firme e ensolarado na região. As temperaturas seguem elevadas e as máximas ficam em torno dos 36 ºC. Amanhã, uma frente fria de pouca intensidade avança pelo estado, mudando as condições do tem­po. O sol aparece e ao longo do dia poderão ocorrer pancadas de chuva, porém os volumes serão insig­nificantes. Na quinta-feira o tempo melhora.a

O engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Nilo Cortez ressalta que as chuvas esparsas das últimas semanas são insuficientes para ameni­zar a falta de umidade do solo. Ele observa que a previsão na metade do ano era que novembro estivesse aquém em relação às chuvas.

Cortez avalia que o início da semeadura, pre­visto para agosto, foi atrapalhado devido ao ex­cesso de água na lavoura. Ele enfatiza que entre as culturas mais atingidas estão a do milho, soja e feijão. O engenheiro diz que é necessário chover com urgência ou os prejuízos serão alar­mantes. O milho, por exemplo, está na fase em que ocorre a formação do pendão e enchimento de grãos, necessitando de grande quantidade de água. Ele ressalta que é cedo para avaliar os pre­juízos.

Exposição diária ao sol

O servente de pedreiro Enio Rodrigues, 51, trabalha das 7h às 18h na construção de um edi­fício, no centro de Lajeado. Todos os dias, antes do serviço, ele pas­sa fotoprotetor para se prevenir de doenças causadas pela expo­sição ao sol.

Outro hábito que adquiriu nos cinco anos em que atua na pro­fissão é ingerir bastante água durante o dia, para não ter de­sidratação. Seu colega, Vito Gre­górios, 44, dispensa a proteção. Ele diz que com os anos de tra­balho, se acostumou ao calor e o sol não é prejudicial.

O autônomo Valdir Pas Pereira trabalha há quase um ano como pintor e, na maioria das vezes, faz serviços em áreas externas. O contato com o sol é diário. São mais de dez horas por dia se pro­tegendo debaixo de um pequeno chapéu. Ele costuma usar prote­tor solar.

Pereira sabe do perigo causa­do pelos raios solares, mas se diz protegido. “Sabe como é, nós es­tamos acostumados já (sic).”

Cuidados com o sol

Especialistas alertam para a impor­tância de realizar trabalhos preventivos contra doenças causadas pela exposição solar. A previsão é de que 140 mil pessoas tenham câncer de pele. Nos últimos anos a incidência foi maior devido ao aumento das temperaturas entre novembro e mar­ço. Os agricultores estão entre as vítimas mais frequentes.

Conforme o dermatologista Sandro Gularte Duarte, é preciso aplicar o pro­tetor solar 30 minutos antes de sair ao sol, reaplicando a cada duas horas se permanecer exposto ou pelo menos de manhã e à tarde. O filtro permanece na pele no máximo por quatro horas. Ou­tra precaução é utilizar roupas longas que protejam dos raios solares.

Sem os cuidados necessários, as pessoas correm o risco de desenvolver câncer de pele, além de manchas, envelhecimento, alergias, queimaduras, insolação e baixa da imunidade. Na maioria das vezes o câncer ocorre com o passar do tempo, com mais frequência em idosos.

Duarte explica que os sintomas do câncer de pele geralmente são percebidos por lesões-feridas, que não cicatrizam e aumentam de tamanho com o tempo. Em casos mais graves, as pintas pretas, conhecidas como sinais de beleza, sofrem alterações, como bordas irregulares, cores variadas e diâmetro maior que 6 milíme­tros. Costuma aparecer nas partes do cor­po que ficam mais expostas ao sol, como o rosto, orelhas, mãos e braços.

Situação das lavouras

Milho – A safra apresenta cenários distintos em virtude das chuvas irre­gulares. Enquanto que no Noroeste e Norte o resultado é positivo, na Serra houve a suspensão total no avanço da semeadura devido aos baixos teores de umidade no solo.

Arroz – O plantio teve um bom avan­ço. Limitado devido à falta de umida­de em áreas das regiões Sul e Centro. Em algumas partes destas regiões, é necessário irrigar, o que prejudica a evolução normal das lavouras. Noites frias.

Pastagens – A irregularidade das chuvas provoca atrasos no plantio e crescimento das plantas. Em algumas regiões, não há condições para plan­tar, pois o solo está seco, impróprio para receber sementes.

Leite – A produção voltou a se es­tabilizar. No entanto se o baixo volu­me de chuvas persistir a quantidade e qualidade da alimentação do rebanho podem ser afetadas, prejudicando a produção de leite.

Soja – O plantio ocorre de forma irre­gular no estado. Na Serra e Sul, devido à pouca umidade no solo, a semeadu­ra foi interrompida. Em outras regiões os produtores aproveitam as chuvas parciais para intensificar o plantio.

Trigo – O tempo mais seco favorece a cultura, sobretudo para a colheita, que nesta semana, chegou a 90% da área. A qualidade e a sanidade dos grãos, que muitas vezes deixaram a desejar em anos anteriores, foram su­periores nesta safra.

Fonte Emater/RS-Ascar

Apreensão e perdas no campo

O produtor Nilceu Caye, 46, de Estre­la, trabalha com a engorda de gado. No total são 28 bovinos. Ele cultiva 1,5 hectare de milho e meio de cana de açúcar, que são destinados ao trato dos animais. Ressalta que a falta de chuva prejudicou o crescimento das plantas.

Para equilibrar a alimentação, ele compra silagem e ração. Em compa­ração ao mesmo período de 2010, seus gastos aumentaram 30%. Caye acredi­ta que é necessário chover 30 mililitros a cada 14 dias para compensar a plan­tação.

Guido Zwirtes, de Estrela, lembra que a estiagem começava em janeiro, poden­do estender o cultivo para preparar a si­lagem. Ele semeou o milho em agosto e devido à má formação das plantas ante­cipou a colheita, preocupado que o pasto secará.

Em Marques de Souza, Flávio Bruch, 43, possui 30 hectares de milho e co­menta que o prejuízo chegou a 10%. Se não chover logo, perderá até 50% da produção.

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