Passados sete meses do fechamento da Calçados Andreza, de Santa Clara do Sul, outra empresa do setor calçadista encerrará as atividades neste ano. Os 150 funcionários da La Pelle Couros trabalharão pela última vez em 6 de dezembro, quando a unidade de fabricação de couro será desativada.
A desvalorização do dólar é apontada como o principal problema. Segundo o diretor Ricardo Wagner, a La Pelle exporta, hoje, cerca de 10% a menos que há cinco anos e o número de fornecedores dobrou neste período.
O faturamento da empresa, estimado em R$ 25 milhões anuais, foi insuficiente para que ele e o outro sócio, Romano Scheibler, desistissem da ideia. “Tomamos esta decisão antes que não consigamos pagar todos os funcionários.”
Citou como exemplo a Majolo, de Arroio do Meio e Travesseiro, que fechou em 2010 e não honrou as dívidas trabalhistas. Ele acredita que outras empresas encerrarão as atividades em 2012.
“É um mercado decrescente. Não é um mercado bom para se trabalhar.” A La Pelle manterá, apenas, as atividades de exportação, terceirizando o serviço a outros curtumes.
Funcionários surpresos
A decisão surpreendeu os funcionários. Elvis Amaral, 24, trabalha há dois anos na La Pelle e lamenta o fechamento. “A gente tinha uma expectativa de crescimento dentro da empresa. Ela estava em um momento bom.”
Ele reconhece a dificuldade do mercado calçadista. Afirma não saber o que fazer depois da rescisão. Segundo Amaral, há apenas mais um curtume no município e acredita que não absorverá a demanda.
A falta de perspectiva também afeta Vanda Petry, 39, há quase dois anos como funcionária da La Pelle. “Tem que esperar passar o fim do ano para saber o que fazer.”
Sobra de vagas
O secretário da Fazenda, Roger Luiz Wagner lamenta o fechamento da empresa, mas se diz preocupado quanto às demissões. Conforme ele, o setor tem uma carência de 400 vagas no município e os funcionários deverão ser recontratados pelas empresas atuais.
Também aponta a desvalorização do dólar e a competição com os calçados chineses como fator para o fechamento de empresas. Wagner ressalta a busca pela diversificação da economia do município para evitar que crises afetem a microrregião germânica.
Ele cita as conversações com uma empresa para ocupar a área de 12 hectares, que hoje pertence à La Pelle. Por questões de competitividade com outros municípios, mantém as negociações em sigilo.