Férias, vestibular, viagens e qualidade do ensino dos 26,6 mil alunos podem ser prejudicados, se os professores aderirem à greve estadual do sindicato. Ela começou ontem de manhã na capital, mas poucos apoiaram a iniciativa.
Na região, a mobilização está em fase de negociações. A maioria dos professores das 90 escolas estaduais não quer aderir à greve.
Representantes do Centro de Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers) começaram na manhã de ontem as visitas nas escolas estaduais, as primeiras foram em Marques de Souza e Arroio do Meio. Até o fim do dia nenhuma paralisou as atividades, apenas professores isolados não compareceram nas escolas.
Conforme a presidente do Cpers, Luzia Hermann, os professores brigam por algumas reivindicações nesta greve, mas aqui a principal é contra a reforma do Ensino Médio.
Ela diz que o sindicato estava indeciso se faria a greve agora ou em março, no retorno das aulas. E a data foi escolhida para barrar o projeto, visto que o próximo ano letivo se inicia com a reforma.
Luzia diz que os professores e as direções não estão preparados para mudar a educação sem orientações do estado. “Os alunos enfrentarão uma escola em março que nem os professores saberão como agir. A educação será uma incógnita.” Ela quer que essa greve seja a mais forte em relação às últimas.
O estado fará um manifesto na quinta-feira à tarde, na praça da matriz, em Porto Alegre. Luzia planeja e espera que, pelo menos, um ônibus de professores por município do Vale participe da comitiva.
Em Marques de Souza, um grupo de alunos se preocupa com a paralisação estadual dos educadores. Na Escola Ana Néri, a reunião ocorre amanhã para definir se aderem à greve.
Uma das integrantes da comissão de formatura, Gabriela Degasperi acredita que os professores não paralisarão no município e diz que a data da formatura ainda segue a mesma, dia 17 de dezembro.
Estado diz que orienta escolas desde março
A coordenadora regional de Educação, Marisa Bastos diz que foram feitas diversas reuniões sobre a reforma do Ensino Médio. Segundo ela, o estado está atento às preocupações dos professores e direções sobre as dificuldades das mudanças.
Ela diz que nas conferências municipais, onde participam diretores, professores, alunos e pais, foi apontada a necessidade de melhorar o Ensino Médio com ações que aproximem mais o aluno do conteúdo.
Marisa conta que as mudanças atingem só o primeiro ano do Ensino Médio em 2012 e há um projeto para a formação do profissional até lá.
Possíveis consequências
– Os professores estaduais têm direito a 52 dias de férias depois do término de 200 dias letivos. A data prorroga.
– A situação dos terceiros anos será avaliada, mas poderá prejudicar a matrícula no vestibular;
– O ano letivo se encerra no dia 22 de dezembro, se for prorrogado, e estende as aulas até janeiro, prejudicando planejamentos de viagens e férias.
O que diz o Estado
– Diz que pagará o piso ao longo do mandato e que não há R$ 1,6 bilhão para pagar imediatamente o piso;
– Não pretende retirar a proposta do novo sistema de avaliação e afirma que a própria secretária de Educação será alvo de avaliação por parte da comunidade escolar no sistema previsto;
– Sobre a reforma diz que é uma das principais bandeiras da secretaria que quer reduzir os índices de repetência e abandono do Ensino Médio — de 40%. Considera que o modelo de ensino está “completamente falido” e nem prepara para o vestibular, nem garante profissionalização.
O que os professores querem?
– Pagamento imediato do piso nacional, de R$ 1.187 para 40 horas;
– Discordam do sistema de avaliação de ensino, que inclui critérios como condições de trabalho, frequência e abandono dos alunos. O Cpers diz que os professores não são responsáveis por dificuldades estruturais;
– Discordam das mudanças destinadas a aproximar o Ensino Médio do mercado de trabalho. Elas preveem, entre outras novidades, a inclusão de disciplinas diversificadas em áreas de interesse de cada escola e a realização de “estágios” dos alunos em ambientes profissionais. Eles dizem que não estão preparados para a nova metodologia.